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Luiza Gonçalves
Publicado em 21 de fevereiro de 2025 às 10:27
Um axé sinfônico para celebrar a união entre o clássico e o popular, unindo potências da música baiana e homenageando os 40 anos da axé music e os 75 anos do trio elétrico. Em mais uma iniciativa de sucesso – atestada pelo esgotamento dos ingressos no primeiro dia de vendas – a Orquestra Sinfônica da Bahia retorna à Concha Acústica do Teatro Castro Alves com o Baile Concerto da Osba, espetáculo especial de carnaval realizado desde 2018, amanhã (22), a partir das 19h. O evento terá transmissão ao vivo pelo canal da Osba no YouTube (@OrquestraSinfonicadaBahia). >
“O Baile Concerto se tornou um fenômeno porque celebra a identidade baiana de um jeito único, misturando a grandiosidade da música sinfônica com a energia do carnaval. O público se reconhece nesse formato, porque ele quebra barreiras entre o erudito e o popular, fazendo com que a Osba seja cada vez mais parte do dia a dia das pessoas. Além disso, a proposta de dançar ao som de uma orquestra é irresistível”, garante Carlos Prazeres, responsável pela regência e direção musical do espetáculo.>
Prazeres explica que, ao se analisar atentamente, a influência da música clássica sempre esteve presente no movimento musical que completa 40 anos neste carnaval. “Primeiro, nos arranjos sofisticados de muitas músicas da axé music, que trazem harmonias e construções melódicas bem elaboradas. Depois, na instrumentação: o próprio trio elétrico tem uma concepção orquestral, com sopros que se destacam, criando camadas sonoras riquíssimas. Sem falar na própria ideia de fanfarras e cortejos, que remetem à tradição da música clássica”, pontua. É uma relação de troca mútua, uma vez que a cena da música clássica soteropolitana também partilha laços, musicistas e tem muito a ganhar com a aproximação dos sons populares da cidade, como a axé music:>
“Vejo como algo natural e necessário. Salvador tem uma das cenas musicais mais vibrantes do mundo, e a Osba precisa estar conectada a isso. Não faz sentido ficarmos isolados num pedestal, quando a cidade pulsa música em cada esquina. Essa fusão mostra que a música sinfônica não é um mundo à parte, mas algo vivo, que pode conversar com qualquer gênero sem perder sua essência. Como sempre digo, a orquestra deve ser a extensão de sua sociedade e não um ente civilizador”, defende.>
Emocionante>
Nesta sétima edição do Baile Concerto, a orquestra apresentará clássicos dos carnavais baianos e promete uma viagem pela linha do tempo da axé music. Para compor esse percurso, juntamente com o maestro Carlos Prazeres, está o compositor e ex-integrante da banda Jammil, Manno Góes, que assume a direção artística do espetáculo.>
“Estou muito feliz, muito orgulhoso de estar participando da direção artística desse Baile Concerto. É uma homenagem que a Osba faz a todos nós, baianos, que nascemos cercados dessas informações tão transformadoras que vêm desde lá de trás, com a iniciativa de Dodô e Osmar, que mudou completamente a dinâmica do carnaval da Bahia. Nós queremos contar essa saga pop nas músicas, de forma alegre, passeando por vários momentos da nossa música”, explica Manno.>
Um elemento-chave para essa condução, segundo Góes, era a participação de artistas que tivessem profundas raízes com essa história. Para isso, foram convidados ao palco da Concha a Banda Mel, Armandinho Macêdo, Gerônimo Santana e Margareth Menezes. Também estaria presente Luiz Caldas, que seria um dos grandes homenageados da noite, mas não pôde participar por conta de sua agenda.>
A preparação do espetáculo e a adaptação dos clássicos para a roupagem sinfônica foram feitas com muito cuidado e equilíbrio nos detalhes, revela Prazeres: “Foi um desafio enorme, mas muito divertido. O grande segredo foi traduzir essa percussividade, esse suingue, para os instrumentos de orquestra. Trabalhamos com arranjos que valorizam os metais e os naipes de cordas como elementos rítmicos, além de explorar ao máximo a percussão sinfônica. No fim, conseguimos um resultado que respeita a essência do axé, mas traz uma nova perspectiva sonora”.>
Um resultado mais que satisfatório, defende Góes: “Posso garantir que é emocionante. Ver como as músicas se tornam grandiosas, como se torna ainda mais perceptível a beleza e o encantamento que elas têm em suas raízes e que vão ser conduzidas à plateia de uma forma nova, atraente, sedutora e grandiosa. Eu estou encantado, de fato”.>
*Com orientação da editora Doris Miranda>