Ator que interpreta Gonzaguinha há 15 anos ganhou papel por acaso

Musical 'Gonzaguinha: O Eterno Aprendiz' está de volta a Salvador pela quarta vez

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Publicado em 17 de outubro de 2024 às 14:50

Rogério Silvestre interpreta Gozanguinha
Rogério Silvestre interpreta Gozanguinha Crédito: Lorena Vinturini/divulgação

Em 2009, o ator Rogério Silvestre, mineiro de Itajubá, estava em sua cidade natal, em férias, já que, na época, morava no Rio de Janeiro, onde havia estudado teatro. Foi convidado para acompanhar os ensaios de Gonzaguinha: O Eterno Aprendiz, espetáculo musical que estava sendo montado por um grupo amador local.

A diretora interrompeu a sessão e disse que era o último ensaio do ator que interpretava o protagonista, porque o rapaz havia conseguido emprego em outra cidade e precisava se mudar. “A diretora então disse que a peça só poderia continuar se eu aceitasse fazer o papel de Gonzaguinha. Como estava em férias, topei e acabamos fazendo 16 apresentações na cidade”, lembra Rogério. O que ele não imaginava é que seguiria interpretando o cantor e compositor por mais de 15 anos.

Somente em Salvador, o espetáculo já esteve três vezes e retorna neste sábado (19) e domingo (20), às 20h, no Teatro Jorge Amado. O monólogo tem uma banda que se apresenta ao vivo e as músicas são precedidas por textos baseados na vida de Gonzaguinha, interpretados por Rogério. “São 15 textos e 15 músicas e a peça apresenta uma cronologia da vida de Gonzaguinha, do nascimento à morte. E o público se identifica, porque falamos de filhos, lutas, vontade de vencer, de pais e mães…”, diz Rogério.

Entre as músicas do espetáculo, estão as clássicas Explode Coração, O Que é o Que é?, Eu Apenas Queria Que Você Soubesse, sendo algumas cantadas pelo próprio Rogério. Segundo o ator, as canções são as mesmas que eram apresentadas na primeira montagem, há 15 anos. A única que não estava na montagem original é outra que se tornou clássica no repertório de Gonzaguinha: Lindo Lago do Amor.

Rogério já tinha uma ligação pessoal com a obra do compositor que interpreta, antes mesmo de ter iniciado sua participação no espetáculo. Aos 19 anos, quando morava no Rio de Janeiro, ganhou de um amigo um CD de Gonzaguinha, Cavaleiro Solitário, que o fez se apaixonar pela obra do músico: “Aquele disco me veio como uma flecha, me identifiquei muito com ele, porque eu estava sentindo falta da família. Era um menino do interior, tímido, que não me relacionava muito com as pessoas. Me sentia um cavaleiro solitário”.

O ator diz que os textos da peça são baseados na vida do compositor, em diferentes fases, incluindo a infância - quando viveu no Rio de Janeiro com uma madrinha - e a relação com o pai, Luiz Gonzaga. “Ele perdeu a mãe biológica muito cedo, mas a madrinha dele, Dina, o criou com muito amor, como mãe mesmo. E ele aprendeu a tocar violão muito bem com o padrinho [Henrique Xavier]. A relação com o pai era meio distante, porque Gonzagão viajava muito, entrava numa kombi e ficava três ou quatro meses numa estrada. Esse afastamento físico causou distanciamento entre eles”, explica Rogério.

Salvador é uma cidade especial para o espetáculo, já que na capital baiana foi a primeira a receber uma sessão comercial da montagem, em 2014. Antes, havia sido apresentada apenas em sessões fechadas, para convidados, em São Paulo. “Em São Paulo, fizemos sessões para um hospital. Em Salvador, foi a primeira aberta ao público e foi marcante. Na verdade, as vendas estavam fracas inicialmente. Aí, a produtora local disse que faria umas parcerias, especialmente com professores. Isso foi decisivo para encher o teatro. Nos animamos a ir para Brasília, onde também foi um sucesso”, lembra o ator.

Nas apresentações, a peça costuma ter participação de cantores locais. Em Salvador, por exemplo, quem vai participar é Maira Lins. Segundo Rogério, a montagem viaja sem patrocínio, contando apenas eventualmente com apoio de empresas como hotéis e restaurantes. “Nosso patrocinador é o público. Tem uma pessoa no Rio que assistiu à peça 120 vezes. E ela tem os ingresso guardados”, diz o ator, orgulhoso.

SERVIÇO Gonzaguinha: O Eterno Aprendiz. Teatro Jorge Amado (Pituba). Sábado (19) e domingo (20), 20h. Ingresso: R$ 120 | R$ 60, à venda no Sympla

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Gonzaguinha Crédito: reprodução