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Luiza Gonçalves
Publicado em 19 de março de 2025 às 11:09
O Festival de Rua vem para mostrar que o lugar das artes é no cotidiano, na livre circulação, que conecta o criador e o público. Desde 2002, o evento reúne grupos e solistas do mundo inteiro em Salvador e em cidades do interior da Bahia, retornando neste ano para sua 18ª edição. O evento acontece em Salvador, Conceição do Almeida e Jequié, com oficinas e espetáculos gratuitos de música, dança, teatro, circo e artes visuais. Artistas de oito estados brasileiros e oito países transformarão as ruas em um grande palco a céu aberto. Na capital, o festival será realizado na sexta (21) e no sábado (22), das 19h às 22h, e no domingo (23), das 17h às 21h, na Fábrica Cultural/Mercado Iaô, na Ribeira. >
“As apresentações e as interações entre esses artistas poderiam ser consideradas um enriquecimento da vida cultural. Nas cidades do interior, o festival tem outro impacto. A capital já é plural em eventos culturais. Para o público das cidades menores, os grupos que vêm de outros países e continentes são mais ‘exóticos’, e, para os artistas do interior do estado, é uma experiência diferente e prazerosa também, especialmente para os que ainda não conhecem a Bahia”, destaca Bernard M. Snyder, diretor artístico e coidealizador do festival.>
A proposta central do evento é a interação cultural, seja entre diferentes localidades ou linguagens. As performances selecionadas priorizam a acessibilidade ao público, a qualidade e o profissionalismo das apresentações, a interatividade, a diversidade e a colaboração entre países, destaca Snyder. “O Festival de Rua nasceu como um evento internacional, e a interação entre culturas diversas faz parte do DNA do festival. Sempre estimulamos colaborações entre grupos de vários países”, diz.>
Intercâmbios>
Um dos exemplos na programação deste ano é o Espaço Núcleo de Circo, que reúne performers do Brasil, Chile e Argentina, ofertando oficinas de circo abertas para a comunidade. Em estações rotativas, o público do festival terá a possibilidade de se envolver em uma experiência prática circense, com malabares, acrobacias de chão e aéreas e equilíbrios.>
“Nessa ocasião, nossa equipe tem a função de democratizar as práticas circenses, levando as atividades lúdico-artístico-esportivas para a comunidade local da Ribeira e de outros pontos de Salvador. Queremos levar o circo como prática corporal integral e ser um exemplo de superação dos próprios desafios corporais. O circo é uma ferramenta de transformação social e uma prática integral que todas as pessoas deveriam ter a possibilidade de experienciar”, afirma Alexis Ayala, artista argentino e um dos organizadores.>
Trocas que também são geracionais e fundamentais para a perpetuação da cultura, pontuam Mariana Acioli e Allan de Freitas, integrantes do Mamulengo Água de Cacimba (PE). “O Teatro de Bonecos Popular do Nordeste foi reconhecido, em 2015, como patrimônio cultural imaterial do país. Dessa maneira, fazem-se necessárias ações de salvaguarda desse brinquedo, a fim de valorizá-lo, preservá-lo e divulgá-lo. Brincar nosso mamulengo na rua é uma possibilidade de encontro com as diferentes pessoas que ali transitam, o que enriquece a narrativa dos bonecos, já que esse é um teatro que se desenvolve também pela interação com o público. A continuidade dessa arte é manter viva a memória daqueles que vieram antes de nós”, afirmam.>
Além dos famosos bonecos, a apresentação conta com música ao vivo, dando vida à trama e alegrando diferentes faixas etárias. “A criança que assiste a uma brincadeira de mamulengo brinca junto com as figuras. Já os adultos se conectam com sua criança interior, acessando lugares de memória afetiva. O Teatro de Bonecos Popular do Nordeste é para todas as idades”, explica a dupla.>
Programação: festivalderua.com>