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Fernanda Varela
Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 15:58
O que parecia uma brincadeira feita por um argentino que usou um bloqueador de som para silenciar uma música em uma praia brasileira pode ser muito perigoso. Segundo especialistas, o aparelho pode causar interferências graves no funcionamento de marca-passos, podendo levar à morte do portador de problema cardíaco.>
“Quando isso acontece, o marca-passo pode ser desprogramado, levando a batimentos cardíacos descontrolados, com riscos como desmaios, quedas ou até emergências mais graves”, explicou o cirurgião cardiovascular Edmo Atique Gabriel em entrevista ao UOL. Segundo ele, os marca-passos, feitos de titânio e programados para emitir ondas eletromagnéticas, podem sofrer interferência direta com o uso desse aparelho.>
Além dos marca-passos, o bloqueador pode afetar o funcionamento de outros dispositivos médicos, como desfibriladores e bombas de insulina, causando danos severos aos pacientes.>
Relembre o caso:>
Um turista argentino viralizou depois de compartilhar um vídeo no qual mostra o uso de um dispositivo capaz de silenciar uma caixa de som em uma praia no Brasil.>
No vídeo, é possível ouvir uma música da cantora Ana Castela tocando em alto volume em uma caixa de som. Após o turista apertar um botão de um aparelho, o som para. O vídeo, de 12 segundos, foi postado por Roni Baldini, o criador do dispositivo, na plataforma X, antigo Twitter. Ele mencionou ter passado por Salvador e Fortaleza durante sua viagem, mas não disse onde gravou as imagens.>
O dispositivo foi desenvolvido para interferir em conexões Bluetooth entre aparelhos, interrompendo a comunicação entre eles. Segundo o Uol, Baldini explicou em um post que criou dois modelos do equipamento — um maior e outro menor — que podem bloquear conexões Bluetooth em áreas específicas. No vídeo, a interferência entre a caixa de som e o dispositivo controlador é o que provoca o silêncio do alto-falante.>
Baldini ressaltou que o dispositivo só funciona com conexões Bluetooth. Caso a caixa de som esteja conectada a um pen drive, por exemplo, o equipamento não terá efeito. Outros fatores também podem limitar seu funcionamento, como a proximidade do celular ou dispositivo controlador, que pode dificultar a interferência. O alcance do aparelho varia entre 3 a 10 metros.>
A atitude do turista gerou reações variadas na internet. Alguns usuários demonstraram interesse, perguntando onde poderiam comprar o produto. "Ótima ideia. Eu preciso de um desses para usar na vizinhança. O brasileiro acha que todos têm que ouvir sua música, sem fone de ouvido, e acaba estourando os tímpanos de todo mundo", comentou um internauta. "Um sonho", disse outro>
Outros, no entanto, não concordaram. "Adianta de nada, muitas caixinhas do lado", dizia um comentário. "Quem vai para a praia e não quer ouvir um pagodinho ou sertanejo é porque está frustrado", opinou outro. Baldini anunciou que venderá o produto no próximo mês, alertando que o uso do aparelho pode ser ilegal em alguns países.>
Vale lembrar que bloqueadores de sinais são proibidos no Brasil. A legislação permite o uso apenas em casos específicos, com autorização dos órgãos competentes, como a Anatel. De acordo com a Lei Geral de Telecomunicações (Lei nº 9.472/1997), o uso não autorizado de bloqueadores é considerado atividade clandestina, com penalidades de 2 a 4 anos de detenção.>