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Giuliana Mancini
Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 13:59
- Atualizado há 2 anos
Difícil passear pelo Santo Antônio Além do Carmo e não se admirar com a beleza dos casarões seculares, que são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1984.>
Alguns guardam verdadeiras preciosidades em seus interiores. Eventualmente, coisas muito diferentes das coloridas frentes dos imóveis.Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração, tecnologia, pets, bem-estar e as melhores coisas de Salvador e da Bahia: É porque no bairro, inscrito na lista de Patrimônio Mundial Cultural da Unesco desde 1985 e delimitado como área de Proteção Rigorosa pela Lei Municipal nº 3289/83, não se pode fazer mudanças nas fachadas. Mas dentro é liberado. E se, por fora, são parecidos, como ficam as diferenças por dentro? Entramos em três casarões e te mostramos o que encontramos.>
Uma verdadeira Versace Um dos ambientes é Greta: tons azuis e varanda com vista para o mar (Foto: Renato Santana/CORREIO) Instalada na Rua do Carmo, 62, está a Casa Versace Coloniale Salvador. O nome não é homenagem à famosíssima grife Versace, ok? É o sobrenome da família italiana dona do espaço - e que, de fato, possui parentesco com os lendários estilistas Gianni e Donatella Versace.>
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Intitulado Bruna, o espaço tem decoração com móveis feitos de madeira (Foto: Renato Santana/CORREIO) Com 800m², o casarão foi erguido em 1909 - esse é o ano que está inscrito em sua lateral. “Infelizmente, não conseguimos descobrir nada sobre o passado”, conta Antonella Versace, uma das atuais donas.>
Sua história com a moradia iniciou, há 35 anos, quando seus pais, os italianos Gregorio e Sigismina, vieram ao Brasil. “Eles trouxeram fantasias do Rio de Janeiro, e eu e minha irmã, MariaGiovanna, ficamos fascinadas”, lembra. Ali, nascia também o sonho de conhecer a Bahia. Com o nome de Carla, o quarto segue o estilo ‘Tropical Chic’ (Foto: Renato Santana/CORREIO) “O Brasil começou a chegar em nossas vidas. Minha irmã namorou um brasileiro e veio para cá, estudar na Universidade de São Paulo. Depois, fez uma pesquisa no Tocantins. Eu vim e a encontrei em Morro de São Paulo. E brincamos: ‘por que não compramos uma casa em Salvador?’”, recorda. A vista do topo do mezanino (Foto: Renato Santana/CORREIO) O pensamento virou realidade. MariaGiovanna e Gregorio encontraram o tal lugar, no Santo Antônio Além do Carmo. “Eu estava morando em Nova Iorque na época. A residência estava acabada, fizemos uma reforma”, diz. >
Como ninguém da família mora na capital baiana hoje - Antonella vive em São Paulo; os pais, na Itália; e a irmã, na Espanha -, a residência entrou para aluguel por temporada, em sites como o AirBnb. A fachada da Casa Versace Coloniale Salvador (Foto: Renato Santana/CORREIO) São três quartos disponíveis - todos enormes. Cada um leva o nome das sobrinhas de Antonella: Carla, Greta e Bruna. Ainda há outro sob reforma, com previsão de ficar pronto ainda este mês.>
Os preços variam de acordo com a época. Em dezembro dá para achar datas nos quartos por menos de R$ 230 a diária. Cada um pode abrigar de quatro a seis hóspedes. O espaço tem site e Instagram próprios.>
Há mais de 300 anos Na entrada, há uma sala ampla com sofá (Foto: Renato Santana/CORREIO) Depois de uma década vivendo em outros países, Joana Mendes sentiu que era hora de ter seu próprio canto. “E casa, para mim, era o bairro de Santo Antônio Além do Carmo, onde morei por anos antes de sair do Brasil”, lembra. >
Foi então que, em 2004, tomou sua decisão. “Na época, eu vivia em Londres (Inglaterra), tinha uma vida agitada, trabalhava no (jornal) Financial Times... Peguei um avião e fui para Salvador, decidida a achar minha casinha”, conta. Saiu andando e perguntando quais lugares estavam à venda. Um dos ambientes é composto por duas redes e dá acesso à cozinha (Foto: Renato Santana/CORREIO) Descobriu, com uma amiga, uma na R. Direita de Santo Antônio, 548. Só tinha um problema: “A documentação era empepinada”. Mas ela resolveu descascar. “Entrei na casa e me apaixonei pelas portas e janelas. Estava tudo muito acabado. Mas ela se mantinha majestosa no pilar dos seus mais de 300 anos”. A cozinha apresenta decoração colorida e tem entrada para um quintal (Foto: Renato Santana/CORREIO) Dali, Joana e sua família foram para os trâmites legais e conseguiram organizar a compra. “Passamos seis meses projetando. Até que, em 2006, mudamos de mala e cuia pra Salvador”. Assim nascia a Casa Azul (@casaazulbahia no Instagram). Há três quartos, como este (Foto: Renato Santana/CORREIO) Por uma transferência de trabalho, a baiana e o marido acabaram voltando a morar no Reino Unido em 2012. Depois, foram para os Estados Unidos, onde estão até hoje. >
A idade exata da casa, ela não sabe. Mas, como a Igreja de Santo Antônio Além do Carmo foi construída no século 16 - ainda como uma paróquia - e foi reformada ao seu tamanho atual em 1800, é provavel que a residência também tenha sido erguida nessa época. O terraço: dá para pegar um bronze e apreciar a vista (Foto: Renato Santana/CORREIO) Muito ligados à moradia, resolveram deixá-la para aluguel no AirBnb, onde o espaço é gerenciado por Joana com auxílio de Marília, sua irmã. Quem quiser viver na residência por uns dias, há três quartos e quatro camas, podendo receber até sete hóspedes. A Casa Azul fica pertinho da Igreja de Santo Antônio Além do Carmo (Foto: Renato Santana/CORREIO) Os preços variam de acordo com a época - ainda este mês, é possível achar uma noite por R$ 271. Mas corra: é disputadíssima.>
Duas em uma O andar térreo do lugar possui ambientes voltados para exposições (Foto: Renato Santana/CORREIO) O cineasta Cláudio Marques vivia falando ao amigo Mário Edson que ele deveria comprar uma casa no Santo Antônio Além do Carmo. Mas o fotógrafo não levava a ideia muito a sério. As visitações acontecem de sexta a domingo (Foto: Renato Santana/CORREIO) “Um dia, me contou que tinha achado ‘o lugar’. E eu: ‘como assim, você sabe o que eu quero?’. Cláudio então me disse que, quando eu o descobrisse, iria perceber que era minha cara”, recorda Mário. No térreo, há ainda uma área aberta, com um emblema que diz '1908' em uma das paredes (Foto: Renato Santana/CORREIO) Um tempo depois, passeando pela localidade, ele parou em frente a uma residência. E não é que era a que o diretor tinha indicado?!>
“E ele ainda passou de bicicleta, na hora, e me perguntou: ‘ué, já veio ver a casa?’”. Foi o suficiente para Mário ficar entrigado. Resolveu contactar a corretora, para conhecer os ambientes. “Quando entrei, estava tudo acabado”. As partes de cima do casarão são moradia do fotógrafo Mário Edson (Foto: Renato Santana/CORREIO) Instalado na Ladeira do Boqueirão, 6, o casarão é de 1908, conforme vários emblemas espalhados por suas paredes. Em dúvida se o comprava, levou amigos para visitarem. Uns aprovavam, outros garantiam que não valeria a pena. A sala de jantar da casa (Foto: Renato Santana/CORREIO) “Liguei para meu pai e ele me orientou a seguir meu coração. Fiz mais uma visita. E, nesse dia, apareceu uma pomba branca. Era um sinal”.>
Para aliar com seu trabalho, Mário resolveu dividir o lugar em dois. O andar de cima é privado, onde mora. Já o térreo funciona como ateliê, com espaços dedicados a exposições - que ficam abertas de sexta a domingo. A frente do ME Ateliê da Fotografia: fica na Ladeira do Boqueirão, 6 (Foto: Renato Santana/CORREIO) >