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Roberto Midlej
Publicado em 1 de março de 2025 às 13:53
Um dos melhores canais de brasileiros no YouTube dedicados à música é o Alta Fidelidade, do jornalista carioca Luiz Felipe Carneiro, de 45 anos. O leitor mais atento talvez lembre que a coluna já o recomendou certa vez em uma pequena notinha, mas, como merece mais atenção, batemos um papo com Luiz via Whatsapp. >
Conhecedor de música e experiente jornalista da área, o carioca já lançou livros sobre o Rock in Rio e sobre os maiores shows da história. Conhecimento, portanto, ele tem de sobra. Uma boa notícia: não espere ver lá opiniões “definitivas” sobre nada. Nem você vai se deparar com aquela linguagem frenética e acelerada que predomina em redes sociais. Luiz não tem a pretensão de ser um “lacrador” nem de despertar o “hate” para ganhar o cobiçado engajamento. E, como isso hoje é raro, precisamos destacar essa virtude dele. “Não me considero crítico, mas um cronista musical. Mesmo nas resenhas que faço, quero contextualizar o trabalho, relacionando-o à obra pregressa do artista”, diz Luiz.>
São opiniões ponderadas até mesmo quando ele não gosta de algo. “Virou moda: na internet, você tem que ter baita opinião e lacrar. Nunca fui assim, então não vai ser nesta fase da vida que vou dar opinião pra ‘jogar pra galera’”. Como exemplo, Luiz lembra de uma vez em que falou mal de um álbum de Paul McCartney, um ídolo seu: “O disco Egypt Station é muito ruim e eu disse isso. Um cara que seguia o canal escreveu que eu o havia decepcionado. ‘Achei que você era fã de Paul’, ele disse. Então, vi essa crítica a mim como um elogio, porque, mesmo sendo fã de Paul - já fui a mais de 40 shows dele -, posso dar uma opinião sobre ele que não seja boa sobre ele”.>
Apaixonado por discos, o jornalista sempre foi mais interessado nos bolachões do que em brinquedos: “Desde meus quatro anos de idade, eu entrava em lojas e aos seis ou sete anos, já comprava os meus primeiros discos de rock brasileiro. Não queria nem saber de bonecos do He-Man!”.>
O Alta Fidelidade surgiu há dez anos e hoje tem quatro programas semanais. Na segunda-feira, é a vez do quadro De Papo Pro Ar, que é como um bate-papo bem à vontade com o público. “Aí, indico algo, que pode ser um disco, um livro ou DVD. E às vezes faço algo relacionado a alguma efeméride”, diz Luiz. >
Na quarta-feira, é a vez de falar de um álbum antigo. “Falo sobre o disco, conto a história, dou opinião. Às vezes, mostro coleções minhas, ou um disco especial”. Na sexta-feira, ele dá as notícias da semana e, no sábado, tem o Conversa de Botequim, que é um bate-papo descontraído com o amigo Biofá. Após o Carnaval, Luiz pretende voltar a realizar entrevistas, que irão ao ar no sábado, revezando com o Conversa de Botequim.>
O jornalista diz que, na área de música, foi um dos pioneiros no YouTube no Brasil, junto com Gastão Moreira, ex-VJ da MTV. “Eu pedia entrevistas para artistas via assessoria e muitos perguntavam ‘o que é canal no YouTube?’. Eu explicava e nunca mais tinha resposta. Os caras pensavam que o que valia era estar na TV e nos grandes jornais”. Ney Matogrosso foi seu primeiro entrevistado. >
Aliás, vale aqui uma observação: Ney, um dos maiores artistas deste país e, para muitos, nosso maior intérprete, é de uma humildade exemplar. Este colunista já notou isso em algumas conversas que teve com o cantor. Não se esquiva de perguntas nem jamais banca a estrela.>
O nome do canal, Alta Fidelidade, claro, remete ao som de boa qualidade dos aparelhos de música. Mas surgiu de forma quase acidental, graças ao livro de mesmo nome, do escritor inglês Nick Hornby. A obra deu origem também a um divertido e tocante filme no ano 2000, com John Cusack no papel principal. >
Inicialmente, o canal se chamaria Outras Frequências, mas já havia algo registrado assim. Francisco, amigo de Luiz que faria o design do canal, pressionava o jornalista para que definisse logo como o chamaria. “Aí, eu olhei para o lado e vi o livro Alta Fidelidade. E disse ‘é isso’! Mas a influência do livro foi na pressão, porque deveria decidir logo o nome”, lembra.>
Com o crescimento do canal, que tem hoje 145 mil inscritos, Luiz tem uma pequena equipe que colabora com ele: “Só trabalho com amigos. Então, o Francisco edita os vídeos e o Biofá é meu colaborador aos sábados. Gabriela, minha namorada, conversa comigo em dois quadros, mas não aparece. Só ouvimos a voz dela e rola uma interação. Além disso, tem o Tito Guedes que eventualmente faz uma pesquisa para o canal”.>
Canal Alta Fidelidade, no YouTube. Novos vídeos às segundas, quartas, sextas e sábados.>