Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Fernanda Varela
Publicado em 1 de janeiro de 2025 às 12:44
Ter uma garrafinha de água é excelente para facilitar a vida de quem quer se manter sempre hidratado, mas também pode ser bastante nojento – além de perigoso. Um estudo realizado pela WaterFilterGuru, empresa especializada em controle de qualidade da água nos Estados Unidos, calculou que uma única garrafa reutilizável pode carregar cerca de 20,8 milhões de Unidades de Formação de Colônias (UFCs), que é uma medida utilizada para indicar o número de micróbios viáveis, capazes de formar uma colônia, em uma determinada superfície.
O mais chocante é que o mesmo estudo foi feito com a superfície do assento de privadas, que apresentaram uma média de 515 UFCs – ou seja, com 40 mil vezes menos bactérias que a garrafinha de água.
Isso quer dizer que é para abandonar as garrafas? Não, mas é fundamental saber como mantê-las. Não é porque o objeto só transporta água que ele é limpo ou não precisa ser lavado todos os dias.
"Muita gente acredita que, como só vai água ali dentro, basta enxaguar na torneira, antes de encher, que a garrafinha já fica limpa", disse o médico Rodrigo Lins, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, em entrevista à BBC.
O estudo do WaterFilterGuru também detectou que 42% dos participantes dizem lavar a garrafa pelo menos uma vez ao dia, 25% "poucas vezes por semana", enquanto 13% fazem a lavagem "poucas vezes por mês".
Mas qual o perigo de usar uma garrafa suja? E como mantê-la sempre limpa? O infectologista explica que, caso as garrafas não sejam bem lavadas, podem acumular vários micro-organismos, como bactérias e fungos, que podem fazer mal à saúde.
Quando encostamos a boca na garrafa, micróbios que colonizam pele, lábios, gengiva, dentes e língua — como os Staphylococcus e os Streptococcus — migram para a garrafa e passam a se multiplicar nesse novo ambiente.
O mesmo corre quando usamos as mãos para pegar o recipiente ou manusear a tampa. Além disso, pode haver bactérias nas bolsas e nas mochilas onde a garrafa é transportada, nos armários onde são mantidas, na mesa de trabalho, etc.
Caso a garrafa não seja lavada corretamente, esses micróbios se multiplicam rapidamente, podendo pular de 75 mil/ml para 2 milhões/ml em apenas 24 horas, por exemplo.
No caso das garrafas plásticas ou de alumínio, o ambiente úmido, com boa temperatura e escuro também facilita a proliferação de fungos.
"Nós precisamos levar em conta que temos dez vezes mais bactérias do que células no nosso corpo", explica Lins, que também é presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro.
"A depender da quantidade e dos tipos de micro-organismos ingeridos, nosso sistema imunológico dá conta dessa demanda sem maiores problemas", complementa ele.
Em alguns casos, o dono da garrafa suja pode apresentar alguns sintomas gastrointestinais mais leves, como enjoos e vômitos. Além disso, em casos menos comuns, pode ter infecções graves ou difíceis de tratar com os antibióticos comuns. Os fungos também podem causar reações caso a pessoa seja alérgica, com o aparecimento de congestão nasal, náusea, dor de cabeça, fadiga, entre outros.
Crianças pequenas, idosos ou indivíduos com algum comprometimento do sistema imunológico precisam ter cuidado dobrado.
Mas não precisa de desespero. O ideal mesmo é lavar a garrafa a cada uso, mas, caso isso não seja possível, basta lavar a garrafa uma vez ao dia, dizem especialistas.
A limpeza ideal deve ser feita com água e sabão, da mesma forma como se lava o restante da louça. Tudo isso com uma ajuda de uma escova ou bucha. Depois, é só deixar secar e encher a garrafa novamente.
Outra dica preciosa é não compartilhar a garrafa com outras pessoas e evitar usar a garrafa de água para outros líquidos, como sucos, isotônicos e refrigerantes, pois eles carregam nutrientes que podem "turbinar" as colônias de micróbios.
Ah, também é fundamental evitar garrafas arranhadas ou com áreas ásperas, para evitar acúmulo de bactérias nesses pequenos espaços.