Em carta a juiz, Cupertino nega ter matado ator de Chiquititas: 'Massacrado e perseguido'

Cupertino vai a júri popular daqui há uma semana e fiz que “já estará condenado injustamente, sem chance de defesa"

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Publicado em 3 de outubro de 2024 às 19:18

Rafael Miguel e Paulo Cupertino
Rafael Miguel e Paulo Cupertino Crédito: Reprodução

Preso há dois anos por ter assassinado o ator Rafael Miguel e os pais dele, Paulo Cupertino Matias escreveu uma carta de nove páginas para o Tribunal de Justiça de São Paulo pedindo para deixar a cadeia.

Segundo Cupertino, a prisão é injusta e ele “clamando por seus direitos”. Ele diz que seus direitos “estão sendo negados” com “uma narrativa e fatos que não condiz com a verdade”.

Cupertino escreveu carta para juiz
Cupertino escreveu carta para juiz Crédito: Reprodução

Segundo o site Metrópoles, que teve acesso ao documento, o acusado inicia a carta mencionando o Pacto de São José da Costa Rica, ao qual o Brasil aderiu há 32 anos, pedindo direito à liberdade e a um julgamento justo. “Excelência eu me encontro preso desde 16 de maio de 2022 e bem antes da minha prisão venho sendo acusado, massacrado e perseguido de formas e informações totalmente desprovidas [de verdade] e mentirosas”, iniciou.

Ele diz que o ex-ator de Chiquititas e os pais de fato foram assassinados “por perfurações de arma de fogo”, mas nega ter sido o autor dos disparos, alegando não haver provas disso.

Cupertino ficou foragido da Justiça por quase três anos. Ele chegou a usar uma identidade falsa para viver em uma cidade do interior do Paraná, onde usava o nome Manuel Machado da Silva.

Ao seguir com o documento, ele disse que as testemunhas do caso acreditam que ele tenha dado os tiros, mas que elas só escutaram os barulhos da arma de fogo.

Em seguida, ele garante que irá relatar tudo “ou quase” tudo o que aconteceu e “pedir providências”. Além disso, Cupertino critica o fato do caso ter tido repercussão nacional, porque isso “contamina o processo”, “formando uma negativa massiva contra a minha defesa e provas da minha inocência”.

Ele vai a júri popular, no próximo dia 10 de outubro, em São Paulo. Segundo Cupertino, a decisão desse tipo de julgamento é injusta, uma vez que ele “já estará condenado injustamente e bem antes de lá estar, sem chance de defesa”.

Por fim, o homem diz ainda que se sente como “em tempos medievais” nos quais o acusado “ia direto à forca, sem ter chance de seus direitos analisados”, e garante que ficou foragido apenas por temer pela própria vida e por também ter “muito medo da polícia”.

O crime aconteceu em 2019 na zona sul paulistana. Na época, a filha dele, Isabela Tibcherani, namorava com Rafael Miguel há um ano e meio. Apesar disso, o homem garante que “nunca antes na vida teve o conhecimento existência das vítimas”.

O crime

De acordo com denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), Paulo Cupertino matou o ator Rafael Miguel, 22 anos, o pai dele João Alcisio Miguel, de 52, e a mãe, Miriam Selma Miguel, 50, porque não aceitava o namoro do jovem com a filha dele, Isabela Tibcherani, na época com 18 anos, com o rapaz.

A família teria ido à casa da namorada do ator tentar convencer o pai da jovem de que Rafael tinha boas intenções com Isabela. Ao todo, 13 tiros foram disparados. Atualmente, o empresário Paulo Cupertino Matias, de 52 anos, responde preso preventivamente pelo triplo homicídio.

Na época do crime, a filha de Cupertino disse que o pai era possessivo e odiava mulheres. Além disso, disse ter ficado surpresa por também não ter sido assassinada.

“Ainda não consigo acreditar, mas estou me esforçando. Juro que o máximo que pensei que fosse possível era meu pai sair na mão [briga de socos]. Mas quando eles [Rafael e os pais] chegaram, ele me mandou entrar e começou a atirar”, declarou a namorada de Rafael em entrevista em 2019.