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Luiza Gonçalves
Publicado em 12 de fevereiro de 2025 às 08:32
Reivindicando emoções e a força das artes que conduzem sua história, a cantora Nabiyah Be, 33, lança seu álbum de estreia O Que o Sol Quer, trazendo em suas 14 canções um mergulho do eu. “É uma pergunta para as pessoas se questionarem. É o sol interno, é o nosso coração, nossa vontade, nosso desejo e que, às vezes, é o desejo mais constante de nossa alma. Eu acho que o sol quer brilhar, sem dar explicações. Às vezes, a gente tem dificuldade com isso, né? Só ser, brilhar”, explica Nabiyah. >
Cantora, atriz e produtora musical, Nabiyah Be nasceu e cresceu em Salvador e, desde a infância, se aventurava na dança, no teatro e na música. Ainda jovem, ingressou nos palcos acompanhando seu pai, o cantor de reggae jamaicano Jimmy Cliff. “Passei muito tempo na minha infância em turnê, com meu pai cantando. Meu pai foi a pessoa que me introduziu na música, tive essa porta aberta diretamente ligada a ele. Eu seria outra pessoa se isso não tivesse acontecido”, afirma.>
Aos 18 anos, mudou-se para Nova York, onde estudou e atuou principalmente como atriz, tendo protagonizado o musical Hadestown (2016), vencedor do Tony e do Grammy. Atuou ainda na série Daisy Jones & The Six, vencedora do Emmy; e também do filme Pantera Negra (2018). Trabalhar como atriz impacta diretamente a fase atual de sua carreira: “Eu acho que é inevitável trazer esse lugar de narrativa para as minhas composições. E acabou sendo algo que eu fui traçando, essa veia no álbum inteiro, em termos de ter um arco na história”.>
Influenciada pela riqueza cultural do Brasil e das Américas, Nabiyah Be defende seu caminho enquanto compositora e performer, direcionando seu trabalho musical para uma fusão de sua experiência internacional, mas conservando suas raízes. Na lírica, com versos em português e inglês, fala sobre identidade, família, amor, medo e transformação. No ritmo, inspira-se no soul, jazz, violão acústico brasileiro e ritmos afro-percussivos.>
“Não foi intencionalmente um álbum conceito. Acabou sendo, talvez, por me sentir acolhida pelas histórias, máscaras e fantasias – às vezes, tão humanas – que a vida de atriz me traz. Os arquétipos estão por toda parte, cabe a nós dar sentido a eles”, diz.>
Para a conexão narrativa do álbum, ela traz ao universo sígnico dois elementos: o sol e a serpente. “Na tentativa de unificar as histórias de cada música, bebi de estudos teológicos sobre o sol – ele como força vital, como ancestral e como o Ego – e também da serpente – ela como símbolo de alquimia, transformação e poder. Apesar das grandes temáticas e de uma narrativa um tanto épica, O Que O Sol Quer, na verdade, conta a minha história”, explica a cantora. Os símbolos também aparecem na primeira canção, Electric Serpent, Turn to the Sun. “Serpentes descamam e vão, conte sua história agora”, demarca a letra.>
Com planos de iniciar a turnê pelo Brasil, Nabiyah diz que, além da satisfação de seguir seu caminho enquanto produtora e compositora, tem percebido que o novo trabalho chega com sensibilidade e musicalidade capazes de inspirar os ouvintes em emoções e reflexões.>
Feliz com o retorno, ela compartilha como foi a experiência com um espectador primordial, seu pai: “Mostrei o álbum para ele, no estúdio dele, na Jamaica. E foi muito bonito, principalmente, por se tratar de um álbum que passa muito pelos questionamentos dos laços familiares. Foi um momento muito especial”.>
Veja o clipe de Everybody de Nabiiyah Be presente em O Que O Sol Quer: >
*Com orientação da editora Dóris Miranda>