Do estrelato ao isolamento: como Val Kilmer viveu seus anos finais acamado e quase sem voz

Nos últimos oito anos, Val Kilmer viveu uma transformação radical. O ator que marcou gerações como Iceman em "Top Gun" e Jim Morrison em "The Doors" enfrentou um inimigo fora das telas: um câncer na garganta diagnosticado em 2014, que mesmo vencido deixou sequelas permanentes. Sua voz, antes instrumento de trabalho, foi reduzida a um sussurro rouco após uma traqueotomia em 2015. Kilmer morreu essa semana, aos 65 anos. 

O que começou como um tratamento médico tornou-se uma redefinição de vida. Kilmer, que chegou a negar publicamente a gravidade de seu estado em 2015, acabou admitindo ao The Hollywood Reporter em 2017: "Isso cobrou seu preço". Seus últimos anos foram de internações frequentes, tratamentos e um silêncio imposto - ironicamente cruel para quem fez da voz seu ofício.

Segundo reportagem do TMZ, a saúde do ator vinha se deteriorando nos últimos anos. O tratamento contra o câncer, diagnosticado inicialmente em 2014, começou a deixá-lo se energia. Quando ele morreu, estava livre da doença, segundo as primeiras informações, mas o preço já havia sido cobrado, e ele passou os últimos anos acamado e com dificuldades para falar. 

A doença redesenhou completamente a relação de Kilmer com o cinema. Sua última aparição significativa foi em "Top Gun: Maverick" (2022), onde sua cena com Tom Cruise exigiu tecnologia de inteligência artificial para recriar a voz que o câncer levou. Uma solução para um problema que simbolizava sua jornada: mesmo sem palavras, sua presença ainda emocionava.

Antes do diagnóstico, Kilmer era conhecido por sua intensidade tanto nos papéis quanto nos bastidores. Seu Jim Morrison em "The Doors" (1991) e seu Bruce Wayne em "Batman Forever" (1995) mostravam um ator capaz de mergulhar fundo em seus personagens. Nos últimos anos, essa energia foi canalizada para outra batalha - mais privada, mas não menos intensa.

No início desse ano, ele precisou ser hospitalizado por motivos não divulgados. Na semana passada, ele teve uma piora brusca e o estado passo a ser considerado crítico. Família e amigos foram avisados e tiveram tempo de visitá-lo. O ator morreu por conta de uma pneumonia, segundo confirmou a filha, Mercedes.