Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Neves
Publicado em 28 de março de 2025 às 10:24
Nos últimos dias, uma onda de imagens geradas pela inteligência artificial no estilo do Studio Ghibli tomou as redes sociais, criando versões inusitadas de memes e figuras públicas, além de recriações detalhadas de cenas famosas do estúdio japonês. A funcionalidade foi disponibilizada pela OpenAI no dia 25 de março, através de uma atualização no modelo de IA do ChatGPT. No entanto, logo após o furor nas plataformas digitais, a OpenAI começou a restringir a criação de imagens nesse estilo, gerando debates sobre propriedade intelectual e os limites da criatividade assistida por tecnologia. >
A viralização das imagens geradas pelo ChatGPT foi imediata. Usuários pediam à IA para recriar cenas de filmes icônicos, como Meu Vizinho Totoro e A Viagem de Chihiro, ou até mesmo versões alternativas de memes conhecidos. Veja uma versão com memes famosos do Brasil: >
Mas logo depois a OpenAI implementou uma restrição que bloqueou a geração de imagens no estilo de artistas vivos, como o cofundador do Studio Ghibli, Hayao Miyazaki. A decisão foi justificada pela empresa como parte de uma “abordagem conservadora” para evitar o uso não autorizado do estilo de artistas individuais, segundo o Business Insider. >
A reação e os motivos por trás da restrição>
A OpenAI esclareceu que a restrição não abrange os estilos de estúdios mais amplos, permitindo a criação de imagens com a estética de animações como as do Ghibli, mas sem replicar diretamente o trabalho de seus criadores. Segundo um porta-voz da empresa, a decisão foi tomada após a alta popularidade do recurso e as preocupações com a ética de emular o trabalho de artistas vivos, como Miyazaki, que já se mostrou crítico da arte gerada por IA.>
Em 2016, Miyazaki expressou publicamente seu desdém pela tecnologia, afirmando que ela era um "insulto à própria vida". Sua oposição se baseia na ideia de que a arte gerada por IA, embora tecnicamente impressionante, carece da humanidade e da experiência que ele acredita ser essencial para a criação artística.>
A OpenAI também anunciou que, devido à grande demanda, o acesso ao novo gerador de imagens foi limitado inicialmente a usuários pagos. Para os clientes gratuitos, a funcionalidade foi adiada, e a empresa ainda não divulgou uma nova data para o lançamento. Sam Altman, CEO da OpenAI, chegou a brincar sobre o impacto do sucesso do recurso, afirmando no X (antigo Twitter): “Minhas GPUs estão derretendo, vamos introduzir limites temporários enquanto trabalhamos para melhorar a eficiência.”>
Questões éticas e o debate sobre propriedade intelectual>
A medida levantou uma discussão importante sobre o uso de IA no contexto de criação artística. Quando se trata de gerar imagens no estilo de artistas consagrados, surge a questão da propriedade intelectual e o respeito ao trabalho dos criadores. A possibilidade de imitar estilos reconhecíveis, como o do Studio Ghibli, sem permissão explícita, pode ser vista como uma forma de violação dos direitos autorais, especialmente quando o artista ainda está vivo.>
Enquanto isso, outras plataformas de IA, como o Grok e o Claude, continuam permitindo a criação de imagens no estilo do Ghibli, embora com resultados variados em qualidade. >
Alternativas e o futuro da criação assistida por IA>
Apesar das restrições do ChatGPT, ainda existem outras alternativas para criar imagens no estilo do Studio Ghibli, utilizando diferentes ferramentas de IA. Modelos como o Gemini, do Google, permitem aos usuários gerar ilustrações semelhantes, com a condição de que os comandos sejam detalhados e específicos. A criatividade dos usuários continua sendo explorada, mas a ética e os direitos autorais permanecem uma preocupação central no desenvolvimento dessas tecnologias.>