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Elis Freire
Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 20:12
Além do sabor, a comida traz consigo uma história. Na Bahia, as diversas influências étnicas formaram o que conhecemos como comida baiana. Para além do famoso acarajé, bolinho feito de feijão fradinho no óleo de dendê, muitas outras iguarias e combinações formam um cardápio típico no estado.
Não é possível cravar a exata origem de todos os pratos conhecidos como baianos, mas o certo é que eles já construíram uma marca em diferentes regiões da Bahia, tornando-se típicos. Do litoral ao Oeste, do recôncavo ao sul, sabores marcantes conquistam o paladar de baianos e turistas.
O jornal CORREIO separou alguns pratos tipicamente baianos:
1) Bobó de camarão
O bobó de camarão é uma relíquia da culinária baiana. Com camarões cremosos refogados no leite de coco, o prato possui alguns ingredientes de origem africana, como o azeite de dendê, e ingredientes nativos do Brasil, como o coentro e a mandioca.
O prato típico é frequentemente considerado afro-baiano, mas também traz consigo influências indígenas. A princípio, o bobó era feito com inhame. Ao longo dos anos, a raiz foi substituída pelo aipim – também conhecido como mandioca ou macaxeira. O fato é que a combinação do purê preparado com o aipim, mais camarão, coentro, dendê e leite de coco produz um resultado de muito sabor. O bobó geralmente é acompanhado por arroz branco e pirão e até uma boa farofa.
2) Tapioca de carne do sol com banana-da-terra
Banana com carne seca é uma dupla infalível e aparece em diversas receitas. Na Bahia, juntar esse casal dentro de uma tapioca, também chamada de beiju, é uma combinação muito pedida. Preparada com a fécula da mandioca, a tapioca, que é natural da Bahia e popular em outros lugares, é uma bela opção de lanche rápido para a correria do dia-a-dia.
3) Maniçoba
A maniçoba é muito conhecida, tanto na culinária nordestina, quanto na nortista brasileira, sendo considerada por muitos como paraense. Na Bahia, a região do recôncavo é conhecida por possuir o conhecimento ancestral para produzir esse prato de maneira única. Tanto é que muitos turistas se deslocam para Cachoeira, ou até Santo Amaro, para provar essa iguaria.
Há um segredo no preparo desse prato: as folhas de mandioca, ingrediente principal da receita, devem ser moídas e fervidas por toda uma semana para serem consumidas. A partir daí, são acrescentadas carnes bovina e suína, e outros ingredientes defumados e salgados.
4) Caldo de sururu
O pequeno molusco conhecido como “sururu”, muito comum nos manguezais, sai direto de suas conchas para agradar aos paladares mais exigentes dos que provaram as delícias dos pratos em Salvador e em toda Bahia. O caldinho de sururu é uma pedida indispensável como entrada dois pratos principais nos melhores restaurantes da capital baiana. A receita leva cebola, tomate, coentro, cheiro-verde e leite de coco.
O molusco é muito apreciado na Bahia, estando inserido na gastronomia local e em regiões de beira-mar. O sururu é um molusco utilizado como base para diversos pratos típicos, podendo também ser cozido em água e sal ou cru e incorporado no preparo de pratos como ensopados e moquecas de sururu.
5) Moqueca de camarão
A moqueca baiana é um prato muito diversificado, podendo ser feito com vários tipos de ingredientes, como peixe, camarão, polvo, lagosta, banana da terra, carne seca ou vegetariana. Prato típico do estado, a moqueca é tradicionalmente servida na panela de barro, acompanhada de arroz branco, pirão e farofa de dendê
Uma das hipóteses para seu surgimento vem da “pokeka”, preparo indígena em que os peixes, antes de serem assados nos primitivos fornos chamados de “moquém”, eram enrolados em folhas de palmeira ou bananeira. Essa técnica fazia com que a carne cozinhasse no seu próprio suco, sem acréscimo de água ou outro líquido.
Os portugueses chegaram ao Brasil e trouxeram sua tradição culinária dos cozidos com legumes. Com o tempo, os peixes tropicais foram inseridos na elaboração desses pratos, criando a base para nossa querida iguaria. Mas dizem que a moqueca só virou moqueca mesmo quando os africanos escravizados acrescentaram ao prato o azeite de dendê, dando origem à chamada moqueca baiana.