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Agora, elas mandam no gramado. E fora dele

Série no YouTube mostra como as mulheres participam do futebol, no campo e em áreas diversas, como a advocacia esportiva

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 26 de dezembro de 2024 às 12:02

Stéfani Coutinho, líder de torcida feminina do Bahia
Stéfani Coutinho, líder de torcida feminina do Bahia Crédito: reprodução

A jornalista e produtora Tais Bichara, 34 anos, sempre gostou de futebol, mas, ao mesmo tempo, se sentia meio “deslocada” daquele mundo por ser um ambiente muito machista. Na infância e na adolescência, foi, segundo ela mesma, uma “viciada” no esporte. E, embora não fosse muito de frequentar estádios, era uma assumida “torcedora de sofá”.

Mas Tais teve uma fase de “bode” em relação ao futebol, quando cansou do domínio masculino no meio. “Sempre consumia o futebol praticado por homens e praticamente só havia homens na cobertura esportiva. Acabei me afastando do futebol por causa do machismo”, afirma a jornalista.

Lembremos que há 20 anos, quando Tais era adolescente, o futebol feminino profissional estava dando seus primeiros passos no Brasil e ainda era algo meio “exótico”. Hoje, embora não seja tratado ainda como o seu equivalente masculino, não é raro ver a Globo transmitir uma partida de futebol feminino entre clubes. E a Seleção aparece com frequência na TV aberta, mesmo em amistosos. Creia, acro leitor: até 1983, no Brasil, as mulheres eram proibidas de praticar futebol em razão de um decreto-lei publicado na ditadura de Getúlio Vargas, em 1941.

Tais Bichara
Tais Bichara, diretora da série, junto com Rodrigo Luna Crédito: Agnes Cajaiba/divulgação

Mas agora, Tais parece estar novamente em paz com o seu esporte favorito, graças principalmente a uma série documental que ela criou e dirigiu: Donas do Baba, disponível no YouTube da produtora Movioca. Dividida em cinco episódios, a série mostra mulheres que atuam no futebol feminino, mas não apenas em campo. Cada capítulo tem uma personagem protagonista, sendo todas baianas. Um episódio, por exemplo, é dedicado a uma jornalista. Em outro, torcedoras de Bahia e Vitória são retratadas. Há ainda uma advogada especializada em questões envolvendo futebol.

“Donas do Baba foi o meu caminho para fazer as pazes com o futebol”, diz Tais. Desde o início do projeto, ela sabia que desejava ir além do campo. “Não queríamos falar estritamente do futebol feminino, mas das relações das mulheres com o futebol. Além disso, queríamos mulheres baianas”, diz Tais, que é nascida em Feira de Santana.

A personagem do primeiro episódio é a jornalista Clara Albuquerque, que já trabalhou no CORREIO e hoje é correspondente do canal TNT Sports. Clara reunia todas as características que Tais procurava, especialmente pelo fato de ser uma mulher cobrindo o futebol feminino. “Ela tem uma experiência muito específica, porque faz tudo sozinha. Ela mesma se grava e produz as reportagens dela. Além disso, foi morar no exterior. E eu não queria uma apresentadora, mas uma mulher que enfrentasse um batalhão de homens”, diz Tais. A diretora diz que há um momento emblemático neste capítulo, quando a câmera mostra que Clara é a única mulher presente numa entrevista coletiva da Juventus, da Itália.

Há também um capítulo dedicado a torcedoras de Bahia e Vitória. Para Tais, trata-se do episódio mais “pop”. Não à toa, foi aquele que se tornou frequente na programação do Cinefoot, maior festival de cinema do Brasil dedicado ao futebol. Rosicleide Aquino representa o rubro-negro e Stéfani Coutinho, o tricolor. “Fazemos um paralelo entre as duas: vamos até a casa delas, mostramos o preparativo para ir ao jogo, durante o jogo e também após a partida”, observa Tais. Outros três episódios completam a série: um sobre a advogada esportiva Juliana Camões; outro, com a jogadora profissional Dias e um último, sobre duas meninas que sonham se tornar atletas profissionais.

Esta é a primeira experiência de Tais como diretora, já que normalmente ela é assistente de direção ou produtora. A princípio, ela descartou assumir a direção e chamou o colega Rodrigo Luna para isso. Mas ele insistiu que a amiga deveria dirigir e os dois acabaram dividindo o posto. A pesquisa foi de Eric Carvalho, que divide o roteiro com Pedro Perazzo. Apesar de ter homens atuando nessas funções, Tais fez questão de chamar mulheres para as chefias de equipe, além de fotografia (Liz Riscado) e direção de som (Ana Luiza Penna).

Disponível no YouTube da produtora Movioca