Acesse sua conta

Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Recuperar senha

Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre

Alterar senha

Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.

Dados não encontrados!

Você ainda não é nosso assinante!

Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *

ASSINE

Mateus Aleluia Filho segue legado do pai explorando os sons do recôncavo baiano

Trompetista fala ao CORREIO sobre sua trajetória musical como instrumentista e nova fase de trabalhos autorais

  • Foto do(a) author(a) Luiza Gonçalves
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 25 de novembro de 2024 às 11:05

Mateus Aleluia Filho
Mateus Aleluia Filho Crédito: Divulgação/Eduardo Escariz

As sonoridades do Recóncavo Baiano são marcantes na vida de Mateus Aleluia Filho desde sua infância, tendo a música como um caminho profissional e pessoal difícil de ignorar. A paixão começou em casa, com uma família de músicos: avó, tio e, notadamente, seu pai, Mateus Aleluia, que, em seu nascimento e primeiras décadas de vida, estava em plena atividade com o grupo Os Tincoās no Brasil e em Angola.

Porém, o filho de "Seu" Mateus considera que um dos seus maiores Incentivadores a trilhar o caminho de músico foi a cultura pulsante das artes afro-barrocas e filarmônicas em Cachoeira, onde passou sua infância e reside atualmente. "Só em Cachoeira, tem três filarmónicas, com muitos anos de atuação e centenas de alunos. Então, mesmo que as pessoas daqui da cidade tivessem outras ocupações, quase sempre eram músicos, tocavam algum instrumento", explica.

Por volta dos 10 anos de idade, Mateus iniciou seus estudos musicais como trompetista e, no inicio dos anos 90, atuou na Orquestra Filarmónica Sanfelixta. Sua maior inspiração no instrumento era o musico Joathan Nascimento, que, posterior mente, seria seu professor na graduação de Musica na UFBA em 2011 e que se tornou seu amigo.

Cachoeira 

"Eu lembro de ligar a TV e assistir à Orquestra Sinfônica da Bahia numa época em que a maioria dos músicos era branca. Foi quando, um dia, eu vi um trompetista negro no grupo e pensei 'quero ser igual a ele", relembra. Em Cachoeira, tocava em todas as festas populares, cívicas e religiosas, tomando gosto não só pela performance, mas pelo papel da música nas dinámicas socioculturais da cidade. "É engraçado que o cachoeirano, em geral, é um povo mais contido, mas. mesmo assim, sempre está festejando", brinca.

Nos anos 2000, a carreira de Mateus como músico também se desenvolveu fora do âmbito das orquestras, inicialmente tocando trompete nos shows de seu pai e expandindo para cantores como Raimundo Sodré, Riachão, Bule Bule. além de participar das gravações dos discos Cinco Sentidos (2007) e Fogueira Doce (2016), de Mateus Aleluia.

O artista também vivenciou um outro lado da indústria musical ao integrar a banda base do Globo de Ouro, na TV Globo, onde acompanhou diversos artistas em homenagem aos 30 anos do Axé Music, como Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Luiz Caldas e Bell Marques. "Foi uma experiência bem interessante e que me fez ver com mais profissionalismo o meu papel enquanto músico", afirma. Entre 2017 e 2018, participou como trompetista do show Refavela 40 Gilberto Gil, na turnê no Brasil e na Europa. 

Durante a pandemia, Mateus decidiu dar um passo adiante na sua atuação musical, lançando seu primeiro EP solo, Sopro Interior (2021). Em suas quatro canções, o álbum explora a relação do artista com a música, passando por temas como fé, identidade, elementos da natureza e localidade.

Sonoridades leves e experimentais envolvem o cantor não só nos instrumentos e arranjos, mas em poesia e, pela primeira vez, no canto em gravação. No ano seguinte, lançou o EP Andanças, em parceria com a banda Orange Poem, firmando-se ainda mais nos vocais e explorando temas e géneros musicais fora de sua zona de conforto, destaca Mateus, como as faixas mais voltadas para o rock.

Futuro 

Seu próximo passo será o lançamento de Raízes, seu primeiro álbum autoral, previsto para 2025, com  faixas instrumentais e outras cantadas, e que pretende explorar as diferentes sonoridades cachoeiranas e da música afro-diaspórica, como reggae e afrobeat. Um dos singles do projeto é uma releitura de Papel Machê de João Bosco e Capinan, lançada neste mês com participação dos conterrâneos Rafael Pondé (Diamba, Natiruts) e Eduardo Escariz, que assina a produção musical ao lado de Atila Santana (Ifá).

Revisitar Papel Machê foi uma oportunidade de homenagear aquele clássico, imprimindo a identidade do trompetista ao evocar as raízes do reggae baiano e a conexão com o Recôncavo. Um primeiro passo satisfatório da nova etapa, explica Mateus: "A princípio, fui convidado para tocar trompete na faixa, depois fui fazendo uma coisinha aqui, ali e, no fim, acabei cantando parte da canção. Foi uma experiência muito boa. Além do resultado, que me agradou muito, tive a oportunidade de ser dirigido pelo Átila e fazer parte de um trabalho coletivo, onde se aprende muito com todos que estão ali"

Escute Papel Machê: