Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 3 de março de 2025 às 00:38
A brasileira Fernanda Torres perdeu o prêmio de Melhor Atriz no Oscar, neste domingo, para a americana Mikey Madison, que acabou sendo consagrada por seu papel no filme "Anora", desbancando também Demi Moore, apontada como favorita por "A Substância". Fernanda, primeira brasileira em 25 anos a chegar na disputa, concorria pelo papel de Eunice Paiva em "Ainda Estou Aqui". >
Aos 25 anos, Mikey era a atriz mais nova na categoria esse ano - ainda foram indicadas Cynthia Erivo, por "Wicked", e Karla Sofia Gascon, por "Emilia Perez". Em "Anora", ela interpreta uma stripper de Nova York que se envolve o com o filho de um oligarca russo e passa a viver um “conto de fadas às avessas”, em um longa que ironiza o "sonho americano". Esse foi o primeiro filme protagonizado pela jovem atriz e ela surpreendeu já garantindo com ele um Oscar, fortalecendo seu nome como uma estrela em ascensão. >
Carreira>
Madison, natural de Los Angeles, começou sua carreira artística aos 14 anos, mas também se dedicou ao hipismo durante a adolescência. A família da atriz tem uma longa tradição no esporte e ela sonhava em se tornar amazona. No entanto, conciliar as duas atividades foi impossível, e Madison optou pela atuação.>
Seu primeiro papel de destaque foi na série "Better Things", da FX, na qual interpretou Max, uma adolescente irreverente e cheia de personalidade, entre 2016 e 2022. Sua performance foi muito elogiada pela crítica, o que lhe garantiu o papel de Sadie em "Era uma Vez em... Hollywood" (2019), de Quentin Tarantino. Mais tarde, em 2022, ela atuou como Amber em "Pânico 5". Sua crescente notoriedade chamou a atenção do diretor Sean Baker, que a convidou para "Anora". “Eu disse ‘sim’ antes mesmo de ler o roteiro”, revelou à The Cut, explicando que já confiava no trabalho de Baker.>
Embora seus papéis na tela sejam frequentemente de personagens ousadas e com um senso de humor afiado, na vida real, Madison é mais reservada e introvertida. Baker comentou sobre esse contraste, dizendo: “Ao vivo, ela era reservada, quieta, quase tímida. Isso me deu confiança de estar fazendo a escolha certa.”>
Para Madison, interpretar papéis extremos é uma forma de explorar diferentes realidades e vidas. "Se eu interpretar esses personagens, vou poder experimentar vidas diferentes e viver através deles. E não precisa ser eu, sabe? Há uma rede de segurança", afirmou em entrevista à GQ.>
"Anora" traz uma temática de trabalho sexual, que é uma constante na filmografia de Sean Baker. No filme, a personagem de Madison, Ani, se vê envolvida em uma nova realidade quando recebe uma proposta de Ivan, filho de um oligarca russo. A atriz teve que se preparar intensamente para o papel, o que incluiu leitura, pesquisas sobre a comunidade envolvida e até aulas de russo para aprimorar a interpretação.>
“Foi importante para mim pesquisar o máximo possível. Queria entender a comunidade de uma forma profunda, para poder retratar a vida de Ani da forma mais realista possível", disse a atriz.>
Madison também falou sobre o respeito pelo trabalho sexual, uma postura que procurou transmitir no filme e nas entrevistas sobre o projeto. Ao receber o Bafta de Melhor Atriz, ela fez questão de dedicar a vitória à comunidade de trabalhadoras sexuais, afirmando que “merecem ser respeitadas e tratadas com decência”.>