'Limpo' de álcool e drogas há oito anos, Nando Reis festeja bom momento na Concha

Cantor e compositor apresenta neste domingo (20) canções de ambicioso álbum quádruplo. Clube CORREIO dá desconto de 40%

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  • Roberto Midlej

Publicado em 18 de outubro de 2024 às 10:33

Nando Reis
Nando Reis Crédito: Felipe Campos

Depois de oito anos sem lançar discos, Nando Reis decidiu voltar com tudo e despejou de uma vez uma série formada por quatro álbuns, chamada Uma Estrela Misteriosa Revelará o Segredo. Agora, o público de Salvador vai poder ouvir ao vivo parte do mais recente trabalho do compositor, no show que ele apresenta na Concha Acústica, neste domingo, às 19h.

A apresentação inclui, claro, clássicos da carreira do ex-titã, como O Segundo Sol, Dois Rios e Os Cegos do Castelo. “Toco umas onze músicas novas, costuradas com os clássicos. É um repertório que atende às pessoas que vão com o desejo de cantar as mais conhecidas, mas essas estão associadas a músicas novas e com uma banda que é muito boa”, diz Nando.

No palco, ele estará com os músicos dos Infernais, que o acompanham há mais de 20 anos: Walter Villaça (guitarra), Alex Veley (teclado) e Felipe Cambraia (baixo). Sebastião, filho do compositor, assume o violão. (Sim, esse “Sebastião” é aquele para quem o pai compôs a ótima canção O Mundo é Bão, Sebastião, lançado num álbum dos Titãs em 2001. O rapaz já está com 29 anos!).

Nando terá ainda o reforço de dois amigos dos Estados Unidos, que têm participado da carreira dele nos últimos anos: o guitarrista Peter Buck (cofundador da banda R.E.M) e o produtor dos novos álbuns e baterista Barrett Martin (da Screaming Trees). “A turnê é tratada como apoio de divulgação do disco novo e de celebração de uma possibilidade rara de reunir os dois amigos americanos e levá-los para viajar o Brasil. E permitir à plateia curtir o show, porque ele é muito bom, muito poderoso!”, convida o cantor, numa indisfarçável excitação. E insiste, pedindo ao repórter: “Reforce isso! Porque não é coisa do Nando (risos), é um show muito único!”.

Nando diz que não planejou lançar quatro álbuns de uma vez e o nascimento do projeto foi espontâneo. O último lançamento dele havia sido Jardim-Pomar, em 2016. Depois, gravou apenas dois singles inéditos. Em 2022, foi convidado por Barrett Martin para compor duas canções para um documentário que o amigo estava produzindo.

“Eu já imaginava aproveitar aquelas duas músicas iniciais para o disco. E, como o disco estava mais ou menos estruturado em minha mente, tinha umas oito canções compostas na pandemia. Gravei essas e peguei coisas esparsas minhas que não havia gravado”, lembra Nando. Depois de dez dias em estúdio com os amigos americanos, já tinha doze músicas prontas.

Barrett e Peter foram para os EUA e, quando voltaram, fizeram mais umas gravações e Nando se deu conta que já tinha 24 canções. E, como ele queria lançar LPs, já tinha material para três discos. O quarto, então, surgiu como um bônus para quem comprar a caixa no site do músico, à venda por R$ 590.

O projeto, que chegou ao mercado há três meses, deveria ter sido lançado antes, mas a turnê que realizou com os Titãs no ano passado o fez adiar. O reencontro com os amigos pôs fim a antigas rusgas, criadas na época em que Nando decidiu sair do grupo. Mas, segundo ele, o clima da turnê foi muito bom.

" Sim, a minha saída foi cheia de asperezas, mas as coisas foram superadas totalmente. Nesses últimos shows, eu estava num momento muito diferente daquele de quando eu deixei a banda. Naquela época, estava num momento péssimo da relação com drogas e álcool"

Nando Reis
cantor e compositor, sobre saída dos Titãs e reencontro com o grupo

Se as viagens no ano passado com os Titãs foram um reencontro entre amigos, o atual momento profissional de Nando é marcado pelo reencontro com a sobriedade. Depois de anos de dependência de álcool e drogas, o cantor buscou apoio no AA - Alcoólicos Anônimos e está livre dos vícios e afirma ter relações muito melhores hoje. “A minha relação familiar estava destroçada, muito prejudicada, muita dor, sofrimento… Inúmeras vezes subi no palco sem condições, me apresentei de forma precária e até desrespeitosa com o público, coisas que infelizmente não tenho como consertar”, revela Nando, que agora prefere olhar para o presente e para o futuro.

Do passado, guarda uma prazerosa lembrança: a amizade fraterna com Cássia Eller (1962-2001), de quem ele produziu os dois derradeiros álbuns e ainda um terceiro, póstumo. Os maiores sucessos da cantora foram composições de Nando, como O Segundo Sol, Relicário e Meu Mundo Ficaria Completo. O cantor se anima e solta um “oba!” quando o repórter o convida para falar sobre a amiga e a chama de “porta-voz” do compositor. “Boa, porta-voz… ninguém usou essa expressão.

“Ela tem importância enorme em minha vida profissional, de dar voz a canções minhas, que na voz dela magnífica, magistral, alcançara tamanho e um grau de beleza único, lamento e sofro até hoje com a tragédia da morte precoce dela. No entanto, o legado de um artista e a obra que ele deixa é eterno. Eu mesmo, como compus uma música contando a nossa história, que é All Star, canto todas as vezes que subo no palco”, revela, emocionado.

SERVIÇO. Nando Reis, no show Uma Estrela Misteriosa. Concha Acústica (Campo Grande). Domingo (20), às 19h. Ingresso: R$ 200 | R$ 100. Clube CORREIO 40%