Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Diretores de Vingadores revelam como lidam com críticas e bastidores de seu novo trabalho

CORREIO entrevistou os irmãos Russo no lançamento de The Electric State na última sexta-feira (14), em São Paulo

  • Foto do(a) author(a) Luiza Gonçalves
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 19 de março de 2025 às 08:00

Irmãos Russo no Brasil para o lançamento de The Eletric State
Irmãos Russo no Brasil para o lançamento de The Eletric State Crédito: Reprodução/Instagram

Talvez você não saiba, mas os irmãos Joe Russo e Anthony Russo são dois dos diretores de maior sucesso da atualidade, responsáveis por marcar a infância e a adolescência de milhões de jovens na última década.

Os dois fazem a maior parte de seu trabalho em conjunto, dirigindo filmes de aventura e ficção, notoriamente Capitão América: O Soldado Invernal (2014), Capitão América: Guerra Civil (2016), Os Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Os Vingadores: Ultimato (2019), que se tornou, temporariamente, o filme de maior bilheteira da história do cinema. “Nós somos muito sortudos. Conseguimos fazer coisas maravilhosas com nossa produção cinematográfica ao longo de nossas vidas”, celebraram os irmãos Russo durante entrevista.

Na última sexta-feira (14), o CORREIO esteve presente em uma coletiva de imprensa com os diretores em São Paulo para um bate-papo sobre cinema, seu novo filme e o impacto da tecnologia na produção audiovisual. “Uma das coisas que mais amamos é contar histórias e, hoje em dia, isso está acontecendo em uma escala global. Filmes de cineastas ao redor do mundo e públicos ao redor do mundo estão compartilhando as mesmas histórias”, destacou Anthony Russo.

Os irmãos Russo voltam, neste ano, às telas do streaming com The Electric State, uma ficção científica da Netflix ambientada em uma versão alternativa dos anos 1990, após uma revolta de robôs. Protagonizado por Millie Bobby Brown, o filme acompanha a jornada de uma adolescente órfã que cruza os Estados Unidos em busca do irmão, ao lado de um robô e um contrabandista.

“Parte da diversão de The Electric State é justamente essa ideia estranha do passado e do futuro de uma maneira incomum, e sentimos que isso era muito oportuno agora”, destacam os diretores. Durante a entrevista, os irmãos Russo detalham a produção do filme, como foi trabalhar com Millie Bobby Brown e revelam como lidam com as possíveis críticas. “A gente não precisa que todo mundo concorde com um filme, que ele fale com eles, tenha significado ou valor para eles. É bom ter pontos de vista diferentes”, afirmam.

Leia a entrevista completa a seguir:

Como foi misturar as referências dos anos 90 e diferentes robôs para criar o universo de The Electric State e trazer algo novo?

A: Parte da razão pela qual ambientamos o filme nos anos 90 foi a ideia de abordar a tecnologia e os robôs de uma forma retrofuturista. Então, estávamos olhando para um passado que nunca aconteceu e imaginando que seria um futuro mais avançado que ainda não chegamos. Joe e eu sempre tentamos pegar duas ideias que parecem não combinar e juntar elas para ver no que dá. Acho que parte da diversão de The Electric State é justamente essa ideia estranha do passado e do futuro de uma maneira incomum e sentimos que isso era muito oportuno agora e os anos 90 foram o momento em que nossas vidas digitais começaram. Então queríamos contar uma fábula sobre nossa experiência com a tecnologia e ambientá-la nesse momento de origem.

The Electric State explora a relação entre humanos e inteligência artificial. Quão importante é debater esses tópicos hoje ?

J: É mais importante do que nunca. Estamos à beira do avanço tecnológico mais profundo da história da humanidade. Estamos preparados para isso? Eu não sei. Acho que todos nós sentimos um medo existencial em relação a isso, então vale a pena falar sobre o assunto. A intenção do filme não é demonizar a tecnologia, ela tem feito coisas incríveis por nós. Mas, ao mesmo tempo, ela é muito perigosa ou faz coisas que são perigosas e precisamos aprender como mitigar esses aspectos. Não estamos propondo ter respostas. São questões complexas demais para serem resolvidas em um filme infantil sobre robôs e temas tecnológicos, mas queríamos que crianças da idade de nossos filhos assistissem ao filme e pensassem sobre o que esse dispositivo na mão delas faz com elas., fazê-las focar por alguns minutos em uma história que faz você pensar, perguntas mais profundas sobre a sua relação com a tecnologia e se você tem um equilíbrio saudável com ela.

O filme também abre discussão para subtópicos como opressão, busca pela identidade e medo do desconhecido. Como vocês sentiram que era uma boa oportunidade para discutir isso?

J: Alguns dos humanos no filme têm um comportamento pior do que o robô. A tecnologia, na verdade, é uma ferramenta para amplificar a sua alma, e ela pode ser amplificada de maneiras diferentes. Se você for uma boa pessoa, vai ser amplificada de uma maneira, se for uma pessoa ruim, vai ser amplificada de outra. Você pode usá-la para manipular as pessoas, pode usá-la para atormentar as pessoas, pode usá-la para intimidá-las, ou pode usá-la para celebrar as pessoas. Infelizmente, sinto que, sabe, 80% do tempo estamos usando isso para atormentar as pessoas ou atacá-las ou intimidá-las ou dividi-las. São os problemas que queríamos abordar no filme e fazer com que as famílias conversassem sobre isso em casa enquanto assistem.

Você disse que The Electric State pode ser visto como um filme infantil. Vocês tinham um público-alvo específico?

J: Sempre que trabalhamos em um filme nos perguntamos, dentro do tema desse filme, para quem ele é mais relevante. Ele é mais relevante para as crianças. Porque as crianças estão na linha de frente, elas estão mais expostas. Então, queríamos fazer isso, por isso mudamos o tom do livro quando fizemos o filme. Foi uma parte da conversa que tivemos com o autor original Simon Stalenhag, ele também tem filhos e disse: "Sim, acho que devemos tentar tornar esse tom mais apropriado para que possamos alcançar um público maior”.

A: Tentamos fazer para todos, incluir tanto adultos quanto crianças. Isso era uma grande esperança nossa, porque temos essa experiência com nossos filmes da Marvel, é muito valioso quando pais e filhos, avós, ou qualquer outra pessoa, podem assistir a filmes e compartilhar uma história juntos.

Como foi trabalhar com Millie Bobby Brown?

J: Foi incrível. Conhecemos ela e sua família há anos, vimos a Millie crescer. Minha filha a conheceu no set de Stranger Things na 2ª temporada e me tornei amigo do pai dela, então, a conhecemos há muito tempo e foi incrível ver ela crescer e se tornar uma líder tão incrível e atenciosa. É a coisa mais difícil do mundo crescer sob os holofotes da fama. Cada movimento que você faz, cada decisão que toma, é escrutinada interminavelmente por um monte de estranhos e depois colocada online para o mundo debater. Ela é tão graciosa e carismática. Na verdade, escrevemos o papel para ela. Não conseguíamos realmente imaginar como faríamos o filme sem ela.

Comparando a produção de filmes para o cinema e para o streaming quais são as principais diferenças que vocês veem?

A: Uma das coisas que mais amamos é contar histórias e hoje em dia isso está acontecendo em uma escala global. Filmes de cineastas ao redor do mundo, públicos ao redor do mundo, estão compartilhando as mesmas histórias. Isso faz o mundo ficar menor de uma forma boa, ajuda a conectar as pessoas, ajuda as pessoas a estabelecerem relações e diálogos umas com as outras. Você certamente pode encontrar isso nos cinemas de uma forma valiosa, mas os streamings, especialmente a Netflix, têm uma plataforma global incrível. Nosso trabalho é simplesmente criar histórias que achamos significativas e tentar levá-las ao público que acreditamos que será valioso para elas. Não podemos controlar os hábitos que mudam. Eu tenho quatro filhos que não assistem à televisão, eles só assistem a computadores ou celulares. É assim que eles recebem as histórias.

Qual a diferença que você vê na produção deste filme e os outros tendo em vista o alto orçamento do projeto? Há mais pressão?

A: O orçamento para nós é uma função do que você está tentando fazer criativamente. E como você pode alcançar isso de forma criativa. Certas coisas exigem mais dinheiro do que outras. Ao longo de nossas carreiras, fizemos filmes com o menor orçamento possível e fizemos filmes com o maior orçamento possível. E valorizamos todo o espectro em termos do que você faz. Agora, The Electric State, em particular, tem um nível extremamente alto de design. O mundo inteiro é uma grande fantasia cheia de personagens não humanos que precisam ser criados digitalmente. Então, não é um filme barato de fazer, porque além de tudo, ele tem um visual fotorealista. Esse filme aspira a fazer isso e a Netflix viu o valor disso e conseguiu apoiar o projeto como um parceiro, tanto criativamente quanto financeiramente. Quanto à pressão, tentamos não pensar muito sobre isso. Sabe, tentamos apenas pensar no motivo de querermos fazer isso, o que nos motiva e quais são as ferramentas que temos para fazer isso.

Vai haver uma sequência ou um prelúdio?

J: Sempre construímos mundos para que haja potencial, se sentirmos ou se o público sentir que quer mais histórias nesse espaço. Foi um mundo divertido de construir, há muitas ideias potenciais que poderiam nele. Houve muita energia, esforço e imaginação investidos na construção e seria interessante ver o que outros cineastas fariam com isso. Mas nada ainda é garantido.

Como vocês lidam com críticas negativas?

A: Nós somos muito sortudos. Conseguimos fazer coisas maravilhosas com nossa produção cinematográfica ao longo de nossas vidas. Se conseguirmos encontrar uma maneira de contar histórias, isso é o mais importante para nós. Mas, parte do valor é que as pessoas discordem sobre as coisas. A gente não precisa que todo mundo concorde com um filme, que ele fala com eles, tenha significado ou valor para eles. É bom ter pontos de vista diferentes. Enquanto conseguirmos fazer outro filme estamos bem com isso.

*A jornalista viajou para São Paulo a convite da Netflix