Livro 'Exu-mulher', que relata a demonização do orixá, é finalista do prêmio Jabuti Acadêmico 2024

Obra de Claudia Alexandre concorre a premiação de R$ 5 mil e uma estatueta

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Publicado em 6 de agosto de 2024 às 09:59

Claudia Alexandre concorre a premiação de R$ 5 mil e uma estatueta Crédito: Reprodução

O livro “Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô: sobre masculinização, demonização e tensões de gênero na formação dos candomblés”, fruto da tese do doutorado da jornalista e cientista da religião, Claudia Alexandre, é finalista na primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico 2024.

Claudia concorre na categoria Ciência da Religião e Teologia.

A tese foi defendida em 2021 no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da PUC-SP. O livro foi publicado pela editora Fundamentos de Axé.

As obras vencedoras da premiação, que é realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), serão anunciadas nesta terça (6) em uma cerimônia oficial no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.

Ao todo, são 29 categorias, dividas em dois eixos: Ciência e Cultura e Prêmios Especiais.

Cada vencedor será premiado com R$ 5 mil e uma estatueta. De acordo com a CBL, foram 1.953 obras inscritas para o novo prêmio.

Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô

Claudia Alexandre levantou registros dos princípios femininos em Exu nos candomblés nagôs, para entender a ausência ou silenciamento de cultos ao feminino do orixá mensageiro no Brasil e as negociações que se estabeleceram entre as mulheres de terreiros em resistência a dominação masculina e a conservação das tradições.

O resultado é a obra “Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô”, que apresenta um debate inédito no campo dos estudos sobre as tradições e religiosidades afro-brasileiras.

Claudia explica que seu pontapé inicial foi analisar o processo de demonização do orixá Exu que trouxe como um dos elementos a associação majoritária a uma figura masculina e uma construção ocidental.

Livro de Claudia Alexandre concorre a premiação de R$ 5 mil e uma estatueta Crédito: Reprodução

“Acabei me deparando com o fato de que o processo dos registros que estruturam a demonização do orixá, é marcado por falsas narrativas e pelo rompimento da concepção de um orixá que contém dois princípios inseparáveis: masculino e feminino. Existem em várias localidades yoruba na região de Nigéria, Benin, Gana cultos e famílias inteiras que cultuam Exu sem definir um gênero, por isso o representam com figuras, em pares, inseparáveis, assim como é a concepção iorubana, que veem o mundo como um todo, diferente da ideia cartesiana judaíco-cristã”, conta.