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Luiza Gonçalves
Publicado em 16 de maio de 2024 às 10:46
Mais um ciclo de casamentos em Londres marca o início da nova temporada de Bridgerton e a rainha Charlotte procura a principal debutante da estação, embora custe a encontrá-la inicialmente. Dentre as concorrentes está a candidata da vez da família Bridgerton, a discreta Francesca. Porém, para nós, espectadores, fica claro desde o início que o diamante da temporada mora na casa da frente. No terceiro capítulo da série inspirada nos livros de Julia Quinn, que chega hoje à Netflix, o brilho está todo em Penelope Featherington (Nicola Coughlan), personagem que cativou o público, ganhou complexidade e que, ouso dizer, é uma das melhores da trama.
Uma das razões para essa afirmativa e que faz essa primeira parte da terceira temporada (a segunda chega à plataforma em 16 de junho) tão bem-sucedida foi a construção da personagem até aqui. Nas duas primeiras temporadas, conhecemos o cotidiano de Penelope, o lugar de patinho feio em que ela é colocada pela família, pelas ladies da sociedade e pelos possíveis pretendentes. Porém, há um alter ego em que ela se cobre de confiança, é destemida e dá as cartas: quando está por trás da cronista Lady Whistledown.
Desta vez, Penelope decide impor sua voz para além do seu jornal, confrontar as violências que a machucam e tomar as rédeas do destino. A personagem desiste de correr atrás de Colin Bridgerton (Luke Newton), seu grande amor, depois de ouvir o rapaz falar a outros cavalheiros que cortejá-la era algo inimaginável. Além disso, Penelope decide que é hora de se casar, de preferência com um homem que ofereça a independência de que ela precisa para continuar sua vida dupla.
Polin é real
É muito satisfatório ver Penelope no lugar de uma mulher desejada e apreciada, não somente por um pretendente, mas por quem ela realmente é. Aos poucos, a personagem ganha confiança, descarta os vestidos amarelos que sempre detestou e exibe seu raciocínio afiado. Mas, há momentos dolorosos, tristes e contraditórios. Como todo mundo, Penelope não é 100% boazinha, tem sarcasmo, acidez e se deixa levar pela raiva ou vingança, mas é isso que a faz uma personagem tão cativante.
A grande expectativa da temporada já é revelada nestes quatro primeiros episódios: Polin é real! O casal Colin e Penelope finalmente acontece. Após uma viagem, ele retorna com novo visual e completamente convencido. Ao perceber que Penelope começou a tratá-lo com indiferença, ele decide reconquistar sua amizade e se oferece para ajudá-la na busca por um marido. É o clássico ‘friends to lovers’. Durante o processo, a amizade vai se transformar em um amor que persegue Colin até em sonhos.
É muito interessante ver a forma como ele descobre esse amor, pois carinho que Penelope sentia por Colin sempre foram recíprocos e, uma vez apaixonado, ele não apresenta resistências em se deixar guiar por esse sentimento. Bem diferente dos outros protagonistas masculinos como Anthony Bridgerton e Simon Hastings. Penelope e Colin protagonizam cenas maravilhosas juntos, em destaque o primeiro beijo do casal, que não vem de uma forma tão romântica, mas de um lugar de vulnerabilidade e confiança.
Outro ponto de destaque é o desenvolvimento de tramas que apresentam novas possibilidades às personagens femininas na série. Lady Violet Bridgerton, por exemplo, redescobre sua identidade com a passagem do título de vice-condessa para a esposa do seu filho mais velho, e parece despertar para o romance com a chegada de Lord Marcus Anderson, irmão de Lady Danbury. Alice Mondrich e seu marido Will também têm o rumo de suas vidas transformados ao ganharem títulos de nobreza, que acompanham vantagens e sacrifícios que precisam ser feitos para se adaptarem à alta sociedade.
A personagem Cressida Cowper, que até então foi apresentada apenas como uma antagonista antipática de Daphne, também ganha uma nova dimensão. Ao cultivar uma amizade com Eloise Bridgerton, a jovem expõe seus sentimentos em relação à obrigação e competitividade entre as moças por causa do casamento.
Eloise, que reluta muito quando a questão é o matrimônio, também ganha novos ares nesta temporada. Brigada com Penelope, ela faz amizade com Cressida e adentra mais o ciclo social das jovens, o que surpreendentemente não lhe desagrada. Mas, isso não a faz abandonar suas convicções e críticas ao papel das mulheres na sociedade de sua época.