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Ao lado Mateus Aleluia, pesquisador lança obra inédita sobre Luiz Gama

Evento é gratuito e acontece no Espaço Cultural da Barroquinha

  • Foto do(a) author(a) Da Redação
  • Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2024 às 11:30

Mateus Aleluia, Luiz Gama e Bruno Rodrigues de Lima
Mateus Aleluia, Luiz Gama e Bruno Rodrigues de Lima Crédito: Divulgação

O advogado e doutor em história do Direito Bruno Rodrigues de Lima lançará, na próxima sexta-feira (03), a obra Luiz Gama Contra o Império – A Luta Pelo Direito no Brasil da Escravidão, da Editora ContracorrenteO evento "Uma História que a Bahia precisa ouvir" é gratuito e acontece às 18h, no Espaço Cultural da Barroquinha.

Bruno estará ao lado do músico, autor e compositor baiano Mateus Aleluia, que vai apresentar parte do seu repertório que tanto diz a respeito da luta, libertação e reconhecimento do povo negro.

O livro, que já foi lançado em Brasília e São Paulo, requalifica a importância do abolicionista Luiz Gama, que viveu entre os anos de 1830 e 1882, na história do Direito e proclamação da Lei Áurea. Em sua atuação como advogado, estima-se que Gama tenha libertado 750 pessoas escravizadas ou em discussão de liberdade.

Agora publicada em livro, Luiz Gama Contra o Império nasceu como a tese de doutorado de Bruno, na Universidade de Frankfurt, na Alemanha. O trabalho conta com o prefácio do jurista e ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Sílvio Almeida.

Em 2022, ganhou o prêmio de melhor tese da universidade. Há 13 anos, Bruno pesquisa profissionalmente a vida de Luiz Gama e, ao longo desse tempo, resgatou mil textos de Gama em diferentes arquivos públicos do país.

Natural de São Paulo, ele fez contato com a obra de Luiz Gama quando atuava na luta em defesa do quilombo Brotas, em Itatiba, interior paulista. Na ocasião, um grupo de famílias que ocupavam a terra há mais de um século era ameaçada de despejo pela especulação imobiliária.

Em meio ao conflito territorial, a matriarca da comunidade, Maria Emília Gomes Barbosa, conhecida como Tia Lula, organizou um movimento de resistência e distribuiu algumas tarefas. A do então jovem estudante foi buscar nos arquivos públicos elementos que comprovassem a presença do quilombo naquele espaço, bem como registros da atuação do abolicionista Gama.

"Resgatar a história de Gama é resgatar a história do Brasil e da luta por direitos no país. Acabou a escravidão, mas a obra da escravidão não terminou. Há ainda muitas consequências da escravidão em diversas áreas da sociedade brasileira", descreveu Bruno.

O autor ressalta que as consequências da escravidão são muito atuais e precisam ser encaradas de frente. "É sobre o que o Brasil não foi, poderia ter sido e que ainda poderá ser, a depender da recuperação dessa história, que não é apenas individual, e sim coletiva de emancipação e cidadania de todos os brasileiros".

Em compensação, a doutrina de Gama, que entendia a política segregadora do Estado brasileiro em relação à população negra, está igualmente viva. "Gama identifica como a cor da pele carregaria as marcas da escravidão, independente do regime político e escreve isso em centenas de textos. Então ele compreende que está em curso um processo de transformação social bastante violento e perverso, onde mudam as formas, mas se mantém a mesma opressão", destaca Bruno.

O pesquisador diz ainda que ao denunciar esse quadro, Gama põe uma lupa sobre as situações de violência e racismo como uma construção histórica, jurídica e política articulada intencionalmente. "Ele entende toda essa construção como algo a ser combatido para se criar uma nova forma de convivência social. Então, compreender esse passado é fundamental para entender o Brasil do presente", concluiu.

Serviço:

O que: Lançamento do livro Luiz Gama Contra o Império – A Luta Pelo Direito no Brasil da Escravidão

Participantes: Bruno Rodrigues de Lima (autor) e Mateus Aleluia

Onde: Espaço Cultural da Barroquinha

Quando: sexta-feira (03/05), às 18h

Entrada: Gratuita