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Roberto Midlej
Publicado em 14 de novembro de 2024 às 06:08
Ridley Scott é um cineasta afeito à grandiosidade. Não à toa, é um dos cineastas contemporâneos que mais produzem filmes épicos e de guerra. Napoleão (2023), Êxodo (2014), Robin Hood (2010) e Cruzada (2005) são alguns exemplos disso. Gladiador (2000) é outro exemplar desses gêneros e o filme mais popular do cineasta, indicado ao Oscar de direção e venceu o prêmio de melhor filme.
Agora, prestes a completar 87 anos, Scott lança um de seus projetos mais ambiciosos, tanto do ponto de vista artístico como financeiro: Gladiador II, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (14), tinha um orçamento inicial de US$ 165 milhões e acabou ficando praticamente pelo dobro, US$ 310 milhões, sendo uma das 30 produções mais caras da história.
Sobre os gastos com tecnologia, o diretor brincou, em entrevista ao site Deadline: “Os efeitos digitais são ferramentas. A melhor ferramenta do mundo é o seu cérebro. É aqui que descobriremos quais são os desafios da IA. Um bom cérebro pode criar alguma originalidade que fará a IA dizer: ‘caramba, eu não tinha pensado nisso’”.
Há rumores de que esta sequência era para ter Crowe de volta ao papel que o consagrou. Segundo o esboço do projeto, seu personagem estaria no purgatório, ressuscitaria, viraria imortal e iria passar por conflitos como as Cruzadas e guerras mundiais. Seria um prato cheio para Ridley Scott, mas, diante da recusa do ator em repetir o papel, a história teve que ser repensada.
A sequência que está estreando se passa cerca de 20 anos após os acontecimentos do primeiro filme. Lucius (Paul Mescal), que havia testemunhado a morte do herói Maximus na produção anterior, tornou-se um gladiador do Coliseu e está a serviço de Macrinus (Denzel Washington). Roma vive um período conturbado, governada pelos imperadores Geta e Caracalla (Joseph Quinn e Fred Hechinger) e tomada pela corrupção.
Entretenimento
Aqui, tudo é um pretexto para o entretenimento e não há uma preocupação com a precisão histórica, o que não chega a ser um problema. Há todos os elementos do ‘cinemão’, a começar pela já citada ambição de Scott, além de toques novelescos: relação entre mãe e filhos, segredos, intrigas pelo poder, redenção, golpes políticos...
E sangue, muito sangue! As cenas dos gladiadores beiram o ‘gore’, estilo associado aos filmes de terror explícitos, muito sanguinolentos. Numa das batalhas, Lucius enfrenta babuínos no ringue e arranca pedaços dos animais com mordidas. Numa outra, um homem enfia nos ouvidos do inimigo um objeto de metal e tudo aparece em close, provocando a repulsa que Scott certamente queria alcançar. E mais sangue escorre, claro.
Aqui, Scott parece ter se preocupado bem menos com a carga dramática do que ocorreu no primeiro filme. E isso é, provavelmente, para entregar mais entretenimento ao espectador, o que ele até consegue. Mas, com exceção das cenas de batalhas na arena e nas guerras, não há nada de muito atrativo. Não é o caso de Denzel Washington, claro, que, no papel do pouquíssimo confiável Macrinus, é quem melhor se sai no elenco. Paul Mescal não faz feio e não deixa ninguém morrendo de saudades de Russel Crowe.
Em Cartaz: UCI (Shopping da Bahia, Barra e Paralela); Cinemark (Salvador Shopping); Glauber Rocha; Cinépolis (Parque Bahia e Salvador Norte)