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Doris Miranda
Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 04:00
É pedindo licença para pisar em solo sagrado. no coração da capital baiana, que o espetáculo Candomblé da Barroquinha estreia no Espaço Cultural da Barroquinha nesta sexta (24). Inédita, a montagem presta homenagem ao candomblé Ketu, a maior e mais popular nação do candomblé no Brasil.
Com direção de Thiago Romero e texto de Daniel Arcades, a temporada fica em cartaz até 9 de fevereiro. A trama traz à cena o cotidiano de Marcelina, uma jovem abian, e da comunidade à sua volta. Apesar de ficcional, a obra é fundamentada a partir da pesquisa realizada pelo diretor e dramaturgo, que propõe maior esclarecimento sobre o que se tem documentado como umas das histórias sobre a origem da religião de matriz africana deste lado do Atlântico.
“Nosso povo merece conhecer a história das mãos que fizeram este país. A arte tem como um de seus compromissos reinventar universos, heróis e heroínas para seus apreciadores e assim estamos fazendo. Por mais que nos faltem dados, não nos falta a memória do corpo, a memória das vozes esquecidas e os documentos não-oficiais. Estamos aqui para contar uma história pouco conhecida e muito necessária para nossa população”, destaca o diretor.
O texto apresenta ainda a história de três princesas africanas, Iyá Adetá, Iyá Kalá e Iyá Nassô, chegadas à Bahia na condição de escravizadas. Personagens celebradas pela oralidade, elas teriam fundado, no bairro da Barroquinha, o mais antigo templo de culto africano do país, tornando-se assim o símbolo de resistência, fora da África, dos reinos de Ketu e Oyó.
Juntas, criam uma das comunidades Jeje-Nagô mais importantes fora do território africano, reconstituindo na Bahia os locais sagrados destruídos pelo violento processo de colonização.
SERVIÇO - Espaço Cultural da Barroquinha, de sexta (24) a 9/2 | Ingressos: R$ 60 e R$ 30, à venda no Sympla.