Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Roberto Midlej
Publicado em 8 de março de 2025 às 08:48
Imagine que você está no Carnaval, em um dos pontos mais apertados da festa: a curva do edifício Oceania, ali no Farol da Barra. É a volta de Margareth Menezes à pipoca dos Mascarados e os fãs da cantora se reuniram em peso para o retorno dela. Tá aquele aperto e a muvuca só aumenta. Aí, quando você se dá conta, está com um pé descalço. Cadê o outro tênis?! Algum folião pisou em seu calcanhar e o calçado ficou pelo caminho. E agora?! Volta pra casa e abandona o bloco? Ou segue com só um pé calçado? >
Sim, a história é real e aconteceu há mais ou menos dez anos, com o ator Danilo Cairo. Quer saber como termina? Daqui a pouco, damos um spoiler. Esse “causo” é um daqueles que inspiram a peça Chame Gente - Um Carnaval em Cada Esquina, estrelada pelo próprio Danilo e por Leandro Santolli. A montagem estreou em janeiro deste ano e, devido ao sucesso, está de volta ao palco do Teatro Módulo, nos domingos de março, a partir do próximo dia 16, com ingressos já à venda no Sympla. Assinante Clube Correio tem desconto de 40% na inteira. >
Segundo Danilo, ele e o colega não vivem no palco personagens no sentido tradicional, mas interpretam duas “personas”, já que as histórias são baseadas nas experiências carnavalescas deles próprios. “Eu e Leandro compartilhamos com o público nossas histórias de Carnaval e todas elas são reais. Somos amigos já há alguns anos e pinçamos essas histórias aleatórias e hilárias que vivemos no Carnaval de Salvador”, diz o ator de 38 anos.>
O texto é dos autores, enquanto Paula Lice assume direção e dramaturgia. A ideia de montar o espetáculo com base nos carnavais dos amigos partiu da diretora. Leandro e Danilo já pensavam em fazer algo juntos e um dia convidaram a amiga para dirigi-los, embora ainda não soubessem sobre o que seria a montagem. Paula diz que sempre acompanhou os carnavais da dupla, especialmente nas redes sociais. Foi aí que ela sugeriu criar uma peça baseada nessas histórias. >
“Léo [Leandro Santolli] fazia umas crônicas ainda no Facebook e sempre as achei muito engraçadas. Depois, ele começou a fazer vídeos, que ficavam também muito engraçados. Quando me procuraram para dirigi-los, logo eu disse: ‘vai ser sobre o Carnaval de vocês’”, lembra Paula, que já dirigiu espetáculos como Miúda e o Guarda-Chuva e Para o Menino Bolha.>
Desnecessário dizer que Danilo e Leandro são absolutamente apaixonados pelo Carnaval. “Mas faço questão de pontuar que é especificamente pelo Carnaval de Salvador, onde tem trio elétrico, cantora de axé em cima do trio, muitas pessoas na rua… Esta festa é o lugar da liberdade!”, revela Leandro.>
Embora já se conhecessem, a amizade entre os dois atores surgiu numa pipoca do Baianasystem, no Furdunço, espécie de pré-Carnaval de Salvador. E não é só a relação dos dois que começou numa festa: a vida de Leandro também começou em plena Quarta de Cinzas, há 38 anos: “Minha mãe estava no [bloco] Internacionais, com nove meses de gravidez e a bolsa rompeu. Ela teve que sair correndo e foi parir! Nasci no meio da festa, então a paixão pelo Carnaval jamais daria errado”, diverte-se o ator.>
A peça se passa durante um Carnaval completo, da quinta-feira que dá início à festa até a Quarta de Cinzas, com histórias independentes entre si. Na trilha, estão diversos clássicos da festa. Além da canção-título da peça, o úblico vai ouvir O Canto da Cidade, Faraó e outros hits da folia.>
E sabe como terminou aquele Carnaval em que Danilo perdeu o tênis? “Logo depois do incidente, ‘do nada’, apareceu um homem aleatório, que nunca tinha visto. Me perguntou por que eu só tinha um pé do tênis e eu expliquei. Ele disse ‘peraí’. Deu uma voltinha e, de repente, ‘brotou’ do chão com um outro tênis, que correspondia ao meu tamanho. Me apoiei em duas pessoas, calcei e segui em frente. Assim, nasceu a Cinderela Baiana”, ri Danilo.>
Serviço>
Chame Gente - Um Carnaval em Cada Esquina. Teatro Módulo (Av. Magalhães Neto). Dias 16, 23 e 30 de março. Ingressos à venda no Sympla. R$ 60 | R$ 30. Para assinantes Clube CORREIO: R$ 36>
Selton Mello abre o jogo em biografia>
Revelado precocemente, Selton Mello tem hoje 53 anos de idade e já está celebrando 40 anos de carreira. Ator, dublador e diretor, Selton se firmou como um dos artistas mais atuantes do país e está no elenco de Ainda Estou Aqui, que deu ao Brasil o Oscar de melhor filme internacional. Para celebrar as quatro décadas na arte, o astro lançou a biografia Eu Me Lembro (Jambô Editora/ 344 págs/ R$ 80). O texto de Selton é uma resposta a uma série de perguntas feitas por um time de 40 estrelas da TV, teatro, cinema e literatura. Fernanda Montenegro, Matheus Nachtergaele, Fernanda Torres, o diretor Guel Arraes, e Lázaro Ramos são alguns dos nomes que o biografado convidou para que lhe fizessem as perguntas. No livro, claro, o ator celebra a parceria com Nachtergaele, com quem estrelou O Auto da Compadecida 1 e 2. “Matheus, cara, foi um encontro sobrenatural. Parecia que a gente se conhecia de outras vidas. Como somos complementares, funcionamos muito bem como uma dupla. O filme é todo sobre uma dupla. Já imaginou se não funcionasse? Não teve nenhuma leitura preliminar. Não teve testes para ver se a dupla era aquela! Não teve teste! Mágica pura”, escreve. As perguntas dos convidados permitem que Selton entre em assuntos mais íntimos, de que ele não costuma falar publicamente. Um exemplo são as passagens sobre a relação do ator com a mãe, Selva, acometida pelo Alzheimer e que faleceu em 2024.>