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Gilberto Gil está na ópera Amor Azul, na Concha Acústica

Espetáculo será apresentado neste sábado (23), com desconto para assinantes Clube CORREIO

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 22 de novembro de 2024 às 05:49

Espetáculo tem cerca de 150 artistas no palco
Espetáculo tem cerca de 150 artistas no palco Crédito: Rodrigo Rosenthal/divulgação

Um poema de origem indiana escrito no século XII ganha tradução de um brasileiro ligado ao tropicalismo e se transforma em uma ópera com canções compostas por outro tropicalista, em parceria com um músico italiano de origem erudita. As músicas são apresentadas por uma orquestra, que ganha um toque de baianidade, com percussionistas afro-brasileiros. Esta é a receita inusitada de Amor Azul, ópera que será apresentada neste sábado (23), às 18h30, na Concha Acústica.

O poema que dá origem ao espetáculo é Gita Govinda, épico escrito em sânscrito pelo indiano Jayadeva e o seu tradutor é Rogério Duarte (1939-2016), designer que criou capas clássicas de discos do tropicalismo. E os músicos envolvidos na criação da ópera são Gilberto Gil e o maestro Aldo Brizzi, que, hoje, vive entre a Borgonha (França) e Salvador.

Amor Azul promete uma fusão entre a música popular brasileira, canto lírico e dança indiana. No palco, estão mais de 150 artistas, entre músicos, cantores e dançarinos, além de Gil e Brizzi. Dividida em dois atos, a apresentação é uma ode aos sentimentos terrenos e à eternidade divina, com ênfase no amor puro entre Krishna e Radha. Na cultura indiana, o casal representa a cumplicidade do amor em sua essência, em que um ser não existe sem o sentimento do outro.

A obra se desdobra em dois atos, nos quais o público acompanhará a relação das divindades em diferentes cenários: a Índia mítica do passado e o Brasil contemporâneo.

As 47 composições exclusivas que tecem a narrativa unem orquestra sinfônica, balé indiano, vozes populares e coro lírico a gêneros musicais como samba, bossa nova e afoxé, além de incorporar a percussão afro-brasileira e o vina, um tradicional instrumento de cordas indiano. Há também músicas mais próximas da ópera lírica tradicional, como corais, árias, duetos e recitativos.

Segundo Brizzi, as músicas têm melodia aprimorada, “com o sentido aparentemente singelo, mas muito profundo da música brasileira”. O ouvinte vai notar a presença de ritmos variados, marcadamente brasileiros, como samba, afoxé e bossa nova.

"Peguei as articulações do violão de Gil e adaptei para a orquestra. Mas não deixa de ser música brasileira e com certeza o espectador vai reconhecê-lo como compositor, até porque ele canta as músicas no palco"

Aldo Brizzi

compositor e parceiro de Gil na criação das canções de Amor Azul

Gil ressalta que a sua busca espiritual tem um lado associado ao mundo oriental, onde a Índia está incluída: “Um trabalho ligado a esse campo, como é o Ghitagovinda, tem necessariamente a ver com o meu interesse particular pelas culturas e religiões dessa parte do mundo”, diz o compositor.

Para Brizzi, não poderia haver outro parceiro que não fosse Gil para criar as músicas: “Tinha que ser ele, porque tem um conhecimento único que lhe permite fazer uma música tão articulada sem deixar de ser ele mesmo. Além disso, tem uma atenção à espiritualidade indiana”.

Em Salvador, Brizzi mora na Gamboa e foi lá em seu apartamento, com uma inspiradora vista para o mar, que ele se reuniu por diversos verões seguidos com Gil para compor as 47 músicas de Amor Azul. “Lembro que a gente se encontrava e, enquanto compunha, ele memorizava a música como se fosse uma partitura. Um ano depois, a gente tinha um novo encontro e ele lembrava de todos os detalhes que havíamos combinado”, lembra-se, um surpreso Brizzi.

rogério duarte

Gil destaca a experiência do colega: “Conheço Aldo Brizzi e tenho uma parceria musical há algum tempo com ele. Ele vem adquirindo relevante experiência no universo da ópera. Atualmente, ele dirige o projeto Núcleo de Ópera da Bahia, por exemplo e tem vários trabalhos realizados nesse campo em muitos países como Itália, França, Portugal e Alemanha”.

O convite a Gil para participar da ópera partiu de Brizzi. O maestro começou a pensar na adaptação em 2008, quando Rogério Duarte concluía a tradução de Gita Govinda. “Rogério teve a ideia de convidar artistas brasileiros para musicar trechos do poema e chegou a convidar Gil, Caetano e Arnaldo Antunes. Mais tarde, o livro saiu, mas sem o disco. Depois, ele me ligou e disse que eu devia fazer a ópera”, lembra Brizzi. Mas o maestro recusou: “Você está louco?!”, perguntou ao amigo, achando que não tinha condição de assumir a responsabilidade. Mas aos poucos, Brizzi convenceu a si mesmo que era possível, especialmente quando viu em Gil o parceiro ideal.

Amor Azul estreou em Paris, onde foi apresentada no Radio France, em três sessões com ingressos esgotados. Teve também cinco exibições na TV francesa. Em agosto, chegou à Sala São Paulo, na capital paulista, onde teve três sessões esgotadas.

Amor Azul. Sábado (23), 18h30. Concha Acústica (Campo Grande). Ingresso: R$ 180 | R$ 90. À venda no site Sympla. Clube CORREIO: Desconto de 20% sobre a inteira