Festa das Mulheres na Literatura acontece nos dias 8 e 9 de março

Flimina celebra momento de 12 autoras de diferentes estilos na Caixa Cultural

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  • Luiza Gonçalves

Publicado em 5 de março de 2024 às 08:40

Flimina celebra momento de 12 autoras  de diferentes estilos na Caixa Cultural
Flimina celebra momento de 12 autoras de diferentes estilos na Caixa Cultural Crédito: Divulgação

Autoras, professoras, pesquisadoras, leitoras e influencers, o protagonismo feminino também está na literatura. Um universo de possibilidades e espaços que será celebrado na primeira Flimina - Festa das Mulheres na Literatura, que acontece sexta (8) e sábado (9) na Caixa Cultural Salvador.

Sendo a primeira festa literária com programação 100% feminina, a Flimina trará em suas mesas 12 convidadas especiais para debates que perpassam temáticas como equidade de gênero, desafios sociais e ambientais e produção de conteúdo para o ambiente digital. O evento tem entrada gratuita e seus ingressos podem ser retirados na plataforma Sympla, a partir das 12h de hoje (5).

A Flimina surgiu originalmente a partir de duas constatações: a presença massiva de mulheres nos eventos literários como audiência e compradoras de livros, e o momento de intensa produção de escritoras nos mais diferentes gêneros literários, como explica Edma Góis, responsável pela curadoria desta edição.

Jornalista e pesquisadora de literatura brasileira contemporânea desde 2005, Edma está segura na crença de que os livros e a leitura contribuem para a construção de novos imaginários e formas de vida em sociedade.

“A literatura, assim como as artes em geral, na minha opinião, não precisa ter uma função exata, mas inevitavelmente atua para nos tornar sujeitos mais empáticos e menos robotizados do que nosso atual estado de sociedade enseja. A literatura permite que a gente imagine e esse gesto, por si só, pode ser revolucionário. É este o convite que mulheres escritoras do Brasil e de outras partes do mundo têm nos feito”, afirma a curadora da Flimina.

Apesar das dificuldades que ainda existem para as mulheres escritoras, Edma Góis defende que o campo literário brasileiro - composto por agentes que influenciam a produção, a circulação e o consumo de livros nas diversas camadas sociais e faixas etárias - mudou muito nas últimas duas décadas, fazendo com que ele esteja mais aberto e representativo.

Mais acessível

“Exemplo disso é a expansão do número de editoras que não para de crescer no país e que permitiu que muitas escritoras publicassem pela primeira vez, sem depender das grandes casas editoriais”, diz ela. De acordo com Edma, a própria literatura se tornou mais acessível para mulheres como leitoras e como escritoras a partir de mudanças no tecido social, numa nova realidade das universidades, hoje mais diversas em raça e classe, por exemplo.

“Sim, a impressão é que temos mais mulheres escrevendo, mas também não podemos esquecer que, antes da popularização das redes sociais, muitas autoras já batalhavam para divulgar e vender seus livros”, completa.

A Flimina é fruto desse movimento e pretende refletir os novos debates presentes na literatura e no diálogo dela com outros sistemas artísticos em sua programação. Edma detalha que, durante o processo de curadoria do evento, buscou agregar diferentes linguagens, formas de escrever e mesclar nomes mais conhecidos do público, com artistas da Bahia, mas que muitas vezes circulam mais em circuitos específicos. Além disso, ela destaca a pluralidade de gerações, territorialidades, etnias, orientações sexuais e como elas se traduzem nas obras das artistas.

Escuta atenta

O evento será composto por quatro mesas, começando no Dia Internacional da Mulher (8), às 19h, com o debate intitulado Por que Lutamos?, conduzido por Suzane Lima Costa e tendo como convidadas a jornalista Eliane Brum e Yacunã Tuxá, artista do povo indígena Tuxá de Rodelas (BA), que usa tecnologia e mídias digitais em defesa da sustentabilidade do planeta.

No sábado (9), o evento reinicia suas atividades às 9h com a mesa Criar Mundos Ficcionais, com mediação de Mônica Menezes e falas da escritora Aline Bei, uma das escritoras mais proeminentes de sua geração, com O Peso do Pássaro Morto e Pequena Coreografia do Adeus, e Karina Buhr, artista consolidada na música que é autora de Mainá e Desperdiçando Rima.

No mesmo dia, às 14h, a escritora Ryane Leão (Tudo Nela Queima e Brilha) e a poetisa Lorena Ribeiro, criadora de conteúdo no YouTube e Instagram no projeto literário Passos entre Linhas. Elas conversam sobre a importância das plataformas digitais para formar e informar novas gerações de escritoras em todo o país.

Para encerrar, às 17h, a mesa O Que Pode a Palavra aborda a literatura escrita por mulheres e o papel da poesia diante dos desafios do mundo. Com mediação de Fernanda Miranda, o momento reunirá a multiartista Elisa Lucinda e a escritora e ativista baiana Jovina Souza, reconhecida pelo trabalho em projetos de identidade e autoestima de pessoas negras.

“A minha expectativa pessoal é de que o público escute genuinamente o que essas mulheres têm a dizer a partir dos seus trabalhos. Escutem e sejam afetados por alguma coisa dita, porque a verdade é que o mundo anda muito barulhento e queremos escutar apenas o que nos é conveniente”, revela a curadora.