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Arte com orgulho de ser suburbana: Feira Literária do Subúrbio acontece em Paripe

Flisu acontece nesta segunda (18) e terça (19)

  • Foto do(a) author(a) Luiza Gonçalves
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 18 de novembro de 2024 às 06:00

Geise Oliveira é criadora da Flisu
Geise Oliveira é criadora da Flisu Crédito: divulgação

Em Salvador, uma onda literária ganha força, descentralizando narrativas, eventos e mostrando que as histórias merecem ser contadas para todos e de todos os lugares. A Feira Literária do Subúrbio (Flisu) é parte desse movimento, realizando sua terceira edição hoje (18) e amanhã (19) no Colégio Estadual Barros Barreto, em Paripe. Focada nas produções literárias da periferia e em novas vitrines, como as redes sociais, o evento propõe discutir, por meio de sua programação, as formas como a expressão literária emerge a partir das margens, refletindo as vivências suburbanas e o protagonismo de suas narrativas.

“Nesta edição, a gente celebra essa diversidade, não só a diversidade dos temas e das expressões, mas também dos formatos de produção da literatura, de um território que ainda tem dificuldades de letramento racial, de alfabetização, mas que, ainda assim, produz poesia de modo ancestral. Acreditamos que, dessa forma, tendo uma festa literária que acontece no subúrbio para o subúrbio, a gente demonstre a importância desse território que também produz beleza”, afirma Geise Oliveira, idealizadora da Flisu.

O evento contará com rodas de conversa, oficinas e performances para explorar a potência cultural e literária de escritores e artistas do Subúrbio Ferroviário de Salvador, além de convidados de atuação nacional. A curadoria foi assinada por Geise, juntamente com Camila França, Jorge Bispo e Romário Almeida. “A gente teve um cuidado de possibilitar a participação de convidados negros e, sobretudo, de pessoas que residam no território para falar sobre ele”, reforça Geise.

Entre os nomes confirmados estão a poeta e professora Ryane Leão, a dramaturga Kátia Letícia, a atriz e escritora Cássia Valle e a jornalista e produtora Val Benvindo, vozes que estão à frente de produções artísticas comprometidas com as questões sociais e culturais das periferias. “Ryane, por exemplo, tem mais de 600 mil seguidores no Instagram e fala da importância do uso das redes para a produção de conteúdo literário e também do lugar do afeto em seus escritos. Então, eu acho que essa edição vem com esse propósito de trazer também personalidades que influenciam em outras narrativas”, explica Geise. Confira entrevista com ela.

Como surgiu a Flisu?

A Flisu surgiu com a intenção de evidenciar uma narrativa positiva sobre os territórios suburbanos do Brasil. É uma iniciativa de âmbito nacional que começou em formato online em 2021, com a presença de nomes como Conceição Evaristo, Carla Akotirene, Lázaro Ramos, Nelson Maca e outros que celebram as insurgências e falam das resistências através da literatura no nosso país. A festa vem com a intenção de continuar falando sobre esse protagonismo e celebrar as pessoas que estão produzindo literatura nesses territórios ou se utilizando desses territórios para levar a palavra para outros cenários.

Como você vê a relação da comunidade com o evento? Quais são os desafios?

A receptividade do público é sempre muito positiva, principalmente quando a gente entra em contato com as escolas, com instituições do terceiro setor, com terreiros que atuam nesse território. A gente entende a importância dessa localidade se sentir potente, mesmo com tantos índices de vulnerabilidade e violência, sobretudo nos últimos anos. As pessoas tendem a acreditar que, infelizmente, o subúrbio está acabando, tomado pela violência, e a gente chega dizendo: ‘Olha, não é só isso, tem potência, tem beleza’. As pessoas se sentem acolhidas. Chegamos a essa terceira edição com o desafio de mobilizar mais público, que tem essa dificuldade de entender que também produz literatura, porque, infelizmente, ao longo desses anos, a sociedade excludente vem dizendo o contrário.

Qual a importância dos projetos literatura e arte como ferramentas de resistência nas comunidades periféricas de Salvador?

Fico muito feliz em dizer que fui educanda de projetos sociais como o Instituto Steve Biko. Acho que a minha trajetória acaba sendo um espelho. A Flisu vem desse lugar. Porque eu acredito, sim, que arte e cultura são ferramentas de resistência, e elas existem independentemente da vulnerabilidade e da violência.

SERVIÇO - Feira Literária do Subúrbio (Flisu) I Hoje (18) e amanhã (19), a partir das 9h, no Colégio Estadual Barros Barreto, em Paripe/ Entrada Gratuita / Programação em: @flisuoficial

Com orientação da editora Doris Miranda