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Osmar Marrom Martins
Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 16:10
A empresária Fábia Tafarel, 50 anos, prima do goleiro Taffarel, campeão mundial pela Seleção Brasileira, em 1994, foi uma das mulheres mais badaladas de sua geração, tendo sido capa da revista Playboy e até apresentadora de programas na TV. No auge do sucesso, a gaúcha descobriu um tumor no cérebro que a fez interromper uma brilhante trajetória. Casada com Sergynho, vocalista da Pimenta N´Ativa, que retorna ao Carnaval nos 40 anos da Axé Music, Fabia enfrentou muitas dificuldades. De repente, 18 anos atrás, ela lembra quando viu tudo ruir à sua frente. >
Mesmo com todas as dificuldades, Fábia virou o jogo, tendo sempre ao lado o marido. Hoje, ela comanda uma clínica de estética e continua cuidando da carreira de Sergynho, que está de volta ao Carnaval de Salvador. Em conversa com o CORREIO, Fábia, que atualmente mora em Natal, Rio Grande do Norte, falou como foi enfrentar a doença, a superação com o tratamento e sobre as desconfianças de seu casamento.>
“Eu acho que o maior medo que eu tinha na minha vida, e que a minha cirurgia me proporcionou, era perder o medo de amar.” >
CORREIO - Nos anos de 1990 você estava no auge como capa da revista Playboy e ainda tinha o fato de ser prima do goleiro Taffarel, que foi campeão do mundo em 1994 pela Seleção Brasileira. Foi nessa época que você conheceu Sergynho, então fazendo sucesso na Pimenta N´Ativa? >
FÁBIA TAFAREL - Eu fui capa da revista Playboy em 1993, daí começaram a surgir mais trabalhos ainda. Em 1994, eu apresentei um programa na Rede Globo do Rio Grande do Norte, que era a TV Cabo G, que hoje é a InterTV. E foi assim que começou a ser preparado nossos caminhos, porque eu conheci Sergynho depois de seis anos. Eu fiz a Playboy em 1993, e o conheci em 1999, onde? No Rio Grande do Norte. Assim, Deus traz os caminhos. Ele faz de uma forma que a gente jamais pode imaginar. E foi daí que surgiu esse romance tão lindo. Deus preparou o anjo da minha vida. >
CORREIO - Quando vocês assumiram o romance como foi a reação de seus fãs e dos fãs deles? >
FÁBIA TAFAREL - Com os meus fãs eu nunca percebi problemas porque a gente não tinha um contato pessoal. Com os de Serginho eram mais pessoais, a gente encontrava, era uma coisa de se ver muito por causa dos shows, e elas acabaram se aproximando muito de mim, assim, me acolhendo mesmo. Algumas fãs, no começo, podem ter sentido mais ciúmes, porque eu já ouvi muito isso, porque é normal de fã. Às vezes elas confundem sobre o artista, sobre o relacionamento, mas graças a Deus nunca tive problema. Sempre foi muito gostoso, uma relação muito boa que muitas se tornaram nossas amigas e com as famílias, maridos, filhos, até hoje é muito bom isso. >
CORREIO - Durante o relacionamento, Sergynho enfrentou alguns problemas e você sempre esteve do lado dele. Você recebeu críticas porque muita gente não acreditava nesse amor? >
FÁBIA TAFAREL - Nunca chegaram a mim essas críticas. Eu ficava ouvindo boatos, mas nunca ninguém teve coragem de falar para mim mesmo. 'Olha, eu acho que não vai dar certo, eu acho que é um relacionamento, né, vazio, frio, que vai terminar', mas graças a Deus não chegou em mim. Só que sofri, porque eu levei muito tempo para construir minha carreira, a minha imagem em São Paulo, no Rio, que era o meio onde eu mais trabalhava, né, em programas e trabalhos nacionais. Então você constrói uma carreira, uma imagem para que as pessoas te respeitem, mesmo sendo da Playboy, eu sempre tive esse respeito do público, das pessoas, dos empresários, das produtoras que trabalhavam comigo, e de repente você chegar num lugar que a gente conhece e julgar, né, sobre quem é, o que vai ser, como vai ser. É difícil, mas sempre tive tranquilidade e deixei o tempo mostrar tudo que poderia acontecer, e estamos aí há 25 anos. Muito bem, graças a Deus. >
CORREIO - Passada essa fase, você teve um problema no cérebro, e Sergynho abriu mão de tudo para cuidar de você. Qual foi a sensação de ter que enfrentar uma realidade dura que deixou algumas sequelas, depois de ser uma das mulheres mais admiradas por sua beleza e objeto do desejo dos homens? >
FÁBIA TAFAREL - Eu tive um cavernoma (lesão cerebral) no lobo temporal direito e, graças a Deus, com a retirada toda desse tumorzinho, né? Teve essa sequela, a hemiparesia (fraqueza muscular que afeta um lado do corpo) a falta da visão do lado esquerdo dos dois olhos. Eu falo que eu sempre tive escolhas na vida e, graças a Deus, eu escolhi as melhores. Eu sempre quis me casar, eu falo que eu sou do interior. Até na própria Playboy, está escrito isso, que meu sonho era casar. Então, quando eu conheci meu marido, por mais que eu lutei contra esse amor dentro de mim, por medo de sofrer, de ser mais uma pessoa que ia me fazer sofrer, ia me trair, ia me enganar, eu consegui, pelo amor dele, que era tanto amor, tanto respeito que ele tinha, ele conseguiu me conquistar e me convencer a enfrentar esse amor com ele, sabe? >
CORREIO - Além de ser capa da Playboy, você atuou em programas de TV entre outras coisas. Como foi enfrentar uma outra realidade tendo que recomeçar tudo do zero? >
FÁBIA TAFAREL - A gente foi casar, e eu fui convidada para apresentar um programa na Band Nacional com o Marcos Mion, que era aquele programa que o [Luciano] Huck tinha feito na Band. Não lembro agora o nome e eu falei não. Eu sempre quis casar por mais que eu ainda tivesse muito medo desse relacionamento, de que era tão bom para ser verdade que ele acabasse, eu queria encarar e viver essa que foi a melhor fase da minha vida, quando eu conheci Sergynho. E não aceitei o convite, na semana do meu casamento, que era pra ter um programa diário, mas Sergynho fazia show de quinta a domingo. Então falei: 'como que eu vou cuidar de meu marido, da casa dele, da comidinha dele, da roupa dele?'. Eu queria cuidar dele e resolvi escolhi meu marido. Então escolhi casar. Quando operei, que fiquei prostrada, realmente sem mexer, sem movimento, sem nada, eu escolhi viver e ser feliz com o que eu tinha. Na época, quando eu operei, eu fiquei sem movimento, eu não me mexia mesmo. Eu fiquei na cama, de cadeira de roda. Depois, usei fralda. Então, assim, foi bem difícil, eu só usava cadeira higiênica para o banho, para ir à toalete. >
CORREIO - Você considera que saiu fortalecida depois dessa história? >
FÁBIA TAFAREL - Deus sempre foi me fortalecendo. Eu falo que eu fui uma escolhida. Eu não escolhi, eu fui escolhida, sabe, para enfrentar e para ver mesmo essa situação difícil da melhor maneira. Que eu podia, e é assim que ficou mais fácil, porque senão acho que teria sido muito, muito, muito difícil e meu marido também não teria aguentado, porque ninguém aguenta viver com uma pessoa reclamando, que só reclama, que nada está bom. E na cama, né, porque ele não ia ter força para me levantar. Mas Deus honrou, e eis-me aqui. >
CORREIO - Hoje você tem uma vida ativa como empresária do ramo de estética, além de cuidar da carreira de Sergynho. Que lição você tirou de tudo isso? >
FÁBIA TAFAREL - Eu acho que o maior medo que eu tinha na minha vida e que minha cirurgia, me proporcionou, foi perder o medo de amar, porque eu sofri muito por amor mesmo, né? Porque como eu disse, eu sempre quis casar, então para mim sempre o meu sofrimento maior era esse, o amor. Aquele medo de encarar e sofrer, e assim, pelas pessoas, o julgamento, o que pensavam, o que achavam, mas hoje para mim é muito fácil. Eu amo você independente se você me ama ou não. É uma coisa muito bem resolvida na minha vida, e eu acho que o amor que eu tenho é o que me faz feliz, é o que me faz levantar todos os dias, é o amor independente de quem ama, eu acho que isso mudou muito dentro de mim, me deixou muito mais forte, muito mais confiante, e é assim que eu vivo. >
CORREIO - Que conselho você daria a quem passar por uma situação igual a sua? >
FÁBIA TAFAREL - Acreditar que Deus pode todas as regras, e que a gente não deve se entregar, dar sempre o primeiro passo. Porque se a gente der o primeiro passo, ninguém vai poder dar por nós. Então eu acho que o mais importante é isso, que a gente siga e não se frustre. Continuar é difícil, são muitas dores, dores musculares, dores físicas mesmo. Mas só depende da gente, então vamos em frente. E que a gente consiga ter coragem, ter fé, foco e resiliência. São 18 anos, falo que muitas vezes é muito difícil fazer uma fotografia. Alguns dias, ou algumas semanas, é fácil. Mas são 18 anos de luta todos os dias. Eu sei que não posso conquistar coisas que muitas pessoas que tiveram outros problemas conseguem. Pela retirada desse tumor da minha cabeça. Mas eu estou ali querendo uma qualidade de vida melhor, nunca desistindo, nunca deixando de cuidar, de correr atrás e de fazer. Isso acho que é o mais importante, é persistir sempre, fé, coragem, foco sempre.>
CORREIO - Fábia Tafarel hoje é uma mulher melhor do que no auge da beleza e do sucesso? >
FÁBIA TAFAREL - Muito mais confiante, muito mais forte mesmo, muito mais feliz, porque Deus me visitou na UTI. Ele falou que eu não mexia meu braço, eu não mexia minha perna, mas que eu ia ser muito mais feliz ainda. E realmente, verdadeiramente, hoje eu sou muito mais feliz porque perdi o medo de amar, porque encaro tudo assim, vamos em frente, vai dar certo mesmo. E essa positividade, essa força, que eu falo que não vem de mim, não, que foi a graça que Deus me deu mesmo, porque é difícil, não é fácil, mas graças a Deus que estou aí, no caminho. >