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Da Redação
Publicado em 25 de dezembro de 2020 às 17:17
- Atualizado há 2 anos
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) lamentaram, neste domingo (25), o assassinato da juíza do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, 45 anos. Ela foi morta a facadas na noite dessa quinta-feira (24), véspera de Natal, no Rio de Janeiro. >
O autor do crime é o ex-marido, Paulo José Arronenzi, 52, que foi preso por guardas municipais. As filhas do casal, uma de 9 anos e as gêmeas de 7 anos, presenciaram a cena.>
“O gravíssimo assassinato da Juíza Viviane Arronemzi mostra que o feminicídio é endêmico no país: não conhece limites de idade, cor ou classe econômica. O combate a essa forma bárbara de criminalidade quotidiana contra as mulheres deve ser prioritário”, afirmou o ministro Gilmar Mendes, em seu Twitter.>
Em nota institucional, o STF e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também lamentaram o feminicídio.>
“Lamentamos mais essa morte e a de tantas outras mulheres que se tornam vítimas da violência doméstica, do ódio exacerbado e da desconsideração da vida humana. A morte da juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, no último dia 24 de dezembro de 2020, demonstra o quão premente é o debate do tema e a adoção de ações conjuntas e articuladas para o êxito na mudança desse doloroso enredo. Pela magistrada Viviane Vieira do Amaral Arronenzi. Por suas filhas. Pelas mulheres e meninas do Brasil", diz trecho da nota.>
Fux lembrou que há um grupo de trabalho no CNJ criado para enfrentar a violência doméstica. Também comentou que "tal forma brutal de violência assola mulheres de todas as faixas etárias, níveis e classes sociais, uma triste realidade que precisa ser enfrentada".>
"O esforço integrado entre os Poderes constituídos e a sensibilização da sociedade civil, no cumprimento das leis e da Constituição da República, com atenção aos tratados internacionais ratificados pelo Brasil, são indispensáveis e urgentes para que uma nova era se inicie e a morte dessa grande juíza, mãe, filha, irmã, amiga, não ocorra em vão", complementou o presidente do STF.>
Pedido de escolta A juíza Viviane Arronenzi dispensou a escolta oferecida pelo TJ-RJ depois de dois meses. Ameaçada e agredida anteriormente por Paulo José Arronenzi, com quem esteve casada de 2009 a 2020, ela disse em novembro desse ano à comissão de segurança do TJ que não queria mais ser acompanhada pelos seguranças. Ela disse ter tomado a decisão por motivo pessoal.>
A escolta estava disponível para a juíza após um pedido dela mesma. Ela tinha como proteção dois carros com seis homens armados, todos com habilidades em artes maciais, que ficavam com ela por 24h, em revezamento.>
Nessa quinta, Paulo José foi deixar as três filhas com Viviane, uma menina de 9 anos e gêmeas de 7, no condomínio em que a juíza morava, na Barra da Tijuca. Quando ela foi pegar as garotas, ele a esfaqueou. >
Vídeo que circula em redes sociais mostra que as crianças estavam presentes – uma delas grita repetidamente pedindo para o pai parar de esfaquear a mãe. >
Viviane morreu no local. Paulo ficou ao lado do corpo e foi preso em flagrante, sendo levado para a Delegacia de Homicídios da Capital (DH). Ele não quis falar no depoimento, se mantendo em silêncio. >
Em comunicado, o TJ-RJ "lamentou profundamente a morte da juíza".>
Fim de casamento e agressões Viviane informou a Paulo José a intenção de se separar dele no último dia 14 de setembro. Amigos contaram ao jornal Extra que ela considerava que ele levaria bem a decisão.>
Depois, a juíza deu uma carona ao então marido e os dois começaram a discutir. Ela desistiu então de buscar as três filhas na casa da mãe, como combinado. No final do trajeto, Paulo empurrou Viviane do veículo.>
Na época, a Polícia Militar foi chamada e os dois foram para a 77ª Delegacia (Icaraí). Viviane contou que tinha caído no chão após o empurrão, machucando a perna direita. Ela disse que o marido tinha um "gênio explosivo", mas nunca a agredira antes. Ela disse que não queria prestar queixa contra ele nem vê-lo preso.>
Cinco horas depois, ela voltou à delegacia para dizer que Paulo foi à casa da mãe dela, jogou todas as roupas da juíza pela grade e fez ameaças. "Isso não vai ficar assim! Eu vou te matar". Ela pediu então adoção de medidas protetivas e o caso ficou registrado como lesão corporal e ameaça.>