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Carol Neves
Publicado em 20 de março de 2025 às 08:10
Um laudo técnico de 25 páginas, elaborado pelo músico e compositor Rafael Bittencourt, fundador da banda Angra, foi anexado ao processo que o brasileiro Toninho Geraes move contra a cantora Adele, o produtor Greg Kurstin e as gravadoras XL Recordings e Universal Music. O documento confirma a denúncia de plágio na música "Million Years Ago", de Adele, em relação à canção "Mulheres", composta por Toninho em 1995. >
O laudo, apresentado ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), destaca que a progressão de acordes, a estrutura melódica e as pausas vocais das duas músicas são idênticas. Além disso, Bittencourt observa que a introdução de "Mulheres" foi reproduzida com mínimas variações em "Million Years Ago", formando também o refrão e o final da canção da britânica. Outro ponto relevante é a semelhança fonética entre a palavra "mulheres" e a expressão "Million Years", especialmente quando pronunciada por alguém com "forte sotaque britânico", como é o caso de Adele. Os detalhes do laudo foram divulgados pelo Uol. >
Fredimio Biosotto Trotta, advogado de Toninho Geraes, disse em entrevista ao site que o laudo é "demolidor e irretocável". Ele explicou que a análise foi solicitada pela equipe jurídica, que inclui a também musicista e advogada Deborah Sztajnberg. "O pedido para que o Rafael analisasse o caso e, chegando à conclusão do plágio, emitisse o laudo, partiu de nós", declarou Trotta. >
O processo, que tramita desde 2024, alega que "Million Years Ago" copia "trechos substanciais" de "Mulheres". A defesa de Toninho exige o reconhecimento do compositor brasileiro como coautor da música de Adele, além de uma indenização por danos morais e materiais. O valor dos danos materiais será calculado com base nos royalties recebidos pela cantora e pelo produtor, bem como nos lucros das gravadoras e editoras. >
Em dezembro de 2024, a Justiça do RJ determinou a retirada de "Million Years Ago" das plataformas digitais, citando uma semelhança "indisfarçável" entre as duas músicas. A decisão também estabeleceu uma multa de R$ 50 mil por descumprimento da liminar. Segundo os advogados de Toninho, há provas de que a música continua disponível em algumas plataformas, o que será levado ao processo para cobrança de multas adicionais. >
Além disso, a equipe jurídica de Toninho abriu uma queixa-crime por falsidade ideológica e documental contra Adele, Kurstin e as gravadoras, alegando irregularidades em documentos apresentados pela defesa dos réus, como "rasuras e entrelinhas inseridas à mão". >
Toninho Geraes deixou claro que não autorizará o retorno da música de Adele às plataformas. "Eles nunca se importaram comigo, com o processo ou com as minhas alegações, então por que eu iria me preocupar com eles?", questionou o músico em entrevista ao jornal O Globo. >