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Alô Alô Bahia
Publicado em 12 de dezembro de 2024 às 13:18
Ela é atriz, é escritora e – ora, como não? – também uma ávida leitora. Autora de três livros, dois de ficção e uma coletânea de crônicas, Fernanda Torres é boa entendedora. Em julho deste ano, a multitalentosa artista aderiu a um requisitado aplicativo de vídeos para indicar leituras. Também, à época, a Fernanda foi convidada por um grande portal de notícias para apontar obras que ajudariam a revelar os brasis que existem no Brasil.
Com a recente indicação ao Globo de Ouro pelo papel principal em “Ainda Estou Aqui”, que, aliás, tem roteiro que deriva do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o Alô Alô Bahia resgatou este movimento feito por “Fernandinha” e rememora, abaixo, a seleção feita por ela, com seus comentários.
Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa
“É o Fausto sertanejo. Um livro que coloca o Brasil no centro dos dilemas mais profundos da humanidade, ao discutir a natureza do bem e do mal. Como se não bastasse, Guimarães Rosa inventa línguas. Não há o que dizer de ‘Grande Sertão: Veredas’, é preciso lê-lo”.
Memórias Póstumas de Brás Cuba, Machado de Assis
“É u livro absurdo, cortante, hilariante, moderno e terrível. É o retrato de Machado de Assis de uma elite caprichosa, egoísta e volúvel, num livro que marca a grande virada literária do bruxo”.
Macunaíma, Mário de Andrade
Para Fernanda, em relação ao “herói sem nenhum caráter” e preguiçoso, “somos todos Macunaíma”. A obra foi adaptada para o cinema por Joaquim Pedro de Andrade em 1969, com Grande Otelo na pele do protagonista.
Os Sertões, Euclides da Cunha
“Se Euclides da Cunha tivesse escrito apenas a parte final de ‘Os Sertões’, ‘A Guerra’, esse livro extraordinário já seria um clássico, mas não. As duas primeiras partes, ‘A Terra’ e ‘O Homem’, misturam geologia e antropologia com alta literatura. Cunha é capaz de transformar a luta de uma planta para se desenvolver no solo árido da caatinga em paixão de Cristo, em drama épico. ‘Os Sertões’ é um livro fundamental para se entender o Brasil”
Tristes Trópicos, Claude Lévi-Strauss
“O mais belo livro já escrito. Nesta obra autobiográfica, Claude Lévi-Strauss narra as duas viagens que fez ao Brasil, na década de 1930. A primeira teve como missão educar os filhos da elite cafeeira, na recém-inaugurada USP. Na segunda viagem, o antropólogo se embrenhou pelo sertão e pelas matas, a fim de conhecer os povos originários do Brasil”.