Frank Menezes: "Me sinto confortável em interpretar uma mulher"

Ator com mais de 40 anos de palco estrela o monólogo cômico Aleluia, que estreia neste sábado (12)

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Publicado em 12 de outubro de 2024 às 06:00

Frank em cena, como Aleluia
Frank em cena, como Aleluia Crédito: Edivalma Santana/divulgação

“Médico ganha prêmio, artista ganha prêmio e dona de casa ganha o quê? Olheira, ruga e cansaço!”. É assim que pensa a inconformada dona de casa Aleluia, personagem que batiza o novo monólogo cômico de Frank Menezes, que estreia neste sábado (12) e segue em cartaz até o dia 30 de novembro, no Teatro Módulo, sempre aos sábados, às 20h. O ator, que já encenou outros três espetáculos solos - incluindo o clássico do teatro baiano Quem Matou Maria Helena? -, é dirigido por Marcelo Praddo desta vez, como ocorreu em O Corrupto.

O texto de Aleluia é do jornalista Ricky Hiraoka, e do roteirista Márcio Azevedo, diretor e produtor muito atuante na cena teatral carioca. Inicialmente, a história havia sido criada para ser protagonizada pela atriz Cacau Protásio, que não pôde aceitar por problema na agenda. Foi aí que os roteiristas pensaram em Frank e lhe entregaram o texto, há quase um ano.

Segundo o ator, Aleluia não tem papa na língua e fala o que pensa, sem pudores: “Ela diz, por exemplo, que quem nasceu pra ser dona de casa tá na última encarnação! Passou 60 anos engolindo sapos e agora se sente um ninguém na frente do espelho. É daquele tipo que, no aniversário, recebia eletrodoméstico do marido. Ela vira uma mulher politicamente incorreta e não tem policiamento”

Uma parte curiosa da história é que o monólogo se passa numa delegacia, onde Aleluia foi para confessar um crime que supostamente teria cometido: explodiu a casa, após manusear o fogão equivocadamente. Na verdade, foi um acidente, mas ela está tão fora de si que acha que fez aquilo intencionalmente. “Parece uma tragédia, mas o desafio é fazer disso uma comédia”, diz Frank.

Frank já tinha atuado em 13 peças, mas foi A Bofetada que o tornou popular. A peça era encenada pela Companhia Baiana de Patifaria e ali ficava muito clara a força coletiva do teatro. Mas o ator também esteve em três monólogos e agora, com Aleluia, chega ao quarto espetáculo solo. “Nunca parei para pensar em por que faço monólogos, nunca parei para pensar se gosto ou não. Mas só percebo que o monólogo é desesperador quando estou em cena. E, se acontecer de esquecer o texto, não tem ninguém pra me salvar”, brinca.

E já aconteceu, sim, de Frank ter aquele “branco” justamente num monólogo, O Corrupto, dirigido pelo mesmo Marcelo Praddo. “Por incrível que pareça, aconteceu de eu esquecer um texto que era escrito por mim mesmo! Todo mundo notou e foi um grande constrangimento. Mas parei e disse ‘vou ter que voltar!’”, lembra. Segundo Frank, o lapso aconteceu porque, enquanto fazia aquela cena, já estava pensando numa seguinte, cujo texto não o agradava. “Acho que isso acontece com aquariano”, ri.

Frank já representou mulheres em outras ocasiões, incluindo A Bofetada, em que todos os atores viviam personagens femininos. Há, no entanto, um movimento recente que pede que homens parem de interpretar mulheres. Segundo alguns que defendem isso, há o risco de a mulher ficar caricata, ridícula. E como Frank vê isso? 

"Já fiquei preocupado com isso, mas hoje me sinto confortável. Outro dia, falei com uma grande amiga que é trans e ela disse: Criatura, você tem mais de 40 anos de profissão e tá preocupado com o quê? Você faz parte da história do teatro da Bahia!’"

Frank Menezes
ator

Frank prefere arrematar a discussão com sua graça: “Depois, acabei me irritando comigo mesmo de me preocupar com isso e fui então resgatar meu humor. Criei, então, uma piada que publiquei no Facebook: imagine que uma produtora desiste de montar Os Saltimbancos. O motivo: ela não encontrou uma galinha, um gato ou um burro que tivesse DRT de ator”.

SERVIÇO: Peça Aleluia. Teatro Módulo (Pituba). Aos sábados, até 30 de novembro. Ingresso: R$ 60 | R$ 30

Regina Casé está de volta à comédia na TV

Sabe aquela história de ter que matar um leão por dia para conseguir pagar as contas? Pois é assim que vive Mirinda, personagem principal de Tô Nessa!, sitcom que estreia neste domingo (13) na Globo, após o Fantástico. Quem vive a protagonista é Regina Casé, velha conhecida do público por seu ótimo desempenho em comédias - e em dramas também, como em Que Horas Ela Volta?. Regina é também uma das criadoras do seriado, junto com Jorge Furtado, um dos nomes mais importantes e criativos da história da TV brasileira.

Mirinda é a principal responsável pelo sustento de uma casa onde ela vive com três filhas e uma neta e é daquelas que se vira todo dia para botar dinheiro em casa: num dia é passeadora de cachorro; no outro, é promotora de eventos e, num terceiro, até cria uma financeira de empréstimos, a CrediMirinda. Em cada um dos onze episódios, ela tenta um novo empreendimento.

Furtado explica como nasceu a ideia de Tô Nessa!: "Nos inspiramos numa situação real, que é o fato de que a maioria das famílias hoje no Brasil, pela primeira vez na história, são comandadas por mulheres. Desde o ano passado, as mulheres ultrapassaram os homens na chefia dos lares. Então, pensamos: vamos fazer uma história de uma família só com mulheres".

Como em outras sitcoms da TV brasileira, as gravações são acompanhadas pela plateia e o elenco fica num palco giratório. O formato, claro, lembra Sai de Baixo, Vai que Cola e uma série de programas similares do Multishow. Mas, quando pensamos que Jorge Furtado está por trás, imaginamos que virá algo muito superior no lugar daquele humor datado que vemos hoje no Multishow.

Furtado é responsável por algumas das melhores produções da TV brasileira, como Agosto (1993), A Comédia da Vida Privada (1995), o especial Doce de Mãe (2012) e a inesquecível Mister Brau (2015). No cinema, foi roteirista da ótima comédia romântica Lisbela e o Prisioneiro (2003). Vem coisa boa por aí, pode apostar!

SERVIÇO: Estreia domingo (13), na Globo/TV Bahia, após o Fantástico