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Roberto Midlej
Publicado em 2 de maio de 2024 às 11:17
A humorista e atriz Nany People tem 58 anos e está casada há 50. No entanto, o casamento, ela ressalta, é com o palco e a vida artística. Mas ela já foi casada com um homem por seis anos, até 2006. “Eu era o tipo que levava o cafezinho do marido e, quando já estava pronta para sair para fazer show, ele pedia um sanduíche. E eu ia fazer. Era bem ‘ameliazinha’. Até que joguei tudo pro alto! Uma amiga me disse que ele fazia aquilo tudo por deboche, para provocar”, lembra a comediante.
Os irmãos dela também haviam se separado na mesma época que ela. Nany então, começou a refletir sobre as questões que envolvem a relação a dois e decidiu encomendar a Bruno Motta um texto para um monólogo sobre o tema. Foi daí que surgiu o texto do monólogo Como Salvar um Casamento, que ela apresenta em Salvador, no Teatro Sesc Casa do Comércio neste domingo, 5, 20h.
Mas, como já se passaram 17 anos da primeira montagem, o roteiro passou por um ‘upgrade’ e ganhou elementos mais modernos. “De lá para cá, houve mais liberdade e muitas conquistas merecidas que tivemos. Nossa bandeira se abriu para LGBTQIAPN+ e se pulverizou a nomenclatura”. É natural, então, que o texto não seja apenas sobre a relação entre homem e mulher, mas qualquer relacionamento entre duas pessoas. “Ou até três”, ressalta. “Tiramos esse discurso heteronormativo e abrimos para a ‘panconversação’”.
O embate masculino x feminino, no entanto, ainda está presente:
Nany People
que interpreta uma coach no monólogo e dá dicas sobre a relação a doisO texto passa por várias fases do relacionamento: quando o casal se conhece; a primeira vez na cama e as ‘saias justas’ desse momento; o que fazer quando a atual encontra a ex dele e até o que fazer quando um quer ver futebol na TV enquanto o outro quer assistir ao jornal. “Tem umas coisas nessa atualização do texto que não tinha antes. Na versão atual, falamos ‘banheiros separados, casamentos prolongados’. A gente tem o direito de um casamento em que cada um viva em seu teto. E não pode ser aquela coisa do ‘só vou se você for’ ou ‘se eu não for, você também não vai’”. E o público, claro, é convocado para participar da peça, como numa palestra. “É mesmo uma palestra. As pessoas ficam com vergonha, tímidas. Acham que vou zoar, sacanear… e vou mesmo! Quero pegar alguém em cheio!”, brinca Nany.
E, se você vai ao teatro e é mesmo fã de Nany, leve uma graninha extra: vai estar à venda por lá o leque que é a assinatura da artista. “É igual ao meu: faz ‘vrá’ e tudo!”. A brincadeira com o leque surgiu quando ela tinha 17 anos e ainda morava em Poços de Caldas, no interior de Minas Gerais. A inspiração para usar o acessório veio enquanto ela lia uma biografia da italiana Lucrezia Borgia, uma nobre italiana.
“Eu vi que naquela época os leques ‘falavam’muito. Então, aos 17 anos, me ‘montei’ [vestiu-se como uma drag queen] e, como não tinha dinheiro pra comprar um leque, peguei um pedaço de isopor e montei um. Pus um monte de glitter e umas pastilhas e escrevi ‘tributo a Lucrezia Borgia’”, lembra. Mais tarde, passou a usar um leque real e, quando estava em seu primeiro trabalho na TV - com Goulart de Andrade, na Rede Manchete, no final dos anos 1990 - um câmera sugeriu que fizesse o ‘vrá’ - movimento característico que ela criou para abrir repentinamente o leque.
Com Goulart de Andrade, fazia reportagem sobre tudo: desde uma exposição de Monet no Masp (Museu de Arte de São Paulo) até bastidores de filme pornô. Dali, não saiu mais da TV: trabalhou com Amaury Jr, Hebe Camargo, atuou na Praça é Nossa, esteve no reality A Fazenda e foi atriz de novelas como Fuzuê e O Sétimo Guardião. Hoje, é jurada do Caldeirão com Mion, no quadro Caldeirola.
E, segundo ela mesma, apesar de ter 1,4 milhão de seguidores nas redes sociais, é a TV que ainda a faz popular. E essa popularidade está confirmada na agenda de shows da artista: dois dias antes de vir para Salvador, ela se apresenta em São Paulo e no dia 11 vai para o interior paulista. No dia 17, volta ao Nordeste e apresenta Como Salvar um Casamento em São Luís, no Maranhão. “Mas não é sempre que vai de avião supersônico da Mulher Maravilha. Vai de carro, jegue, kombi, jegue… mas vai, querida!”, comemora Nany.
Serviço
Como Salvar Um Casamento
Única apresentação: 5 de maio, domingo
Horário: 20h
Local: Teatro Sesc Casa do Comércio (Av. Tancredo Neves,1109, Salvador - Bahia)
Ingressos: R$110 (inteira) e R$55 (meia-entrada) no mezanino e R$130 (inteira) e R$65 (meia-entrada) na plateia.
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