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Giuliana Mancini
Publicado em 10 de abril de 2018 às 09:46
- Atualizado há 2 anos
Uma bebida que promete melhorar o funcionamento do intestino, prevenir infecções e, de quebra, ainda dar um up na sua imunidade. Ah, e o gosto é delicioso e super refrescante. Trata-se da kombucha e você deveria experimentá-la. A kombucha é apontada como 'o refri do futuro' (Foto: Renato Santana/Divulgação) “É o refrigerante do futuro. Não foi à toa que a PEPSICO, multinacional dona de marcas como Pepsi e Gatorade, comprou a maior fábrica de kombucha do mundo, a californiana KeVita”, aponta o chef e pesquisador de gastronomia Caco Marinho. Segundo a revista norte-americana especializada em negócios Fortune, foi coisa de 200 milhões de dólares.
“Também não foi à toa que as empresas de refrigerantes lançaram, nos últimos anos, produtos menos nocivos e com baixo teor de açúcar. É uma tendência que já é realidade”, diz ele. Mas, apesar da ‘moda’ só ter vindo agora, engana-se quem pensa que a kombucha é novidade.
“Existem relatos de que essa bebida teve origem no nordeste da China por volta de 200 a.C., e que, desde essa época, já era conhecida por suas propriedades desintoxicantes e energizantes”, conta Helena Barros, professora de nutrição na área de bromatologia e farmacologia da Faculdade Ruy Barbosa - Wyden. “Posteriormente, um médico coreano chamado Kombu levou a bebida para o Japão e a utilizou para curar os problemas digestivos do imperador da época, o que deu origem ao nome da bebida”, segue.
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E afinal, o que é a bendita? “É feita através da fermentação de microorganismos, em especial bactérias, na presença de açúcares”, explica Thomas Araújo, nutricionista clínico e esportivo. Feita com ingredientes naturais, ela fica saudável e muito refrescante. E, graças à sua fermentação, possui gaseficação natural, sendo um substituto muito bom ao refrigerante.
“Por ser probiótica, ela nutre seu intestino, órgão importantíssimo no corpo. Aí, ajuda a melhorar enxaqueca, prisão de ventre...”, garante a nutricionista Andréa Rayol. “Também pode melhorar a defesa do nosso organismo e quadros que têm ligação com a parte imune, como psoríase, dermatite e crises alérgicas. Além disso, a bebida é rica em vitaminas do complexo B e polifenois, nutrientes que impactam positivamente na disposição, digestão e produtividade”, completa Thomas.
Quero beber - e agora? Ficou interessado? Quatro empresas baianas já viraram especialistas no assunto e já vendem suas kombuchas por Salvador: Da Vila, Divino, Andréa Rayol e Sto Alimento. Mas também é possível fazer em casa. Só te avisamos: você vai se sentir um pouco alquimista e precisará de paciência.
O primeiro passo é descolar um Scoby (sigla para Symbiotic Culture of Bacteria and Yeast ou, traduzindo, comunidade simbiótica de bactérias e leveduras). Com aparência de uma panqueca, ele é a ‘mãe’ da kombucha, e contém uma união de mais de 30 tipos de bactérias e leveduras. Nas redes sociais, há vários grupos que oferecem o disco. “Às vezes, as pessoas ligam pedindo. Aí damos um pedacinho”, diz Luisa Leite, da Da Vila. O Scoby dentro do recipiente: primeira fermentação é aeróbica (Foto: Renato Santana/Divulgação) Você também precisará de um chá de camellia sinensis, espécie utilizada para os chás branco, verde e preto. “O chá já preparado, adoçado com açúcar e, em temperatura ambiente, deve ser colocado em um recipiente juntamente com a colônia mãe do kombucha e um pouco de kombucha já pronto”, fala Helena.
Esse pote deve ser coberto com pano, de preferência voal. Ali, vai ocorrer a fermentação natural, que pode durar de cinco até mais de 10 dias. Para saber se está pronto, as empresas possuem medidores. Mas, em casa, vai na prova mesmo, a depender do gosto do produtor. Quanto mais tempo, menos doce fica. “Depois, retire cerca de 90% do líquido. O restante deverá ser guardado junto com a colônia para ser reutilizado posteriormente em uma nova produção”, explica Helena.Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração e pets: Refri e drinques O líquido retirado é a kombucha original. Para deixar com sabor diferente e gaseificada, ela deve passar por uma segunda fermentação, agora anaeróbica. Coloque em uma garrafa e adicione o que quiser para dar o gosto: suco de frutas e até especiarias, tipo gengibre e canela. Luisa dá a dica: “descobri que, na segunda fermentação, dava para você encher 3/4 de uma garrafa pet com a kombucha, apertar e tampar. Quando a garrafa voltava ao seu estado normal, estava no ponto certo”. Quanto mais tempo fechada, mais gás terá. Ao notar que está boa, ponha para gelar: a temperatura baixa faz a fermentação desacelerar.
Além de servir como um substituto ao refrigerante, a kombucha também vai bem como drinque, principalmente com bebidas alcoólicas como rum, gin ou tequila. O restaurante Coentro Gastronomia Afetiva, na Barra, já botou no cardápio. “O que faz mais sucesso é o Gin Yellow Kombucha, de maracujá com gengibre, gin, cúrcuma, limão siciliano e pimenta preta. Como gin tem pouco carboidrato e kombucha não muito açúcar, é ótima opção light”, Karine Poggio, chef e sócia do lugar. O Gin Yellow Kombucha do Coentro Gastronomia Afetiva (Foto: Renato Santana/Divulgação) Há um mês e meio foi criada a Associação Brasileira de Kombucha (ABKom) da qual 30 empresas fazem parte. Gabriela Toribio, outra sócia da Da Vila, é a presidente. “Queremos regulamentar a produção no país, interagir com outras empresas e possibilitar que surjam novas. A vontade é que o mercado cresça”.
Conheça as marcas:
Sto Alimento No cardápio da Sto Alimento (@stoalimento), tem brownies, sequilhos, bolos e até geladinhos, tudo vegano, sem lactose e sem açúcar. Com tantas delícias já no menu, Liliana Oliveira, 38, ficou até reticente em adicionar as kombuchas.
“Eu produzia para mim e alguns amigos gostavam e me pediam. E falavam ‘faz, faz, faz’ (para a Sto Alimento). Mas fiquei preocupada. Procurei lojas parceiras da gente e perguntei o que achavam. Eles aceitaram e coloquei à venda”, lembra. A Sto Alimento tem oito sabores, como cupuaçu, morango, açaí e hibisco com gengibre (Foto: Renato Santana/Divulgação) Atualmente, a bebida não só é um dos itens mais procurados da empresa como já tem até oito sabores: hibisco, hibisco com gengibre, morango, cacau nibs, maracujá, açaí, abacaxi e cupuaçu. São feitas cerca de 1,2 mil garrafas por mês, todas em Mutuípe, onde fica a produção da empresa.
As bebidas podem ser encontradas em quase 50 pontos espalhados por Salvador, Fortaleza, Recife e Maceió, além do Interior da Bahia. Na capital baiana, é possível achar no Mundo Verde do Shopping Bela Vista (R$ 15,95) e na Villa Verde Salvador. (R. Guadalajara, 9, Barra, e no Shopping Cidade, no Itaigara).
Da Vila Criada pelas irmãs Luísa, 24, e Nathália Leite, 30, junto com Gabriela Toribio, 30, há um ano e meio, a Da Vila só começou a vender suas kombuchas em julho do ano passado. Mas a expertise na bebida veio muito antes, já que Luísa fazia para consumo próprio.
“Gabriela sugeriu que a gente levasse para a Da Vila. Mas eu achava que precisava saber melhor antes. Uma coisa é adaptar ao meu gosto, outra é para vender. Precisava ser padronizado. Como passei um tempo na Califórnia, comprei vários livros lá sobre kombucha, para entender bem. E fiz o curso Science & Cooking (ciência e culinária), da universidade Harvard. Acho que o estudo é muito importante”, diz. “Depois, quando compreendi direito, fui para a parte prática. Aí foram milhões de testes caseiros, com tentativa e erro, até o acerto”. No cardápio da Da Vila, há sabores sazonais e fixos como tangerina, hibisco e limão e mel de cacau com nibs (Foto: Renato Santana/Divulgação) Hoje, a Da Vila vende, em média, 700 garrafas de kombucha por semana. São quatro sabores fixos: hibisco e limão, tangerina, maracujá e gengibre e mel de cacau e nibs. Mas há alguns sazonais, de acordo com a estação. “Procuro usar o máximo de frutas orgânicas, vindas de produtores locais. Acho que gera mais ação positiva no mundo”, fala Luisa.
Os valores giram na média de R$ 14. A kombucha Da Vila está em vários pontos de Salvador (há uma relação de onde encontrar no Instagram, @alimentosdavila). Ainda dá para pedir delivery pelo telefone e whatsapp 71 99939-2233. O dia de entrega varia de acordo com a rota do motorista.
Divino Uva Crush, Abacaxi Tropical e Imagina Tangerina: assim foram batizados os sabores da Divino (@divino_brasil). Com as três bebidas, a marca iniciou suas atividades, há dois meses.
“A qualidade das frutas no Brasil é altíssima e a combinação delas com a kombucha combina muito bem”, fala Ingrid Correia, 22. Ela é uma das donas, ao lado de John Stroud, 39, e Graydon Stroud, 34. Apesar de pouco tempo de existência, o trio já vende cerca de 200 garrafas ao mês e planeja mais sabores e novos produtos. “Os meus sócios já têm uma marca neste ramo alimentício e vegano nos Estados Unidos, e pretentemos trazer essa energia para o Brasil”, conta. A Divino escolheu para as kombuchas frutas como a tangerina e a uva, além de abacaxi (Foto: Renato Santana/Divulgação) Aliás, foi nas terras americanas que a ideia da empresa começou. “Há muito tempo, quando eles vieram nos visitar, trouxeram algumas kombuchas. Provamos e ficamos apaixonados. Um deles começou a fazer em casa, nos EUA, para consumo próprio e da família. Quando ele veio, aprendemos a fazer e começamos a produzir para a gente. A qualidade ficou alta e a demanda aumentou, aí resolvemos fazer para comercializar”, lembra Ingrid.
Os produtos podem ser encontrados na Puro Healthy Food (Rua das Hortênsias, 522, Pituba) e Vila da Saúde Bahia (Mercado do Rio Vermelho). Mas dá para encomendar uma caixa com nove garrafas por R$ 120, através do e-mail [email protected].
Andrea Rayol O cuidado que Andrea Rayol (@dearayol), 46, tem com suas kombuchas é tanto que ela chama até de seus ‘bebês’. “Ninguém toca. É toda feita por mim. Coloco até música na hora da produção, para passar uma energia boa”, garante.
Orgulhosa das bebidas, ela fala que olha uma por uma, até garantir que estão todas boas para o comércio. Atualmente, são produzidas cerca de 2 mil garrafas por mês, vendidas tanto em Salvador quanto em outros estados, como São Paulo, Espírito Santo e Pernambuco. São seis opções feitas por Andrea, como maçã, abacaxi e gengibre, clorofila e uva e manjericão (Foto: Renato Santana/Divulgação) Assim como a Da Vila e a Divino, a kombucha de Andrea tem um tempero internacional. “Eu estava com um food truck na Califórnia, que tinha frutas e sucos. Na época, comprava muita kombucha lá. Uma amiga então deu a ideia de fazer para mim. Falei ‘não, quero para a empresa’”. O primeiro lote teve 40 unidades. Mas não foi suficiente. “Anunciei que estava fazendo e recebi 200 pedidos. Voltei para o EUA e trouxe 20 scobies”.
São seis sabores: original; café; clorofila; uva e manjericão; maçã, abacaxi e gengibre; e limão. As bebidas estão no cardápio de alguns restaurantes da capital baiana, como Shanti (R. João Gomes, 10, Rio Vermelho) e Shiro (R. da Graça, 181, Graça). Mas tem também no delivery da Tempero & Saúde (@temperoesaude, www.temperoesaude.com.br e 71 3019-7055), por R$ 14.