O paulista Will Santt, de 21 anos, é apontado como renovador do gênero popularizado por João Gilberto

Músico lançou neste mês o álbum 'Will Santt - Ao vivo no Blue Note SP', onde executa canções autorais e uma versão de Rosa Morena, de Caymmi

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  • Luiza Gonçalves

Publicado em 24 de junho de 2024 às 09:09

O paulista Will Santt, de 21 anos, é apontado como renovador do gênero popularizado por João Gilberto
O paulista Will Santt, de 21 anos, é apontado como renovador do gênero popularizado por João Gilberto Crédito: Divulgação

Aos 21 anos, o paulista Will Santt começa a ser apontado como um herdeiro da bossa nova e tem alcançado popularidade nas redes sociais: no Instagram, tem 245 mil seguidores, um número bastante expressivo para um gênero que não anda em evidência.

O cantor começou a se interessar por música na infância, durante as idas à igreja com seus pais e o irmão. "Eu sempre me identifiquei muito com coisas antigas, talvez uma tendência a gostar de coisas mais velhas", diz. Foi nesse ambiente que ele teve o primeiro contato com a música, na bateria, migrando na pré-adolescência para o aprendizado autodidata do violão.

"O interesse pela bossa nova surgiu quando me deparei pela primeira vez com Águas de Março [Tom Jobim] Foi a primeira vez que eu escutei o gênero. Decidi aprender a canção, e ela me abriu portas para explorar outros estilos dentro do segmento e também fora", relembra.

Will experimentou música clássica, sertaneja, gospel, indie, mas afirma ter se encontrado nos acordes suaves de Vinicius de Moraes, Toquinho, Tom Jobim e João Gilberto, uma de suas maiores influências. "Mergulhei no estilo e estou aqui até hoje", declara.

Apesar de inicialmente sentir timidez para se apresentar, usando as redes sociais como plataforma, ele começou a ganhar confiança. "Foi postando as coisas, que eu fui tendo mais abertura para fazer o que eu gostava, que é cantar", explica. Em paralelo, ele iniciou as primeiras viagens de show e se apresentou em bares, na Avenida Paulista e no Parque Augusta, em São Paulo. Porém, foram as redes sociais que o fizeram viralizar com interpretações de canções da Bossa e da MPB, como Izaura, Desafinado, Você é Linda e Açaí.

Will destaca dois acontecimentos dos últimos anos que foram fundamentais para o seu desenvolvimento enquanto artista e para, de fato, se lançar profissionalmente no mercado. O primeiro deles foi sua turnê na Europa, em fevereiro de 2023, organizada de maneira independente mediante convite de amigos músicos, e que o surpreendeu pelo sucesso nas apresentações: "Foi muito legal. Porque eu nunca imaginei que eu pudesse ter sido reconhecido lá. Todos os lugares que eu toquei lotaram. Sendo bem sincero, eu não esperava. Eu sabia que eu era bom e que hoje eu sei que eu sou excelente, mas a princípio você tem essa insegurança de tocar na Europa pela primeira vez", afirma.

O segundo fator importante para o seu amadurecimento como artista foi ter gravado seu primeiro álbum de estúdio, intitulado Meu Caminho, a convite de do produtor João Marcello Bôscoli - filho de Elis Regina e Ronaldo Bôscoli. O álbum foi lançado em 2023 e reúne composições autorais de Will Santt. "Eu tinha muitas composições, mas nunca tinha selecionado elas para um álbum. Então, o João é uma peça importante na minha virada, sou muito grato a ele".

Do álbum Meu Caminho e de uma segunda turnê na Europa, surge mais um álbum: Will Santt - Ao vivo no Blue Note SP, lançado neste mês, onde executa canções do primeiro álbum e uma versão de Rosa Morena, clássico de Dorival Caymmi.

Neste ano, o músico se prepara para iniciar as gravações de um novo álbum de estúdio que mescla canções autorais e outras gravadas por João Gilberto, como o clássico O Pato (Jayme Silva e Neuza Teixeira), que deve abrir o disco.

Apesar de pretender seguir cantando Bossa, Will não exclui a possibilidade de fazer parcerias com músicos de outros gêneros e revela ainda um projeto para 2025, que pretende expor suas composições pelos estilos da MPB como forró, xote, baião, afoxé e samba. "Vão ser 22 canções, comemorando meu aniversário de 22 anos. Esse disco vai vir para que as pessoas conheçam minhas diferentes fases e referências na composição", pontua.

"A minha missão enquanto músico é levar a bossa nova para que os jovens conheçam, para que as pessoas que não têm acesso a esse gênero conheçam a partir de mim, a partir da minha voz, com um toque contemporâneo. É isso que pretendo e estou fazendo", afirma o cantor.