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Fernanda Varela
Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 11:29
O jovem paulistano Álex Solarios, de 21 anos, tem viralizado nas redes sociais. Estudante de odontologia e adepto do candomblé, ele grava vídeos em locais públicos fazendo uma sátira e chamando atenção para o quão problemática é a intolerância religiosa - além de ser crime.>
A ideia de Álex é simples. Ele pega frases ditas rotineiramente por seguidores de outras religiões, como "Jesus está voltando" e "Jesus te ama", e substitui o nome o nome de Jesus por "Exu", um dos orixás mais demonizados de maneira ignorante por não-adeptos da religião. O objetivo é justamente fazer um experimento social. Além de mostrar para católicos, evangélicos, testemunhas de Jeová e todos os adeptos de demais religiões que habitualmente espalham suas crenças que isso pode ser invasivo, ele grava a reação das pessoas, para mostrar como as religiões de matriz africana ainda sofrem preconceito no Brasil.>
"O objetivo desde o início foi mostrar a liberdade de expressão e chamar atenção referente à reação das pessoas ao receber um bilhete escrito “'Exu te ama', deixando bem claro a intolerância religiosa em nosso país", explica.>
"Escolhi Exu por ser um dos orixás mais demonizados e, por conta disso, quis mostrar que nossa religião e Exu são amor e caminho", completa. Exu é o orixá da comunicação, da abertura de caminhos e dono da rua.>
Nas redes sociais e nas ruas, Álex já foi xingado e vaiado, mas também encontra muito apoio. "Isso é reparação histórica!", comentou um seguidor. "Não sou da religião, mas ele está certo, só os evangélicos acham que podem tudo", disse outro.>
Intolerância religiosa é crime>
Em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou mais severas as penas para crimes de intolerância religiosa e sancionou uma lei que equipara o crime de injúria racial ao crime de racismo, e que também protege a liberdade religiosa. A lei, agora, prevê pena de 2 a 5 anos para quem obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas. A pena será aumentada a metade se o crime for cometido por duas ou mais pessoas, além de pagamento de multa. Antes, a lei previa pena de 1 a 3 anos de reclusão.
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