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Roberto Midlej
Publicado em 22 de outubro de 2024 às 16:57
O espetáculo Vogue Funk, que será apresentado amanhã em Salvador, não foi escolhido aleatoriamente para abrir a 15ª edição do Fiac - Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (Fiac Bahia). O diretor-geral do evento, Felipe de Assis, explica a razão da escolha: “A abertura é muito simbólica, então escolhemos um trabalho que seja uma espécie de ‘declaração’ de intenções e dos desafios do Festival. Vogue Funk é um lindo trabalho que valoriza as culturas periféricas. É feito por pessoas da periferia do Rio de Janeiro, que têm muito presentes a cultura funk e a cultura vogue”.
Vogue Funk será apresentado com entrada franca às 19h, no Teatro Experimental, na Escola de Teatro da Ufba, no Canela. Um dos integrantes da montagem é a bailarina Patfudyda, que vai dividir palco com sete dançarinos e um DJ. A dançarina explica o que é a cultura vogue, que tem destaque na apresentação: “Foi criada por travestis negras na década de 1970, em Nova Iorque. Foi criada para celebrar corpos marginalizados e envolve elementos da moda, teatro e dança. Começou como um baile onde corpos negros trans latinos e periféricos eram celebrados e acabou se firmando como uma contracultura”.
Segundo Patfudyda, em Vogue Funk, o passinho carioca se encontra com a cultura “ballroom”, como também é conhecido o vogue. “No Rio, os bailes funk são criados para celebrar a existência negra periférica. Então, o funk e o vogue são celebrações a corpos urgentes, que buscam visibilidade da potência artística. Importados uma cultura dos Estados Unidos e a ressignificamos, incorporando elementos da cultura brasileira, que são os passinhos cariocas e o funk”. A trilha, criada especialmente para o espetáculo, foi composta pelo DJ Yure IDD.
A bailarina se considera “cria” de Vigário Geral, bairro da Zona Norte do Rio. Artista desde criança, ela se formou em dança na Universidade Federal do Rio de Janeiro e começou a trabalhar como coreógrafa em 2018. “Através da dança, descobri lugares onde meu corpo seria celebrado e, em 2022, fui convidada para apresentações na Suíça, Alemanha, Canadá e outros países”, festeja.
ARTES CÊNICAS
Em sua suas 14 edições, o Fiac sempre deu espaço a quatro manifestações cênicas: teatro, dança, performance e circo. Neste ano, o circo ganhou dois representantes: Batom de Beterraba, que vem da Chapada Diamantina; e L´Homme V., da França. Felipe de Assis diz que o Fiac pretende dar cada vez mais relevância ao circo.
“O Batom de Beterraba representa o interior do estado, mas é formado por quatro mulheres de diversos lugares, como Bélgica e Itália. E, como são mulheres, há um espaço para debates sobre gênero”, revela o diretor do Fiac. Essa apresentação será no dia 27 (domingo), às 17h, no Teatro Martim Gonçalves, no Canela.
O francês L´Homme V., segundo Felipe, se utiliza de técnicas circenses, mas investe também em dramaturgia. É uma performance acrobática de BMX – também conhecido como bicicross – acompanhada por violoncelo ao vivo. A apresentação, gratuita, acontecerá às 10h e às 16h na área externa do Museu de Arte Contemporânea, com entrada gratuita.
Em relação a peças de teatro, Felipe afirma que nos últimos anos o Fiac têm priorizado o teatro performativo, que não tem uma preocupação com uma história linear. Um exemplo na edição atual é Museu do Que Somos, que mistura teatro, performance e museologia, onde o público é convidado a atuar como curador de uma exposição viva.
“Nesse tipo de teatro, não há uma preocupação com personagens e há destaque para elementos da cena, como a iluminação, que pode ser fundamental para contar uma história. Museu do Que Somos será apresentado no Museu de Arte Contemporânea na quinta-feira (24), às 19h, com entrada gratuita. A 15ª edição do Fiac segue até o dia 27, com parte da programação gratuita e outra parte com ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).
SERVIÇO
15º Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (FIAC Bahia). Em locais diversos, como Museu de Arte Contemporânea (Graça); Escola de Teatro da Ufba (Canela) e Teatro Gamboa. 22 a 27 de outubro. Parte da programação é gratuita e parte tem ingressos a R$ 30 | R$ 15. À venda no Sympla.