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Roberto Midlej
Publicado em 18 de abril de 2024 às 06:00
São raras as vezes em que vimos no cinema o território dos Estados Unidos sob ameaça de uma guerra contemporânea ou invasão estrangeira. A não ser, claro, quando falamos de um filme sobre alienígenas, porque aí, invariavelmente, os ETs pousam em terras americanas, como vimos em Independence Day (1996) e afins.
A paz americana também é abalada nos filmes de super-heróis, quando um vilão fictício quer dominar o mundo e começa querendo conquistar os EUA. Mas nesses dois casos, é óbvio, tudo não passa de fantasia e está muito longe de parecer minimamente verossímil.
Mas Guerra Civil, que estreia nesta quinta-feira (18) nos cinemas, chega para causar impacto, dando um tom bastante realista e verossímil à possibilidade de um conflito armado se desencadear em território americano. Com o baiano Wagner Moura entre os protagonistas, a produção de US$ 50 milhões conta uma história em um ambiente distópico, num futuro próximo, quando uma guerra civil se instaura nos Estados Unidos.
Em entrevista ao CORREIO, via Zoom, Wagner Moura concorda que o filme dirigido por Alex Garland foge da fórmula que costuma ser mostrada nas produções de guerra filmadas em Hollywood: "Foge totalmente! E o filme tem causado uma dissonância cognitiva nas plateias americanas, sobretudo porque nas imagens que os EUA produzem [na ficção e na realidade], estão sempre os países dos outros, como Afeganistão, Iraque e Vietnã".
O ator acrescenta que a possibilidade de uma guerra em território americano, como ocorre no filme, tem mexido com a cabeça da plateia dos EUA:
Wagner Moura
atorWagner vive o jornalista Joel, que viaja pelos EUA em meio à guerra acompanhado de uma colega, a fotógrafa Lee (Kirsten Dunst). Juntos, eles registram a dimensão e a situação de um cenário violento que tomou as ruas em uma rápida escalada, envolvendo toda a nação. No entanto, o trabalho de registro se transforma em uma luta pela sobrevivência.
A julgar pelo desempenho nas bilheterias dos EUA neste final de semana, quando estreou, Wagner parece estar certo quando diz que o filme tem mexido com a plateia americana: a produção deve cair no gosto popular, já que foi o longa-metragem que levou mais gente aos cinemas entre sábado e domingo (dias 13 e 14), com uma arrecadação de US$ 25,7 milhões somada nos dois dias. Para se ter ideia, a cifra é superior àquela arrecadada por produções como Os Assassinos da Lua das Flores e Napoleão, ambas do ano passado.
E há razões para isso: além de não ser mais um show de "patriotada" de Hollywood, o filme alia muito bem as ótimas cenas de ação e guerra a uma forte carga dramática e política, com uma complexidade que pouco costumamos ver nesse tipo de produção. Além disso, trata a questão da guerra sem maniqueísmos.
Mas Wagner acredita que Guerra Civil é, por incrível que pareça, um filme antiguerra: "Este é um filme claramente antiguerra e antipolarização . É um filme político, claro, mas que não tem uma agenda ideológica. Ele junta Califórnia com Texas para derrubar um governo despótico. E qualquer associação que a gente faça com qualquer personagem real da política - com Trump ou qualquer outro -, não seria justo com a natureza deste filme".
Para o ator baiano, o bom desempenho nas bilheterias tem explicação: "Sinceramente, não foi uma supresa [a arrecadação no fim de semana] porque este filme é o "cálice sagrado", é o que todo mundo quer: fazer um filme que tem algo para dizer, mas, ao mesmo tempo, é um filme que foi feito para ser um blockbuster, com todos os elementos de cinema de ação, muito bem feito, muito realista e a carga política do filme neste ano de eleição nos EUA deve atrair muita gente, sobretudo nos EUA".
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