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Adaptação da Netflix mantém universo fantástico de 'Cem Anos de Solidão'

Série seguiu exigências de herdeiros de Gabriel García Márquez

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 12 de dezembro de 2024 às 05:37

Os Buendía caminham para fundar Macondo
Os Buendía caminham para fundar Macondo Crédito: divulgação

Muitos livros já foram considerados impossíveis de serem adaptados para o audiovisual, mas alguns cineastas tiveram coragem de enfrentar o desafio. No Brasil, recentemente, vimos Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa, chegar ao cinema com a direção de Guel Arraes. Em 1967, o americano Joseph Strick teve a ousadia de levar para as telas o complicadíssimo Ulisses, de James Joyce. Em 1991, foi a vez de David Cronenberg, com toda sua excentricidade, transformar Naked Lunch, de William Burroughs, no filme Mistérios e Paixões.

Agora, uma das obras mais cultuadas da literatura universal, Cem Anos de Solidão, do colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014), também considerada “inadaptável”, chega ao streaming. A saga da família Buendía virou uma série em 16 episódios da Netflix, com os oito primeiros já disponíveis.

Nem o próprio García Márquez aceitava liberar os direitos para filmagem, mas um dos filhos dele, Rodrigo García, acabou cedendo. “Durante décadas, nosso pai relutou em vender os direitos de Cem Anos de Solidão porque acreditava que uma adaptação com as limitações de tempo de um longa-metragem ou em uma língua diferente do espanhol não faria jus à obra”, declarou Rodrigo quando a Netflix anunciou o projeto, há cinco anos.

De acordo com ele, um longa-metragem não faria jus à obra. Entende-se: afinal, o livro passa por sete gerações da família protagonista e há uma quantidade vultosa de personagens, como raramente se vê na literatura. “Mas, na atual Era de Ouro das séries, com o nível de talento dos roteiristas e diretores, a qualidade cinematográfica do conteúdo e a aceitação do público por programas em línguas estrangeiras, o momento não poderia ser mais propício”, acrescentou o filho de García Márquez.

Além de determinar que o formato seria uma série, Rodrigo - que é produtor executivo da adaptação - fez questão de que a produção fosse falada em espanhol e que os envolvidos no projeto fossem todos latino-americanos. A Netflix atendeu aos pedidos e caprichou: durante alguns dias, eram mais de 1,2 mil pessoas participando das filmagens.

Claudio Cataño é Aureliano Buendía
Claudio Cataño é Aureliano Buendía Crédito: divulgação

Linearidade

Fazer comparações do texto original com sua adaptação para o audiovisual não é recomendável em nenhum caso, afinal são duas linguagens muito diferentes. Mas, às vezes, é inevitável falar de algumas diferenças. Então, vamos lá: os leitores mais fanáticos vão estranhar logo no início uma mudança fundamental: na série, a trama é contada linearmente, o que acaba parecendo uma boa escolha. A dupla de diretores Laura Mora e Alex García López acertou no ritmo da história ao fazer essa opção.

Além disso, Laura e Alex criaram uma Macondo - a cidade fundada pelos Buendía, onde a história se passa - que reproduz muito bem o universo criado por García Márquez, com todo o toque onírico e fantástico que a obra sugere. Há também algo de sombrio e, às vezes, sangrento, como uma briga de galo ou a caça a um javali, além de um assassinato logo no primeiro episódio, que desencadeia toda a história.

A escolha por um narrador também ajuda a manter fidelidade ao romance, principalmente porque, nesse caso, as frases do livro estão ali na íntegra, exatamente como Gabo as escreveu. Nos diálogos, há mais liberdade para as roteiristas Natalia Santa e Camila Brugés. “A série precisava capturar as emoções que o livro desperta, sem esquecer que estamos lidando com uma linguagem diferente. O desafio foi equilibrar a fidelidade à obra original com a criação de uma experiência visual impactante”, disse Camila quando esteve na Festa Literária de Paraty, a Flip.

Ter um elenco latino também foi essencial para dar mais veracidade a Macondo. Basta lembrarmos o fracasso que foi O Amor nos Tempos do Cólera, outro clássico de García Márquez, que foi para os cinemas em inglês.