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Festival MURAL leva cores, bate-papos e oficinas artísticas ao Comércio

Neste domingo (06), o projeto celebrou a inauguração de novos murais em Salvador, feitos por Éder Muniz e Yacuna Tuxá

  • Foto do(a) author(a) Luiza Gonçalves
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 6 de abril de 2025 às 19:12

Festival MURAL - Movimento Urbano de Arte Livre
Festival MURAL - Movimento Urbano de Arte Livre Crédito: CORREIO/Luiza Gonçalves

No último final de semana, o Festival MURAL trouxe ao Doca 1, no Comércio, um momento de diálogo, experimentação e feira cultural, onde artes visuais e coletividade uniram-se para transformar os espaços públicos, democratizar a produção artística e debater outros futuros para nossa cidade. O evento aconteceu de 04 a 06 de abril, recebendo 16 oficinas e oito bate-papos sobre diferentes linguagens artísticas, como estamparia, muralismo, colagem, gravura, macramê, ilustração e processos criativos.

O Projeto MURAL – Movimento Urbano de Arte Livre tem marcado a paisagem cotidiana de Salvador desde 2016 com enormes murais coloridos espalhados pela cidade, que reúnem diversidade de técnicas de pintura, grafite, gravura e de artistas locais. Neste ano, celebra-se a inauguração de dois novos murais realizados pelos baianos Eder Muniz e Yacunã Tuxá. Durante a tarde de ontem (06), os dois artistas visuais se reuniram em um bate-papo conduzido por Luciana Accioly, onde, além de detalharem os projetos, partilharam suas experiências nas artes, poéticas criativas e a missão de debater identidade, território, ancestralidade e coletividade em suas obras.

Original do povo Tuxá, de Rodelas, e residente em Salvador há oito anos, Yacunã Tuxá é artista visual, ilustradora e pintora reconhecida nacionalmente por seu “artivismo”. “Salvador é território indígena e aquilo foi mexendo comigo. Sentia que tinha que construir uma ferramenta de luta que me permitisse dialogar com esse espaço, e foi daí que eu comecei a compartilhar o meu trabalho”, relembrou durante sua fala. Em seu mural Guarde lembranças de Kirimurê, Tuxá buscará dialogar com a presença indígena existente em Salvador a partir da imagem de uma mulher em ritual que enxerga a si mesma. “Ela encara a própria identidade, que é um apelo ou um abraço para as pessoas que têm aquela desconfiança ou que vieram de famílias que migraram do interior da Bahia e que se questionam: ‘Eu sou indígena, e aí?’. Qual o lugar dessa identidade dentro da capital baiana?”, questiona.

“Isso aqui é uma conquista. O grafite, por ocupar a cidade, também força. Ele exige que a cidade se abra para ele porque, antes de tudo, é uma expressão periférica. Especialmente em Salvador, é uma expressão preta. A periferia reivindica isso; a rua também é uma galeria para a gente”, afirmou Eder Muniz. Artista visual soteropolitano desde 2001, Eder propõe, com suas obras, a integração entre arte e cidade, o diálogo com as comunidades e levar reflexão em imagens que mesclam natureza e surrealismo ao cotidiano. “A Amazônia azul, a origem, nos fala de onde a gente veio. A importância que o mar, que as águas têm para este planeta”, define Muniz sobre o mural realizado em fevereiro para o projeto no bairro do Comércio.

Artista Raya Brito no Festival MURAL
Artista Raya Brito no Festival MURAL Crédito: Divulgação/FestivalMURAL

Intervenções artísticas

A programação do Festival MURAL contou ainda com feirinha de artes, com cerca de 30 expositores, e intervenções artísticas durante a manhã e a tarde, como live painting, shows e discotecagem de DJs. “A gente pretende estar cada vez mais contribuindo com essa ampliação da galeria de arte urbana, aberta, livre, pública, na nossa cidade e também valorizar cada vez mais os artistas locais, trazer artistas também de fora para que possam promover uma troca — de conhecimentos, técnicas, estilos — e isso possa estar cada vez mais se profissionalizando. Eu fico muito feliz de conseguirmos dar continuidade a um projeto como esse, que é o primeiro projeto de arte vertical de Salvador”, afirma Vanessa Vieira, coordenadora do MURAL.

Uma dessas artistas era Raya Brito, 28, responsável por ministrar a oficina de Composição Visual e por uma das intervenções de pintura ao vivo. “A minha temática artística é mais voltada à cultura afro-baiana e à estética negra brasileira. Eu também gosto muito de trazer uma releitura da bandeira do Brasil, como a de hoje, onde, em vez de ‘Ordem e Progresso’, eu escrevo ‘Cultura e Acesso’. Acho iniciativas como esse evento muito legais, com uma boa troca com o público, e adoraria um dia estar entre os artistas dos murais”, afirma.