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Ronaldo Jacobina
Publicado em 16 de janeiro de 2021 às 11:00
- Atualizado há 2 anos
Após 13 meses sem comando - e uma tentativa frustrada de emplacar um diretor em fevereiro de 2020 -, o MAM-BA tem novo gestor. O cineasta Paulo Roberto Vieira Ribeiro, conhecido como Pola Ribeiro, é quem assume o leme do mais importante espaço da arte contemporânea em território baiano. (Divulgação) MAM reúne um dos mais importantes acervos do país O nome de Pola já circulava, desde o começo da semana, nos bastidores das artes visuais. A confirmação da escolha do governador Rui Costa, no entanto, só veio com a nomeação publicada na edição de sexta-feira do Diário Oficial do Estado da Bahia."Pelo menos é da área de arte, pode ser que faça uma boa gestão", Paulo Darzé, marchandO cineasta baiano diz que recebeu o convite há alguns dias e que, depois de refletir muito - e de receber a sinalização de representantes do governo estadual de que contaria com recursos mínimos para administrar o complexo artístico -, decidiu aceitar.
“Sou apaixonado por aquele lugar e estou muito entusiasmado em ajudar a expor sua capacidade. Depois de conversas com pessoas ligadas ao governo que abriram espaço para caminharmos juntos, aceitei o desafio”, disse.
As pessoas ligadas ao governo seriam o diretor do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (IPAC), João Carlos Oliveira, e o deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia, a quem a área de Cultura está politicamente ligada. (Divulgação) O Museu de Arte Moderna tem assinatura da arquiteta Lina Bo Bardi Sobre a falta de autonomia financeira e de gestão, motivo apontado pelos diretores anteriores como motivo para deixarem o cargo, o novo diretor do MAM diz que sabe das dificuldades de recursos, mas que reconhece que o IPAC é o órgão ao qual os museus estão ligados. “O IPAC é quem paga as despesas fixas como a manutenção e a folha de pagamento, por exemplo, e isso já lhe dá um certo alívio, o resto a gente vai atrás”.
Cauteloso e sem fazer promessas, Pola fez a primeira reunião com a equipe, e com a turma do IPAC, na tarde de ontem. “Não entro com essa de que vou fazer e acontecer, mas sim com a vontade, a disposição de buscar alternativas para viabilizar projetos importantes para o espaço, inclusive através de conexões com artistas, galeristas e outros parceiros que consigam contribuir para a realização de ações”.
O novo diretor diz que entra no museu carregando muita disposição, entusiasmo e sua experiência em gestão pública. “Estamos tão amassados na área de cultura que essa é a hora de revertermos esse quadro e fazermos as coisas acontecerem”, diz.
Repercussão
A confirmação do nome de Pola Ribeiro para ocupar o cargo de diretor do MAM foi recebida com cautela pela classe artística. Embora muitos artistas visuais não conheçam o novo gestor, a maioria não considera este um problema. "Os museus vêm sendo tratados de forma irresponsável e impiedosa", Christian Cravo, fotógrafo“Não conheço ele, mas pelo menos é da área de arte, pode ser que faça uma boa gestão, vai depender muito de seus assessores e de verba, porque sem verba não se faz nada”, diz Paulo Darzé, um dos mais respeitados marchands da Bahia e parceiro do MAM em diversas exposições realizadas por lá.
O fotógrafo e artista visual Christian Cravo acha que o problema do MAM não é o diretor, mas a forma como este e outros museus vêm sendo tratados. “Os museus vêm sendo tratados de forma irresponsável e impiedosa, sem a natureza jurídica própria de cada instituição e a dependência do IPAC. Com este quadro, nenhum gestor vai ter condições de tirar os museus da situação em que se encontram”, afirma.
Investir em tecnologia é a sugestão do artista visual Pico Garcez, que já mostrou sua obra no museu do Solar do Unhão. “Espero que o novo diretor, que é da área de audiovisual, traga tecnologia ao museu e abra espaço a novos artistas e às novas formas de arte contemporânea”, defende.
Apostar na tecnologia está entre as metas de Pola Ribeiro. “Tenho uma boa relação com a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia e, com certeza, a tecnologia é um dos recursos que quero investir para fazer ecoar a voz do MAM para o mundo, como deve ser”, promete. "Espero que o novo diretor traga tecnologia ao museu e abra espaço a novos artistas e às novas formas de arte contemporânea”, Pico Garcez, artista visualQuestionado sobre a possibilidade de que uma carreira quase toda voltada para o audiovisual tenha facilitado sua indicação para o MAM em função da ida do acervo de Glauber Rocha para o museu, conforme anunciado pelo governador Rui Costa, no ano passado, Pola disse que acompanha a história do referido acervo desde os tempos em que esteve na Secretaria de Audiovisual.
“Sempre defendi que o material físico deveria ficar a cargo do Tempo Glauber, espaço que fechou há alguns anos no Rio de Janeiro, mas que seria muito importante criar uma plataforma digital com documentos, filmes e outros materiais, que considero riquíssimos para a memória do cinema nacional. Mas ainda não estou a par do que está sendo disponibilizado para o MAM”.
Perfil
Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Pola Ribeiro atuou como cineasta dirigindo os filmes A Lenda do Pai Inácio (1987) e Jardim das Folhas Sagradas (2007). Como gestor público atuou como diretor do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb), no período de 2007 a 2014, e como secretário de Audiovisual do Ministério da Cultura, na gestão do ministro Juca Ferreira, entre 2015 e 2016.