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'A Bahia é um lugar onde eu crio sem precisar pedir licença', afirma cineasta Ségio Machado

Responsável por Cidade Baixa e Árca de Noé, diretor será homenageado com mostra documental no XX Panorama Internacional Coisa de Cinema

  • Foto do(a) author(a) Luiza Gonçalves
  • Luiza Gonçalves

Publicado em 14 de março de 2025 às 16:27

Sérgio Machado diretor
Sérgio Machado diretor Crédito: Reprodução/Instagram

O cineasta baiano Sérgio Machado destaca-se entre os talentos da cena nacional. Seja com produções que marcaram os anos 2000, como Cidade Baixa (2005), ou entre os realizadores que renovam a safra em um novo respiro do audiovisual brasileiro. Recentemente, Machado explorou o universo infantil com A Arca de Noé (2024). Além disso, prepara-se para a estreia da série Maria e o Cangaço, no dia 4 de abril, no Disney+, e já planeja três documentários.

O segredo da criatividade, diz, ainda está na Bahia, mesmo residindo fora há mais de 20 anos. A próxima passagem por Salvador será no XX Panorama Internacional Coisa de Cinema, que terá uma mostra dedicada à sua produção documental. A seleção inclui A Bahia Me Fez Assim (2024), 3 Obás de Xangô (2024), Onde a Terra Acaba (2002) e A Luta do Século (2016).

A Bahia é muito presente em suas obras e nos documentários que estarão no Panorama. Qual o lugar ela ocupa na sua atuação?

A Bahia é um lugar onde eu crio sem precisar pedir licença. O lugar onde eu nasci, onde estão minhas raízes. É natural para mim criar, escrever coisas relacionadas à Bahia. A gênese dos projetos é sempre diferente, tem coisas que vêm de convites, outras partem de mim. A Luta do Século, por exemplo, é uma história que vi acontecer. Quando era adolescente, acompanhei a rivalidade de Todo Duro e o Holyfield, e procurei os produtores e eles se animaram de fazer. Já o 3 Obás de Xangô foi um convite do Diogo Dal para fazer uma história sobre Jorge Amado, Caymmi e Carybé e aí adaptei para um lugar que me interessava, que é o candomblé. Eu tive a infância muito ligada ao candomblé e foi uma oportunidade de me reencontrar, me reaproximar desse legado. Então, os projetos vão e vêm, cada um de um jeito diferente, mas a Bahia sempre está presente É engraçado, né? Porque agora eu já estou metade da vida na Bahia e metade da vida fora, mas me sinto muito baiano.

Você será homenageado do Panorama deste ano. O que achou desta celebração?

Eu fiquei feliz e preocupado. Falei: ‘Nossa, quando começa esse negócio de homenagem, quer dizer que você está ficando velho’ [risos]. Mas, fiquei feliz, né? É uma chance de mostrar os filmes, de revê-los. É um festival que acompanho há muitos anos, vários desses filmes foram lançados também no Panorama.

Você se vê mais inclinado para a ficção ou para o documental?

Talvez, me sinta mais um diretor de ficção, mas gosto de transitar nas duas coisas. Acho que para mim essas fronteiras não são tão claras assim, porque nas minhas ficções absorvo muita coisa documental, o que está acontecendo na hora, às vezes, utilização de não atores. Tento fazer uma ficção que flerta com documentário. E alguns dos meus documentários flertam muito com a ficção, têm um desejo de construir uma dramaturgia. contar bem uma história. Então, faço uma ficção documentalizada e um documentário ficcionalizado.

Você estreou recentemente no universo infantil com A Arca de Noé. Como foi esse processo?

Foi uma experiência realmente nova. Foi um convite do Walter Salles, pois ele sempre me via muito cercado de crianças e dizia que tinha que fazer um filme infantil. Foi algo realmente muito fora da curva, nunca tinha imaginado, nem cogitado fazer um filme infantil, muito menos uma animação. O filme ficou parado muitos anos, nesse limbo que passou o cinema brasileiro. Mas foi uma experiência muito rica, um mundo novo. Tenho muito mais clareza sobre como atingir um público adulto do que atingir crianças, né? Criança é complexo. Mas, o filme foi bem, vendeu para o mundo inteiro.

E esse ano você também chega ao streaming com a série Maria e o Cangaço.

Maria e o Cangaço é um trabalho do qual me orgulho muito. A gente montou uma equipe dos sonhos para contar essa história que sempre me fascinou, a história de Lampião e Maria Bonita, que é baiana. Foi incrível, a gente reuniu mais de 50 atores nordestinos e eu fiquei muito feliz com o resultado. Série não é a mesma coisa que cinema, mas eu tive bastante liberdade.

Com a vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar e esses investimentos dos streamings, como você enxerga a realidade do cinema nacional neste momento?

A gente está melhor, claro, porque antes estávamos convivendo com inimigos da cultura. Agora, estamos num momento em que tivemos que reconstruir a terra arrasada dos anos Bolsonaro. Claro que teve esse marco incrível, que foi a vitória de Ainda Estou Aqui, mas está faltando decolar, para nos próximos anos mantermos esse lugar bacana conquistado.

E você já está investindo em novos projetos para 2025?

Tenho em vista uma biografia do Chico Mendes. Tenho pensado, no cenário de Bahia, na história da fotógrafa Arlete Soares e na viagem que ela fez para Índia na década de 70 e também estou muito interessado na história do editor Anísio Teixeira, que foi assassinado na ditadura.