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Elis Freire
Publicado em 15 de fevereiro de 2025 às 08:00
Celulite e Lipedema são frequentemente confundidos, mas possuem causas, sintomas e tratamentos distintos. Enquanto o lipedema é considerado uma doença inflamatória crônica dos tecidos de gordura, a celulite pode estar presente em qualquer corpo feminino e na maioria das vezes não passa de uma questão estética. >
O CORREIO ouviu a dermatologista Tais Valverde para ajudar diferenciar as duas questões, que afetam principalmente as mulheres. >
A celulite é uma condição comum que afeta a maioria das mulheres, caracterizada pelo aspecto ondulado da pele, frequentemente descrito como “casca de laranja”. A condição ocorre devido ao acúmulo de gordura sob a pele, pressionando o tecido conjuntivo.>
“Qualquer mulher independente do peso pode ter, mas é um padrão de gordura que não é patologia”, destaca Tais Valverde. >
A escolha de tratar ou não a celulite vai de mulher para mulher, já que na maioria das vezes a questão é apenas estética, salvo o caso de inflamação da região. Ao perceber qualquer inflamação no local, deve-se procurar o médico. Mas, normalmente, o tratamento é feito para minimizar o aspecto da celulite na pele.>
“O tratamento da celulite envolve desde de radiofrequência, ondas de choques até injetáveis, bio estimulador de colágeno e até cirurgia plástica, caso a mulher escolha”, explica a dermatologista. >
O lipedema é uma doença vascular reconhecida recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Caracteriza-se pela distribuição desproporcional do tecido adiposo, principalmente nas regiões do culote, coxas e perna. Sua origem ainda não é certa para a comunidade científica, mas se sabe que a condição pode ser agravada durante períodos de mudanças hormonais, como puberdade, gestação e menopausa.>
“O lipedema tem um padrão de destruição de gordura bem característico, você percebe que é um padrão do quadril pra baixo. A depender do grau ele fica bem evidente. Nas fases iniciais celulite e lipedema podem se confundir, mas o lipedema é uma gordura patológica que vem associada a dor, hipersensibilidade ao toque e fragilidade dos vasos capilares.>
Para evitar mais inflamação da região, o tratamento pode ser conservador, primeiramente à base de dieta antiinflamatória. A drenagem linfática e meias de compressão indicadas pelo angiologista - médico especializado nos vasos sanguíneos podem ser indicadas com a evolução do quadro. Monitorizar a questão hormonal durante todo o tratamento é essencial.>
Em casos mais graves, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica. “Como é uma gordura que não responde muito bem à perda de peso, ela pode ter que ser tirada mecanicamente por meio de lipoaspiração. Mas é uma lipoaspiração voltada para o lipedema, uma técnica própria”, destaca. >
No caso do lipedema, é importante ter uma equipe multidisciplinar para acompanhar o caso, com dermatologista, angiologista, nutricionista e se for o caso, o cirurgião plástico. >
Segundo a especialista, o lipedema não tem cura, mas pode ser administrado para equilibrar a condição e dar qualidade de vida. “Não tem cura, como é doença depende basicamente de questões hereditárias. É uma condição genética sua que você não controla. Porém, retirando a gordura com a cirurgia, ela não volta”, afirma Valverde. >