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HQ revela os tempos em que lesbianismo e "bruxaria" eram pecados imperdoáveis

Quadrinho de autor baiano é baseado em depoimentos reais feitos à Inquisição na Bahia

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 16 de março de 2025 às 09:30

A Confissão de Paula Siqueira é uma das confissões retratadas
A Confissão de Paula Siqueira é uma das confissões retratadas Crédito: reprodução

O escritor e roteirista baiano Alexey Dodsworth já se aproximava dos 30 anos de idade quando se surpreendeu ao saber que a Inquisição - tribunal da Igreja Católica que punia pessoas acusadas de heresia - esteve presente com muita força na Bahia, especialmente entre os séculos XVI e XVIII. “Conversei com pessoas que haviam estudado em boas escolas, mas ninguém sabia que a Inquisição tinha passado pela Bahia e que havia sido muito presente no Nordeste. Na Bahia, foram centenas de anos de perseguições”, assegura Alexey.

Para aumentar sua surpresa, o autor desvendou sua árvore genealógica e descobriu que um antepassado havia sido perseguido pela Inquisição. “Se pesquisarmos bem, veremos que todos nós, baianos, temos um ancestral que sofreu com a Inquisição”, diz.

Alexey percebeu que, como pouca gente sabia da passagem da Inquisição pela Bahia, era muito importante registrar isso e tornar a informação mais acessível: daí que surgiu a história em quadrinhos As Confissões da Bahia (Edição dos Autores/ 112 págs./ R$ 85), com roteiro dele mesmo e Cristina Lasaitis. Para os desenhos, foram convidados sete artistas, todos baianos ou, ao menos, com ascendência baiana.

A HQ começa a partir da vinda do padre Heitor Furtado de Mendonça à Bahia, em 1591. O religioso era o responsável pelo Tempo da Graça, onde aqueles que confessassem seus pecados e delatassem outros pecadores seriam perdoados pela Igreja. Os "descobertos", então, estariam expostos aos piores castigos, inclusive a fome, penúria, morte, excomunhão e condenação eterna.

Os quadrinhos são baseados nos depoimentos reais daqueles que se confessavam e admitiam os mais diversos “pecados” conforme os princípios católicos. Um deles é o padre de 65 anos que admite ter transado com mais de 40 homens. Em outro, uma mulher confessa ter se relacionado com outras mulheres. E há ainda quem era perseguido por ser acusado de praticar feitiçaria.

os autores Alexey Dodsworth e Cristina Lasaitis
os autores Alexey Dodsworth e Cristina Lasaitis Crédito: Johanes Duarte/divulgação

O visitador da inquisição vinha ao Brasil para perseguir e punir principalmente aqueles que praticavam o judaísmo e isso ocorreu principalmente em Pernambuco. Mas na Bahia, como o judaísmo não era tão comum, as práticas sexuais “não convencionais” é que acabaram chamando a atenção. “Além disso, a Inquisição na Bahia perseguia os tupinambás, que haviam criado um culto chamado A Santidade de Jaguaripe”, diz Alexey. A seita se baseava em elementos cristãos e os sincretiza com elementos indígenas. “O que choca a Igreja é descobrir que havia portugueses frequentando aquele culto”, revela o autor.

Atenção: os mais conservadores, sensíveis a conteúdos explícitos, vão se chocar nos desenhos que reproduzem as confissões sexuais, afinal os desenhistas tiveram liberdade plena concedida pelos autores e libertaram a imaginação. São imagens que fazem os catecismos de Carlos Zéfiro parecerem HQ infantil.

E por que essa opção, em vez de fazer algo mais “sensual”? “As imagens chocam mesmo. Mas quando nos reunimos percebemos que os textos originais das confissões eram muito explícitos. Os padres detalham com muito esmero o que as pessoas diziam ter feito na cama. Então, por que eu esconderia isso? Seria hipocrisia eu colocar de maneira insinuante o que estava explícito no depoimento”, diz o autor.

Alexey estará nesta quarta-feira (19), a partir das 16h30, no Museu Geológico da Bahia, para uma sessão de autógrafos e debate do autor com Hugo Canuto (ilustrador) e Luiz Mott (antropólogo e fundador do Grupo Gay da Bahia). A entrada é gratuita e os 30 primeiros que chegarem ao local ganharão um exemplar do livro, desde que sejam maiores de 18 anos. Mais tarde, às 19h, Alexey faz mais uma sessão de autógrafos, na Midialouca (Rua Fonte do Boi, Rio Vermelho). A HQ estará à venda nas duas ocasiões, mas, se quiser antecipar sua compra, corra para o site da Loja Monstra ou para a Amazon.

SERVIÇO: Lançamento da HQ As Confissões da Bahia. Quarta-feira (19), 16h30. Museu Geológico da Bahia. As trinta primeiras pessoas que chegarem ganham um exemplar, desde que sejam maiores de 18 anos. À venda na Amazon e Loja Monstra, por R$ 85

Raro compacto de Gal Costa é relançado no streaming

Sem alarde, a Universal Music deu aos fãs de Gal Costa um presente nos últimos dias: lançou nos streamings um raríssimo compacto da cantora gravado em 1972. O registro tem três faixas resgatadas pelo departamento de catálogo da companhia: Vale Quanto Pesa, de Luiz Melodia; A Morte, do amigo Gilberto Gil, com quem fez, até 1973, algumas apresentações na época do show Gal Costa e Gilberto Gil; e uma regravação de O Dengo que a Nega Tem, do início da carreira de Dorival Caymmi. A última, que dura mais de sete minutos, vem com um clima bem psicodélico, repleta de improvisos. Vale lembrar que o compacto foi gravado logo após o grande sucesso do show Fa-tal – Gal a Todo Vapor, um marco na contracultura e no showbiz nacionais.