Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Wladmir Pinheiro
Publicado em 8 de fevereiro de 2025 às 11:10
As dores crônicas fazem parte do cotidiano de 36,9% dos brasileiros com mais de 50 anos, sendo mais frequentes entre mulheres, pessoas com diagnóstico para artrite, dor nas costas e na coluna e com histórico de quedas e hospitalizações, entre outras condições. É o que aponta a última edição do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos (ELSI-Brasil), financiado pelo Ministério da Saúde.>
De acordo com os ortopedistas David Sadigursky e Thiago Alvim, sócios da Clínica Omane e pesquisadores na área de terapia celular, as dores articulares crônicas podem vir associadas a outros sintomas e afetar outras funções do corpo além do aparelho locomotor, o que demanda uma abordagem integrada da saúde.>
“Quando o intestino não funciona adequadamente, ele pode liberar substâncias inflamatórias na corrente sanguínea, o que resulta em dor e desconforto nas articulações. Essas substâncias, conhecidas como citocinas inflamatórias, podem alcançar as articulações e intensificar os sintomas da dor”, explicam os ortopedistas. >
O intestino, muitas vezes chamado de 'segundo cérebro', é responsável por funções que vão muito além da digestão. “Quando a microbiota intestinal está desequilibrada, o corpo pode reagir de maneira exagerada, levando a inflamações crônicas que afetam não apenas o sistema digestivo, mas também as articulações e outros tecidos”, afirma Thiago.>
Segundo o médico, os alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares refinados, gorduras saturadas e aditivos químicos são um dos principais responsáveis por esses desequilíbrios intestinais. >
“O consumo excessivo desses alimentos pode prejudicar a integridade da parede intestinal, conhecida como barreira intestinal, tornando-a mais permeável, comprometendo a absorção dos nutrientes e permitindo que substâncias inflamatórias se espalhem pelo corpo e agravem as dores articulares”, acrescenta.>
As pessoas que sofrem de dores articulares e apresentam problemas intestinais frequentemente apresentam sintomas como distensão abdominal, gases excessivos e alterações no trânsito intestinal, como constipação ou diarreia. “Portanto, não basta apenas tratar a dor nas articulações. É essencial tratar também o intestino para reduzir a inflamação, ou seja, avaliar de forma sistêmica a condição clínica do paciente”, explica David.>
Além disso, o especialista destaca a importância de um tratamento integrado, que leve em conta tanto a saúde das articulações quanto a do intestino. “Com os avanços da medicina, é possível adotar tratamentos mais eficazes, que não se limitam a medicamentos, mas também incluem estratégias voltadas para o cuidado da microbiota intestinal, alimentação e estilo de vida”, conclui o ortopedista.>