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Roberto Midlej
Publicado em 12 de julho de 2024 às 06:00
A ligação dos Paralamas do Sucesso com a Bahia é antiga e o trio formado por Herbert Vianna (guitarra e voz), João Barone (bateria) e Bi Ribeiro (baixo) vem com frequência a Salvador, para a felicidade dos fãs baianos. Ainda celebrando o aniversário de 40 anos do grupo, completados em 2022, os três estão de volta à cidade neste domingo, às 19h, na Concha Acústica, com a turnê Clássicos. >
No repertório, estão as canções que marcaram as quatro décadas de uma das bandas mais importantes da música brasileira, como Meu Erro, A Novidade e Melô do Marinheiro, além da sempre presente Alagados, que tem um dos riffs de guitarra mais marcantes do rock nacional. Nesta conversa com o CORREIO, Bi Ribeiro fala sobre a canção, cujo título faz referência ao bairro de Salvador que ficou conhecido pela sua favela formada por palafitas.>
Bi também fala de momentos inesquecíveis que viveu no estado, como o casamento dele com a baiana Jaqueline Campos, na cidade de Amargosa, de onde ela é.>
A amizade e a relação profissional com Carlinhos Brown também foi assunto do papo e o baixista fez muitos elogios ao colega baiano, autor de um dos maiores sucessos do Paralamas, Uma Brasileira, que, claro, também estará no show deste domingo.>
Um dos maiores clássicos do Paralamas, Alagados, tem uma relação com a Bahia. Como surgiu a música?>
Alagados foi inspirada no mote “a arte de viver dá fé, só não se sabe fé em quê”, que é a história de um cara que acorda num lugar sem saneamento, sem estrutura nenhuma, sem perspectiva de vida, de nada. Fizemos uma analogia a três lugares parecidos fisicamente, que eram casas em palafitas: Alagados, na Bahia; Favela da Maré, no Rio, que não existe mais; e Trenchtown, uma favela na Jamaica. Conhecemos [o local] Alagados em Salvador, quando fomos tocar no Clube Periperi e passamos por lá. Ficamos muito felizes porque, depois que a música saiu, o pessoal do Ara Ketu [ligado ao bairro de Periperi] nos chamou para uma homenagem. >
Carlinhos Brown, que é baiano, tem uma relação próxima com os Paralamas. Como começou essa relação?>
Nossa relação com Brown é muito antiga. No Carnaval de 1985, eu e João Barone viemos passar Carnaval aqui pela primeira vez na Bahia e conhecemos Brown tocando com Luiz Caldas, no trio. Um ano depois, ele foi ao Rio e tocamos juntos. Depois, veio a composição de Uma Brasileira [1995], que gravamos aqui em Salvador, no estúdio WR. Ele também deu duas músicas para a gente no disco Brasil Afora [2009]. Herbert fala que Brown é a maior expressão de genialidade com que cruzamos em toda a nossa estrada, porque é uma explosão de talento e ideias.>
Vocês sempre vieram com frequência a Salvador, desde o início da carreira. Que lembranças inesquecíveis - profissionais e pessoais - vocês têm daqui?>
A primeira vez que viemos aqui, em 2 de fevereiro de 1984, para abrir o show do Jimmy Cliff, no Bahiano de Tênis [clube social no bairro da Graça, que sediava shows]. Imagina: era 2 de fevereiro e a gente não conhecia Salvador, não tinha ideia de como era a festa de Iemanjá. Ficamos perplexos e a gente se apaixonou no primeiro dia. Outro momento inesquecível seria destacar um show, mas não consigo destacar só um. Então, todos os shows na Bahia e em Salvador são inesquecíveis, momentos únicos para tocar nesse estado e nessa cidade que a gente ama. E o último momento foi meu casamento: me casei no fim do ano passado em Amargosa.>
Fala-se muito na “família” Paralamas. Depois do acidente de Herbert, vocês parecem estar ainda mais unidos. Você e Barone sentem-se no “dever” de cuidar dele?>
Nós sempre fomos muito unidos e nunca foi um “dever” estar ao lado de ninguém aqui. É sempre um prazer. A gente quer estar junto, tocar junto, somos amigos, irmãos. E talvez essa unidade tenha parecido mais sólida depois do acidente, mas sempre foi a mesma coisa.>
O Paralamas esteve no primeiro Rock in Rio, em 1985 e estará no próximo, em setembro. Qual a importância desse festival para vocês?>
Qualquer artista que está escalado pra lá pensa a mesma coisa: um megafestival, a gente sente muito honrado em ser convidado mais uma vez, ainda mais porque é uma edição especial, de 40 anos. Vamos estar lá e pouca gente que participou do primeiro festival vai estar lá. Somos um dos representantes daquela edição. E naquele ano de 1985, o Rock in Rio foi a catapulta que a gente precisava para aparecer para todo o Brasil, porque já tínhamos algum sucesso entre Rio e São Paulo. E fomos tidos como a zebra daquele festival porque ninguém esperava nada.>
Falou-se muito que a qualidade de som para as bandas brasileiras era inferior à oferecida às bandas estrangeiras.>
A qualidade era a mesma para todo mundo, só que o equipamento que aparece no festival, todo vindo de fora, era um equipamento muito moderno e muita gente não soube lidar com aquilo, não soube operar. Então, foi mais falha humana que de equipamento. Ninguém limitou nada para ninguém, inclusive nosso som foi muito bom.>
SERVIÇO>
Paralamas do Sucesso. Domingo (14), às 19h. Concha Acústica. Ingresso: R$ 200 (terceiro lote. meia entrada esgotada). À venda no site Bilheteria Digital>