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"Não me vejo como transgressora. Meu trabalho é comportado", diz Laerte, que tem exposição em Salvador

Trabalho da cartunista é tema de mostra que chega ao Museu de Arte Contemporânea

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 03:00

À esquerda, uma tira que estará na exposição; à direita, Laerte
À esquerda, uma tira que estará na exposição; à direita, Laerte Crédito: 1) reprodução; 2) acervo pessoal

Para gerações mais recentes, a cartunista Laerte Coutinho ganhou notoriedade quando assumiu ser transgênero, o que rendeu o documentário Laerte-se (Netflix). Mas o pesquisador de quadrinhos Nobu Chinen faz questão de ressaltar que a história de Laerte começou muito antes: “Laerte é uma das maiores autoras de quadrinhos do Brasil e está comemorando 50 anos de carreira. Ela tem sido mais reconhecida por defender a bandeira da transexualidade, o que é muito significativo, mas que tem ofuscado uma obra de alta qualidade, uma carreira que passou por várias fases e transitou por diferentes formas e estilos”.

Disposto a dar a obra da cartunista o destaque merecido, Nobu tornou-se curador da exposição Trans Laerte, aberta até fevereiro no Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC), na Graça. Antes, havia passado por Brasília e Curitiba. A mostra abrange as mais diversas fases da artista paulistana, desde o início em 1974 até a produção atual. Para Nobu, merece destaque o trabalho dos anos 1980, quando a editora Circo lançou revistas como Chiclete com Banana, Geraldão e Circo.

Tira baseada na Santa Ceia
Tira baseada na Santa Ceia Crédito: reprodução

“Laerte colaborou com todas elas com histórias mais longas de cinco, seis páginas e pôde desenvolver narrativas mais elaboradas que não se restringiam ao espaço de uma tira. Nessa época, criou verdadeiras obras-primas como A Noite dos Palhaços Mudos, Piratas do Tietê e A Insustentável Leveza do Ser”, observa Nobu. Os Piratas fizeram tanto sucesso que ganharam uma revista exclusiva na época.

Transgressão

Segundo o texto sobre a exposição, três facetas da artista se destacam na exposição: “TRANSformadora, TRANSgressora e TRANSmidiática”. Laerte, no entanto, não se considera transgressora: “Sou mais modesta em relação à minha autoavaliação e não me vejo como transgressora. Meu trabalho é comportado, considerando o que posso fazer em quadrinhos”, diz a cartunista.

Para ela, nem mesmo o fato de ter se assumido trans quando já tinha em torno de 60 anos pode ser considerado um ato transgressor: “Tanta gente já tinha feito isso! Acabei tomando esse rumo me espelhando na experiência de outras pessoas. Não inventei nada”.

Nesses 50 anos de carreira, Laerte considera que a grande mudança em seu trabalho aconteceu há cerca de 20 anos, quando decidiu parar de usar personagens em sua obra. “Parei de fazer roteiros de humor clássicos e fui atrás de uma liberdade criativa que eu tinha aos 20 anos de idade. Foi o movimento de renovação mais evidente”, observa.

Um dos ambientes da exposição
Um dos ambientes da exposição Crédito: divulgação

A cartunista diz que a decisão de abandonar personagens vinha amadurecendo e uma entrevista que ela leu de Chico Buarque foi importante para consolidar o processo: “Ele falava da evolução das artes e dizia que a canção [como gênero musical] devia estar aberta a mudanças no século XXI. Pensei: se a canção pode ser submetida a isso, o humor também pode!”.

Exposição Trans Laerte | Museu de Arte Contemporânea da Bahia - MAC (Rua da Graça). Visitação: até 23 de fevereiro de 2025. Grátis