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Laura Fernades
Publicado em 9 de janeiro de 2021 às 06:59
- Atualizado há 2 anos
Turambey Macedo, arquiteto, 35 anos Ansiedade, dificuldade de concentração e vontade de voltar para casa. Quando Otto nasceu, o arquiteto Turambey Macedo tirou cinco dias de licença-paternidade e voltou à ativa quando sua esposa ainda se recuperava do parto. Até que a pandemia mudou tudo na vida do casal e do bebê, hoje com 10 meses.
Com a possibilidade do home office, a licença de Bey, como é conhecido pelos amigos, “aumentou” para quatro meses. Foram três trabalhando em casa e mais um de férias com a família. Quando Otto sentou pela primeira vez, Bey estava lá. A primeira troca de fralda? Também foi co,m o pai, que deu banho todos os dias.
“Foi uma experiência maravilhosa, queria viver sempre. Nesse período vi Otto engatinhar, sentar, sorrir, interagir com Tom (o cachorro)”, comemora. Mas não há só flores, afinal tiveram que dispensar qualquer ajuda durante na quarentena.
Filho, cachorro, faxina... A maratona foi vivida intensamente por ele e a advogada Tylara Jansen. “Foi um período bem difícil, mas tudo compensava, porque sabia que se não fosse isso eu estaria no escritório trabalhando 15 horas ansioso para chegar em casa”, confessa. Seria tudo mais difícil, não fosse o fato de que ele e a mulher dividiram 100% as atividades. “Só não amamentei”, sorri.
Nesse período, o arquiteto se fez vários questionamentos. “Como Tylara ia fazer isso tudo sozinha? Não tem como! Eu não estaria em casa e seria muito mais cansativo para ela. Como é possível cinco dias de licença-paternidade, só?”, indaga. “É muito pouco em relação a tudo: sobrecarregar a mãe, deixar de vivenciar esses primeiros meses...”, reflete.
Sem a pandemia, acredita Bey, “seria mais prazeroso e menos cansativo”. Mas não reclama, afinal o próprio arquiteto teve um pai ausente e está feliz com a oportunidade que teve com Otto. “Meu filho jamais vai viver o que vivi. Vou estar presente na vida dele o tempo todo”, garante.
Quando volta do trabalho, Bey já nota que o filho o reconhece e fica feliz. Para ele, é um ótimo momento para fazer estudos sobre os benefícios da presença prolongada do pai. “Essa é uma oportunidade que poucos tiveram e poucos vão ter. Foi uma experiência louca, boa, exaustiva, mas no final valeu a pena”, agradece. Quando vê os amigos sem trocar fralda, ou dar banho, Bey lamenta:. “O que a gente pode fazer é servir de exemplo”.
Licença para criar: pais acompanham seus bebês de perto na quarentena
Tylara Jansen, advogada, 27 anos Quando se viu sozinha na pandemia com o filho recém- nascido, a advogada Tylara Jansen ficou sem chão. “Chorei muito, porque queria o apoio de minha mãe, mas não podia. E não ia ter meu marido”, desabafa. Mas uma semana depois sua aflição teve fim: seu marido entrou em home office.
O que eram só cinco dias viraram quatro meses de apoio mútuo. “Acompanhamos o dia a dia dos primeiros meses de Otto. Todos no apartamento, surtando e curtindo juntos”, ri Tylara, sobre o desafio de criar um bebê na quarentena. “Nós, mães, sabemos que tem um lado muito ruim da pandemia, mas em algum ponto somos agraciadas”, afirma.
Tylara, por exemplo, não tinha férias vencidas, mas conseguiu antecipar os 30 dias por causa da Medida Provisória (MP) 927/2020 lançada durante a pandemia. Com isso, ficou mais tempo em casa com o pequeno Otto, hoje com 10 meses. Em seguida, voltou a trabalhar em home office e conseguiu mais um mês perto do filho. Só quando ele fez seis meses de amamentação exclusiva, ela voltou a trabalhar na rua.
Até lá, acompanhou o passo a passo do filho ao lado do marido. “Bey mostrava várias coisas no colo: ‘Vamos ver o mundão, filho!’. Era muito bonito ver ele dar banho todos os dias. Foi uma sensação de cumplicidade, sabe? O que não tive na primeira semana de Otto, porque ele estava traba- lhando. Ver o quanto ele podia contribuir me fortaleceu muito”, comemora Tylara.
Muitos aprendizados ficam dessa experiência, em sua opinião. A união familiar é um deles e a possibilidade de uma paternidade mais participativa. “Bey me lembrava do remédio de Otto, do banho, da vacina... Tudo o que eu via mais sobrecarregado nas costas de minha mãe, via sendo dividido em casa entre nós dois”, compara.
Filha de um pai agressivo com a mãe, Tylara comemora a cumplicidade construída com Bey: “Era muito bom ter ele em casa. A licença-paternidade é muito curta. A mulher nem se recuperou fisicamente e já não pode contar com o marido”..
Tylara lamenta que “ainda tem muito homem que faz da mulher dona de casa, babá, mãe, tudo”. Por isso, entende que ser mãe de menino é uma missão. “Nós, mães, somos também muito responsáveis por perpe- tuar a ideia de masculinidade tóxica. Espero contribuir positivamente para o mundo, deixando uma pessoinha mais humana e feliz”, sorri. Durante a gravidez de seu primeiro filho, a cantora Luedji Luna gravou seu segundo disco (Divulgação) Luedji Luna, cantora, 33 anos Ser mãe foi uma decisão, então a cantora Luedji Luna correu para viabilizar seu segundo disco durante a gestação. “Fiz e aconteci com o menino dentro da barriga até que a pandemia se instaurou”, lembra a artista. Como a natureza do seu trabalho é diferente da carteira assinada, se organizou para se dedicar 100% ao disco no primeiro semestre e 100% ao filho, no segundo.
O lançamento, porém, precisou ser adiado. Resultado: Luedji pariu dois filhos ao mesmo tempo, como a própria define. Dayo, hoje com 5 meses, viu a mãe voltar a trabalhar com cerca de 2 meses e meio. Mas, por conta da pandemia, a cantora fez todas as ações de casa, ao lado do marido e do fi- lho, que amamenta por livre demanda.
“Sinto que a pandemia foi um presente para o Dayo, no sentido de que, como os trabalhos que a gente faz são remotos – live, entrevista etc. –, pude viver essa maternidade em tempo integral”, comemora a cantora. Luedji conta que chegou a chorar só de pensar na volta à rotina de hotel em hotel. Mas sofreu por antecipação, já que a pandemia adiou a saída de casa.
Um dos principais ganhos disso tudo, em sua opinião, é o fortalecimento do casal. “A pandemia forçou os casais a estarem juntos não só fisicamente, mas juntos no dilema, na crise, nas pequenas decisões: seja o que a gente vai comer hoje ou como a gente vai ter nosso filho. É como se a gente tivesse vivido cinco anos nessa qua- rentena e isso nos deixou mais alinhados enquanto casal, enquanto pais”, agradece.
A pandemia, portanto, acaba sendo um convite para as pessoas repensarem o papel dos pais, acredita a artista. “Me faz dar muito valor às mães solteiras, também. Às vezes, Júlio [Zudzilla] vai no mercado e o bicho pega aqui, imagine. Máximo respeito às mães solteiras. Boa parte das mulheres pretas vive essa maternidade so- zinha”, lamenta. O rapper Zudzilla conseguiu ficar mais tempo em casa com o filho, Dayo (Foto: Divulgação) Zudzilla, rapper Estava tudo organizado: quando seu filho nascesse, o rapper Zudizilla passaria mais tempo em casa para dar suporte à mulher, Luedji Luna. Como ela tinha uma rotina de shows mais intensa, Zudzilla decidiu que dedicaria mais tempo ao filho, Dayo, 5 meses. O que ele não contava é que pai e mãe fossem ficar juntos em casa, afinal a pandemia adiou todas as atividades ao vivo.
No lugar da correria hotel-show-hotel, veio a tranquilidade para os dois enfrentarem juntos o turbilhão que é ter um filho. “Já tínhamos conversado que eu ia ter que ficar um pouco mais em casa pra dar esse suporte. Não tenho uma agenda tão lotada quanto Luedji, então seria tranquilo ser esse parceiro”, conta.
Apesar do susto, a pandemia não atrapalhou os planos e o pai se manteve confiante em fazer diferente do que viveu quando pequeno. Mais novo de três filhos, o rapper foi criado por uma mãe solteira que tinha quatro empregos, “com esporádicos aparecimentos de um pai”. “Muito das violências e preconceitos instituídos para meu pai acabaria em mim”, reflete.
“A partir do exemplo que é a minha mãe, já tinha em mente que estava aqui para consertar uma relação histórica. Estou em constante aprendizado, construindo uma nova forma de ser pai preto”, vibra. “É um privilégio passar por isso com esse nível de consciência e tempo. Muitos dos pais pretos, apesar da vontade, não podem estar perto por causa do trabalho”, reconhece.
Um déficit na criação pode, em sua opinião, “futuramente criar um indivíduo nocivo para a sociedade”. Por isso aproveita cada segundo e participa de todas as demandas de Dayo. Só não pode amamentar e nem parir. De resto, abraça o que vier. “Quando um pai não se coloca no momento de colocar fralda, por exemplo, o próprio papel fica questionável. Paternidade é isso, sabe? A gente tem 9 meses para se preparar”, resume. Roberto e Bárbara tiveram um casal de gêmeos, José e Maria Teresa (Foto: Acervo Pessoal) Roberto Campello Júnior, 31 anos, empresário Pai do casal de gêmeos José e Maria Teresa, de 8 meses, o empresário Roberto Campello afirma que o home office passa “uma falsa percepção que, por estar em casa, há ‘menos trabalho’”. “Ele só aumenta, e o tempo livre some pela dificuldade de dissociar trabalho e descanso”, defende Roberto, que virou pai no início da pandemia.
Como seus filhos nasceram no final de março, a licença-paternidade que teria informalmente acabou sendo ampliada. “Porém, como temos o nosso próprio negócio, tivemos que conciliar paternidade e trabalho”, pontua Roberto, que ficou em casa dois meses. Após o período, se viu obrigado a voltar a trabalharna pizzaria da família.
Mesmo sem ter tido tanto tempo quanto outros pais, o empresário comemora os meses em que esteve próximo dos filhos. A rotina foi intensa, com muitas madrugadas mal dormidas e trocas de fralda, mas Roberto agradece a oportunidade: “Estar presente nesse momento é maravilhoso pela conexão que se cria entre pais e filhos”.
“O convívio com as crianças foi muito importante, pois houve redução de trabalho externa. Ainda que estivéssemos trabalhando de casa, ganhamos a oportunidade de acompanhar de perto o dia a dia delas”, continua. Hoje, duas profissionais auxiliam o casal durante o dia, mas à noite são eles que dão conta. “Quando todos ajudam de forma proativa, diminui muito a sobrecarga no outro”, garante.
Barbara Martins, 31 anos, empresária Barbara Martins deu à luz a um casal de gêmeos no início da pandemia. No hospital, por questões de segurança, não foi permitida a presença de mais ninguém além do pai e da mãe dos bebês. O desafio dobrou de tamanho quando a família foi para casa. Mas, por conta do isolamento social, a empresária ficou pela primeira vez na vida exclusivamente em home office.
“Nos primeiros quatro meses não saí para nada, exceto para o pediatra. Até o mercado foi feito por delivery. Quanto menor a criança, mais imaturo o sistema respiratório, não quis arriscar”, justifica Barbara que, apesar da tristeza do momento, vibra com as pequenas conquistas. “Certamente não teria tido a oportunidade de me dedicar 100% aos meus pequenos”, diz.
Dar banho, trocar fralda e passar as madrugadas em claro virou a rotina dos pais de José e Maria Teresa, hoje com 8 meses. “Eu e ele fazemos tudo isso. As pessoas costumam dizer que tem pai que ‘ajuda’, porém ao meu ver o pai tem o mesmo ‘dever’ que a mãe. Por aqui ele chega junto na hora de cuidar das crianças. Faz tudo o que eu faço, exceto lavar e passar roupas”, compara Barbara, sorrindo. Livia e Alan tiveram o pequeno Artur perto de começar a pandemia (Foto: Acervo pessoal) Livia Suzarte, 38 anos, publicitária e designer de interiores Artur nasceu em 12 de fevereiro de 2020, com 8 meses de gestação. Ou seja, um mês antes da pandemia fechar tudo. “Foi uma sorte, porque tivemos um mês de tranquilidade”, conta a publicitária e designer de interiores Livia Suzarte. Sua mãe, que estava passando o resguardo com ela, teve que estender a estadia, enquanto o marido precisou fechar o comércio para o público externo.
“Isso permitiu que ele estivesse bem presente nos quatro primeiros meses de Artur”, pontua a publicitária. O home office virou uma realidade para Livia, que reduziu sua jornada em 80%. “O mínimo possível para continuar cuidando da mesma forma e não ficar completamente parada”, justifica. Artur também ganhou mais com a presença do pai.
“Creio que a pandemia uniu ainda mais os casais que estão passando pela maternidade e paternidade. O vínculo com os filhos, associado à valorização da família, com certeza será um divisor de águas”, acredita. “É cansativo e triste o fato de tantos amigos e parentes ainda não conhecerem Artur. Estão perdendo fases lindas, mas a vida vem em primeiro lugar. Em breve estaremos celebrando”.
Alan Nascimento Boaventura, empresário, 33 anos Depois do susto inicial que o fez fechar a empresa de decoração que mantém com sua mulher, Alan Boaventura ficou com mais tempo livre em casa durante a pandemia e pôde acompanhar o crescimento de seu filho Artur, hoje com 10 meses. “Eu pude estar mais próximo dele e dar um suporte à minha esposa nessa jornada”, diz, orgulhoso.
Aos poucos o comércio foi reabrindo e Alan voltou a trabalhar de forma presencial no negócio da família, mas o contato inicial intenso com Artur deixou algumas lições. Além da importância de compartilhar melhor as tarefas de casa com sua mulher, o empresário ficou ainda mais certo de que queria aproveitar o máximo de tempo perto do filho.
“A pandemia me mostrou o quanto é importante e se faz necessário a dedicação de tempo e cuidado ao meu filho”, acredita Alan, que trabalha de dia e dá um suporte maior à noite em demandas de Artur, como troca de fralda e alimentação. “Muitas vezes nos vemos presos ao trabalho ou a outros afazeres do dia que negligenciamos o quanto é importante aproveitar cada fase de seu crescimento, pois serão momentos únicos”, justifica. Olivia e Alex Hubbe são pais da pequena Cora, 3 meses, e Lara, 5 anos (Foto: Lorena Vinturini/DIvulgação) Alex Hubbe, 39 anos, biólogo, professor Cuidar de criança, brincar com a mais velha, cuidar da mais nova, fazer faxina na casa, trabalhar... “É um desafio”, resume o biólogo e professor Alex Hubbe, pai de Lara, 5 anos, e Cora, 3 meses. Na primeira experiência como pai, tinha acabado de se mudar para Salvador com a mu- lher e, por causa do emprego novo, passou os cinco dias de licença-paternidade em casa, mas logo precisou se dedicar à profissão.
Contexto bem diferente do que está vivendo hoje. Em home office, Alex está trabalhando mais em casa ao lado das pequenas e da mulher, a também bióloga Olivia Hubbe. Ao contrário do que diz a maioria dos pais entrevistados, porém, ele não vê muita diferença da primeira gestação. Sempre houve uma flexibilidade de horário no trabalho e a pandemia não mudou essa realidade.
Na verdade, o trabalho aumentou. “Não dá pra chamar isso de licença-paternidade e maternidade, né? Você não para de fazer trabalhos normais para cuidar da criança. O que acontece é que você faz tudo de casa”, defende Alex.
O biólogo acredita que esse contato maior em casa pode ser bom e ruim. O desafio maior, em sua opinião, é gerenciar o tempo para ter equilíbrio. “Tem uma demanda básica a ser atendida das crianças. A mais nova exige bastante tempo de colo, mas a mais velha exige atenção de brincadeira ativa. O desafio é manter tudo harmônico”, reforça.
Olivia Hubbe, 39 anos, bióloga, professora Quando teve a primeira filha, Lara, 5 anos, a bióloga e professora Olivia Hubbe viu o clima piorar dentro de casa. “Rolaram uns estresses bem grandes no primeiro ano dela. Vários fights”, conta, com bom humor. O que hoje é motivo de riso, na época abalou o casamento com o também biólogo Alex Hubbe, que passou a ser mais demandado por conta dos cuidados com a filha e a casa.
“Ao longo desses cinco anos, essas demandas foram sendo entendidas pelo Alex de forma que agora, com a Cora, a coisa é bem mais tranquila. Eu não preciso deixar claro o que ele tem que fazer, a gente tem nossas divisões de tarefas. Todo dia ele passa pano na casa, põe roupa pra lavar, passeia com os bichos, cuida das crianças, troca fralda, dá banho... Faz tudo”, enumera Olivia.
Nas duas gravidezes, o casal que é de São Paulo e mora em Salvador, não contou com a tradicional rede de apoio da família. Agora, na pandemia, o suporte foi ainda menor. “Por um lado, Alex está mais presente, por outro a gente tem menos auxílio. Mas só dele não ter que ir dar aula, consegue ajudar muito mais agora com a Cora do que esteve presente com a Lara”, comemora Olivia, que teve Cora em casa.
A presença não é só com as filhas, mas com a própria mulher. “Eu estava enjoando bastante até o sexto mês. Então, depois do almoço dava para descansar, e Alex estava ali quase sempre pra fazer uma aguinha com limão. Na segunda gravidez, porque na primeira ele estava batendo perna por aí prestando concurso”, compara.
Apesar dos avanços, Olivia acredita que ainda há muito a melhorar na divisão de papéis entre homens e mulheres. “Tem um monte de pai largando os filhos nas costas da mãe, mesmo os dois estando em casa. Vejo minhas amigas sem conseguir trabalhar e os maridos trancados no escritório trabalhando, muitas vezes”, desabafa. “Tá ruim pra mulherada”, conclui.
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Valquiria Araujo Santana, 27 anos, contadora; e Sammuel Pinheiro Santana, 29, vigilante
Valquiria descobriu que estava grávida no início da pandemia, em janeiro do ano passado. Trabalhou só até março, quando foi afastada para trabalhar em home office. Então, desde a gestação está em casa. Annalu nasceu em agosto e ela só voltou à rotina profissional em janeiro de 2021, depois de emendar quatro meses de licença-maternidade e um de férias.
"Foi gratificante passar a gestação em casa, porque foi uma gestação tranquila, sem o corre-corre do trabalho na rua. Aqui eu conseguia ajustar meus horários aos sintomas, porque a gestação também é cansativa, e estar presente nos primeiros meses de Annalu, a cada descoberta, a cada sorriso. Querendo ou não, a pandemia nos trouxe isso, ficar todo mundo em casa", conta Valquiria.
Desde o primeiro dia de vida, Sammuel está com ela, fizeram curso juntos. "Ele sabe trocar, dar um banho, acalmar, colocar pra dormir até melhor que eu. Nas madrugadas, ele troca e eu amamento pra não ficar sobrecarregado pra ninguém. As atividades aqui são bem tranquilas, os dois sabem fazer tudo. Não tem isso de 'ah, você que é mãe, você sabe fazer'. Não, aqui são os dois que fazem mesmo", diz a contadora, orgulhosa.
Passar esse tempo em casal, para Sammuel, foi importante para o casal. "A gente passou a dividir bastante a vida. Estar junto, estar perto um do outro, fez com que fortalecesse ainda mais nosso relacionamento. Principalmente compartilhando o primeiro filho juntos. Foi muito bom", aprova.
Sammuel conta que sua experiência foi noba. “As dificuldades vieram, mas a recompensa foi gratificante: pude participar dos momentos da minha filha”, comemora o vigilante. “A pandemia veio para mostrar que são os momentos simples que nos fazem felizes, e aprender a observar mais e viver a família”, completa.