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Os veteranos do axé continuam brilhando

Luiz Caldas, Daniela Mercury, Durval, Bell e outros artistas experientes seguem arrastando foliões na avenida. Alguns chegam a pagar R$ 2 mil por apenas um dia de festa

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 5 de março de 2025 às 05:00

Carlinhos Brown
Carlinhos Brown Crédito: Marina Silva/Correio

Eles começaram a carreira no início do axé, há 40 anos. Têm clássicos que ainda hoje arrastam o público na avenida. A maioria já passou das seis décadas de vida, mas continua encarando sete ou oito horas de festa por dia. E alguns são capazes de fazer o folião gastar uma pequena fortuna para vê-los. Mas, afinal, que magia veteranos como Carlinhos Brown, Bell Marques, Durval Lelys e Daniela Mercury ainda têm?

Bell, aos 72 anos, tem uma capacidade impressionante de atrair um séquito que forma algo que se aproxima de uma seita, tamanha a devoção ao artista, outrora vocalista do Chiclete com Banana. As tatuagens com a pata do Camaleão - símbolo do principal bloco que ele puxa - já se tornaram um clichê entre seus fãs. Basta ir na pipoca dele e olhar em sua volta, que logo vai encontrar alguns fanáticos ostentando o desenho em seu corpo.

O técnico em radiologia Jean Carlos Dantas, de 40 anos, não tem tatuagem que faça referência ao ídolo, mas reconhece sua paixão pelo cantor. “É uma coisa que vem de família, desde meu pai, que escutava Chiclete em casa. Era a nossa referência de música”, lembra Jean, que saiu no Vumbora, no sábado, no circuito Dodô (Barra/Ondina). Para se ter ideia do amor pelo artista, o fã é taxativo: “Quando Bell se aposentar, o Carnaval pra mim acaba”.

E para Jean, não tem esse negócio de música preferida: “Pra mim, pode ser qualquer uma, desde que seja ele cantando”. O folião reconhece que a paixão por Bell tem um custo nada baixo: por um dia no Vumbora, Jean pagou R$ 1,1 mil. Ou seja: R$ 200 por hora, já que o desfile leva em torno de cinco horas.

Armandinho
Armandinho Crédito: Arisson Marinho/Correio

“Na vida, a gente vive para trabalhar, ganhar dinheiro e ter experiências. Então, este é um presente que me dou. É que, além da música, tem um encontro de amigos no bloco”. Mas até para um fã, existe um limite: Jean não vai no Camaleão, porque já ultrapassa seu teto de gastos. Lá, a fantasia não sai por menos de R$ 1,8 mil. Por dia!

E o que impressiona é que Bell, aos 72 anos, continua cumprindo uma agenda que deixaria cansado qualquer artista 40 anos mais novo: são nada menos que seis dias de festa que ele comanda, incluindo Vumbora, Camaleão e camarote Villa. Na segunda-feira, depois de seis horas no Circuito, ele correu para fazer uma apresentação no camarote.

Daniela

Quem também consegue se manter firme depois de mais de 30 anos em carreira solo é Daniela Mercury, 59 anos. A cantora que estourou nacionalmente em 1992 soube se renovar e continua tendo um dos blocos mais animados da Avenida, o Crocodilo.

O paraense Eduardo Pantoja, 45 anos, sai de Belém para Salvador há dez anos para acompanhar a cantora no seu bloco. Quando o repórter lhe pergunta a razão de tamanha paixão pela cantora, Eduardo não precisa dizer muito: basta apontar para o braço e mostrar que fica literalmente arrepiado ao ouvir Daniela.

O repórter que assina este texto deu uma breve entrada nas cordas e também se contagiou pela energia, especialmente quando ela canta Maimbê Dandá, de autoria de Carlinhos Brown e Mateus Aleluia. Lançada há 21 anos, a música, com seu poderoso refrão, faz todo mundo pular.

Brown, aos 62 anos, é outro que parece ter a energia de um menino. Ele puxou o bloco da Timbalada, o Camarote Andante e vai marcar presença no Arrastão desta quarta-feira. Na segunda-feira, no Campo Grande, o cantor voltou a falar sobre a ligação da folia com as religiões. “Esse é um movimento de todos nós, é um movimento da coletividade. Nesses 40 anos de Axé Music, o que eu posso afirmar para o mundo é que o axé nasceu para romper uma barreira de pensamento europeia que diz que o Carnaval é pela carne”.

Luiz Caldas
Luiz Caldas Crédito: Jefferson Machado/GOVBA

Brown é autor de alguns dos maiores clássicos destes 40 anos de axé e que foram ouvidos à exaustão neste Carnaval: além do já citado Maimbê Dandá, são dele Selva Branca (aquela do “moranguinho no copinho”) e inúmeros hits da Timbalada, que continuam com o poder de animar os foliões. Quem consegue ficar parado ao ouvir Água Mineral, Margarida Perfumada ou Toneladas de Desejo?

A velha guarda do axé tem ainda Armandinho, Dodô e Osmar, que segue levando uma pipoca numerosa, mesmo sem emplacar músicas recentes. O repertório não tem muitas novidades e é este justamente o charme desse trio: apresentar canções que já tem 30 ou 40 anos, às vezes, com mais frescor que outras lançadas por outros artistas há dois ou três carnavais.

Durval Lelys, como acontecia desde os tempos do Asa de Águia, arrastou muitos foliões turistas no Me Abraça, especialmente paulistas e mineiros. E eles não pareciam estar cansados de ouvir Quebra Aê ou Não Tem Lua, lançada há mais de 30 anos.

E, claro, nada disso existiria se não fosse o pai do axé, Luiz Caldas, autor, junto com Paulinho Camafeu, de Fricote, que abriu as portas para o axé. Pouco conhecido pelas novas gerações, Luiz voltou a ganhar destaque neste Carnaval e marcou presença no circuito Dodô e matou as saudades dos foliões.

O projeto Correio Folia é uma realização do jornal Correio com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador