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Elis Freire
Publicado em 7 de abril de 2025 às 20:56
O receio de alguns ao fazer uma tatuagem é envelhecer e desbotar o desenho, mas para Epifânia Maria de Jesus Mendes, conhecida como Vovó Pifa, o importante é fazer o que se tem vontade. Baiana nascida no dia 7 de abril de 1917, no município de Correntina, a idosa celebra seus 108 anos de vida nesta segunda-feira (7) e um feito: ser a mulher mais velha do mundo a fazer uma tatuagem.
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A baiana, que se mudou com o marido e dois filhos para Goiânia no ano de sua fundação, em 1935, é testemunha viva de boa parte da história do Brasil. As marcas na pele refletem a presente vivacidade e cor que marcaram a sua trajetória. Ao longo dos anos, além das muitas histórias para contar, Pifa é mãe de 14 filhos, avó de 39 netos, bisavó de 44 bisnetos e tataravó de 10 tataranetos.>
Uma delas é a seguinte: ter ido da Bahia até Goiásde jegue, em uma jornada de 728,2 km. Ainda assim, vovó Pifa, que atualmente mora em Sobradinho 2, região administrativa do Distrito Federal, é lembrada por uma trajetória dedicada à família e uma paixão incondicional pela vida. “Hoje, eu só sou alegre. Eu já lutei muito. Lavava, passava, cozinhava, cuidava dos filhos”, relatou em entrevista ao Correio Braziliense.>
No Guiness Book pelo seu feito, Epifânia fez 4 tatuagens após os 90 anos de idade: aos 90, 98, 101 e 104 anos, se tornando uma sensação mundial. Segundo ela, a decisão de fazer a tatuagem foi uma maneira de celebrar a vida, de afirmar sua independência e sua vontade de continuar experimentando novas coisas, independente da idade.>
“Eu sempre quis fazer tatuagens, mas na minha época não podia, era visto como algo feio. Meus netos me ajudaram a realizar esse sonho”, contou ao jornal.>
Após perder 9 filhos ao longo dos anos, Dona Epifânia está sob os cuidados da filha mais nova, Eunice Mendes, de 72 anos, que mantem a mesma devoção e carinho que a mãe sempre demonstrou. “Cuidar da minha mãe é um privilégio. São poucos os que podem envelhecer ao lado dos pais. É uma satisfação muito grande. Eu amo cuidar da minha mãe. Eu cuido com excelência, por mais que esteja ficando cada vez mais difícil”, conta Eunice, que enfrenta desafios ligados à saúde da mãe.>
Os sinais da idade começaram a aparecer. Vovó Pifa apresenta traços de demência, o que afeta sua capacidade mental, a memória e o comportamento. Apesar disso, seu espírito permanece leve. “Eu sou a Pifa que não pifa”, brincou na conversa com o Correio Braziliense.>
“Ela está cada vez mais difícil de cuidar, mas é uma honra ter minha mãe ao meu lado”, revela Eunice, sobre a mãe, que acredita que a sua longevidade é explicada pela alegria de viver. “Eu saía de manhã e voltava de noite. Eu dançava forró, eu cantava. Eu era muito querida por toda a galera”, lembra com saudade.>