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Luiza Gonçalves
Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 12:00
A exposição Axé: A Força Sonora e Visual de um Movimento, em cartaz na Caixa Cultural Salvador, celebra o legado musical, visual e artístico do movimento sonoro que, há quatro décadas, ganhou a Bahia e o Brasil. Disposta nos dois andares do casarão da Rua Carlos Gomes, o público poderá imergir em um acervo que conduz a história da axé music através de itens icônicos, interatividade e experiências digitais, conectando passado e presente. A mostra permanece em cartaz até o dia 16 de março.
“A exposição tem o sentido de comemorar, homenagear, mostrar ao Brasil os 40 anos do maior movimento musical dos últimos dois séculos, um movimento que foi muito além da música e, sim, chegou a um comportamento social, a um jeito de ser de um lugar que varreu o país durante muito tempo”, afirma o curador Jonga Cunha. Músico, empresário, radialista, marketeiro, Jonga reflete que sua trajetória pessoal confunde-se um pouco com a da própria axé music e do carnaval.
Ele revela uma relação profunda, intensa e de grande admiração na promoção da cultura musical baiana e, por isso, organizar uma exposição como esta não deixa de ser um prazer e um grande desafio: “Um movimento tão complexo, rico, cheio de ritmos, informação, dança, cores, formas... É muito difícil de condensar, é muito difícil de resumir. E, sem dúvida, esse é o maior desafio quando você parte para fazer uma exposição como esta”.
A mostra inicia com o acervo histórico, onde são apresentados elementos do carnaval, como capas de discos, figurinos, peças de divulgação e instrumentos utilizados por artistas. Ela contempla ainda atrações interativas: Palco Experiência, onde os visitantes poderão participar de uma simulação de passagem de som de uma banda de axé utilizando bateria, teclado e percussão; e Acervo de Sons, ferramenta digital interativa que oferece uma seleção das músicas icônicas gravadas no estúdio WR, onde os primeiros sucessos foram produzidos, prestando homenagem também ao seu criador, Wesley Rangel.
“A WR é o pai da axé music, porque, a partir dela, o que se tocava na Bahia foi gravado do nosso jeito. A música não foi tolhida, não foi censurada pelo jeito do Sudeste brasileiro de fazer música”, pontua Jonga.
Movimento estético
Logomarcas, trios vistosos, abadás que mudaram a lógica das festas de rua. Ao longo de suas décadas, a axé music teve seu imagético influenciado por artistas que deram um novo tom ao carnaval baiano. Um deles é Pedrinho da Rocha, também homenageado nos espaços Cores da Infância, voltado para o público infantojuvenil, com layouts criados por ele para serem coloridos, e Você com seu Ídolo, painel cedido pelo artista, com rostos de artistas, onde o público poderá inserir seus próprios rostos.
“Pedrinho da Rocha foi o ilustrador desse movimento, através das peças publicitárias, das pinturas nos trios elétricos, nos carros de apoio, nas mortalhas e abadás, os ícones visuais dos blocos de carnaval. Enfim, é um cara que teve no seu pincel a cara do movimento”, explica Jonga Cunha.
Depois de 47 anos trabalhando com eventos, Pedrinho se define como um criador, pois acredita que seus maiores êxitos partiram da busca por soluções. Algumas delas marcaram a história da axé music, como: a invenção do abadá; a ideia dos três abadás, um para cada dia; o Fobicão de Armandinho, Dodô e Osmar criado em 2000 e utilizado até hoje; a primeira capa de disco da banda Cheiro de Amor; o trio da caravela do Asa de Águia, em comemoração dos 500 anos do Brasil; e marcas como a patinha do Camaleão e a do Asa de Águia.
“Junto com um punhado de empreendedores, fomos uma geração que mudou o entretenimento baiano, gerando vários eventos, produtos, artistas e modelos de trabalho. A própria axé music é um produto criado por essa minha geração. Invadimos o Brasil com nossa forma de fazer a festa. Exportamos know-how”, arremata Pedrinho.
*Com orientação da editora Dóris Miranda